sexta-feira, 21 de novembro de 2014 | Filed in:
Bolinha de sabão,
vovó!
Olha! É gordinha,
é brilhante, vovó!
Água de sabão
é colorida,
né, vovó?
Colorida
de arco-íris!
Olha como eu sopro!!!!!
Uma fica grande
outra, pequeninha...
Escapa de mim, vovó!
Ah! Vem cá,
bolinha de sabão!
Vem aqui
na minha mão!
Vou encostar
meu dedinho,
te estourar rapidinho!
sábado, 15 de novembro de 2014 | Filed in:
Todo dia uma flor e um abraço, na hora do quintal. Uma
flor vermelhinha que ele tira do jardim da escola para presentear as suas
profes, uma delas, eu. Entrega a flor, aninha-se brevemente no colo da gente e
sai correndo, porque brincar é urgente. Eu me surpreendo e por vezes penso “desse jeito, daqui a pouco, não haverá mais flores no jardim”... mas que nada! Hoje mesmo olhei e vi uma profusão de flores
vermelhinhas! Como se elas se multiplicassem todos os dias, cúmplices do afeto
do menino pela escola e por nós!
Nesta quinta, foi diferente. Ele
não saiu correndo. Ficou por ali, ao meu lado e de repente disse: - “estou
preparando uma coisa para você não ficar com muita saudade de mim, no ano que
vem, quando não estarei aqui para lhe dar uma flor todos os dias!... depois disto, sim, saiu correndo; deixando-me
curiosa. Mais tarde, entregou-me um papel. E nele, o presente: a flor
gramática! Flor raríssima e só minha! Ninguém tem!
Sou depositária dela e desde aquele momento, estou pensando onde guardar, pois
na caixinha dos guardados de profe, pode sufocar entre bilhetinhos, fotos,
desenhos que ali estão, dias inteiros em movimento, há anos, atualizando
lembranças, todas belas, especiais. Uma flor precisa de cuidados diferentes,
ainda mais esta, única...
“MAISA, LHE DOU ESTA FLOR
GRAMÁTICA! CADA PÉTALA TEM UMA CLASSE ENSINADA POR
VOCÊ. VEJA SE CONSEGUE LEMBRAR O DESENHO...
PARECE DE UM DO LIVRO.
ESPERO QUE GOSTE DESSA
POESIA E DESSE DESENHO SÓ PARA VOCÊ! I LOVE YOU!
COM MUITO
AMOR E CRIATIVIDADE...”
(quando registra: ”parece de um do livro”, faz referência
a uma ilustração que fez no livro de poesia que sua turma escreveu)
Esta flor
gramática me presenteia com dois significantes: o da flor, com todo o
seu conteúdo literal e metafórico, construído e cultivado durante anos,
na escola e, o de ser uma flor gramática! O afeto perpassando tudo,
envolvendo o conhecimento, que fica, assim vivido, promovido, valorado,
destacado, poetizado... como deve ser!
Assim é o afeto, na vida da gente! Vai
costurando nossas partes, nossos pedacinhos, as coisas do cotidiano, tão
diferentes e inusitadas e tornando a vida este inteiro maravilhoso! Se hoje
ainda estivesse faltando alguma coisa; se ainda tivesse alguma dúvida sobre o
caminho escolhido; a certeza de que foi tudo certo (incluindo desafios,
limitações e impotências) e de que tudo valeu a pena, se materializaria! Como
já tenho esta certeza há muito tempo, esta flor especialíssima, neste momento -
em que vou deixando espaço para os profes mais jovens, saindo,
devagarinho (a cada ano, um pouquinho, para acostumar) deste contexto
fantástico que é a escola - chega até mim e é acolhida como uma reafirmação da
importância de tudo isto que acreditei e amei neste meu fazer pelas “escolas
ninhos” onde pousei, nesta vida! O olhar encantado, curioso, inteligente e
afetuoso de um menino me devolve em palavras, o que meu coração sempre soube:
tudo pode ser transformado em flor e poesia com afeto, com amor; até mesmo a
gramática! E vou viajando na ideia... flor tabuada, flor leitura, flor
tabela periódica, flor isto e mais aquilo... de repente lembrando de Olavo
Bilac que chamou, nos seus versos, a língua portuguesa de “última flor do Lácio”...
Diz um mestre, muito querido para mim,
chamado Samael: “... “O amor em si mesmo é uma força cósmica, universal que
palpita em cada átomo e em cada sol... contemplemos o cintilar dos
mundos no firmamento estrelado... comungam entre si com seu cintilar luminoso.
As ondas de luz, as radiações são o suspiro do amor. Há amor nas estrelas e na
rosa que lança seu perfume delicioso”...
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