sexta-feira, 30 de junho de 2017 | Filed in:
De manhãzinha,
a gata e a galinha
no repetido
e repetitivo
encontro matinal,
partilham sonhos...
Os noturnos
e os de quintal.
Apaixonada pelos encontros! Por estes "toques" que acontecem entre um e
outro ser, em todos os cantos e cantinhos deste “universão”... mesmo quando encontros desencontrados!
Gosto de observar e de vivê-los. Lamento o limite de tempo, de palavras e
de talento para atualizá-los e traduzí-los.
Brigite e Lina. Duas sobreviventes. Duas
guerreiras! Brigite, a galinha, sobreviveu a inúmeros e violentos ataques
noturnos dos gambás, coisa que suas irmãs, infelizmente não lograram. Lina, a
gata, sobreviveu ao abandono e a uma noite aterrorizante, quando ficou
encurralada, por cachorros e outros bichos, num cano estreito de PVC, na rua. Quando
conseguimos retirá-la de lá, achamos que tivesse enlouquecido, tamanha
agressividade e pavor diante de qualquer tentativa de aproximação. Meses se
passaram até que ela saísse de dentro de uma caixa, onde a colocamos para
cuidar e amparar; até que confiasse no espaço, em nós e o afeto pudesse ser
instaurado e os sonhos, sonhados!!!
Minha
decifradora de sonhos preferida, Maria Margot, segredou-me que tanto a gata,
quanto a galinha, têm sonhos!!! - "Têm sim, vovó!" O da galinha Brigite, é entrar dentro de casa. O
da gatinha Lina, é ter um filhote. Depois que soube disto, passei a observar com
maior atenção a galinha e a gata. Se a decifradora estiver certa, Brigite tem
grandes chances de realizar o seu, brevemente. A Lina nunca poderá gerar um
filhote; foi castrada. No entanto, do jeito que as pessoas descartam animais
nesta região onde moramos, é provável que um dia destes ela escolha adotar um
dos tantos filhotinhos por aí largados.
Acompanho
que nos seus encontros, as duas não competem, nem com lamúrias e nem com feitos.
Elas partilham espaço, relaxamento, olhares e um silêncio tranquilo,
respeitoso. Um silêncio de subentendidos, sintonias e singularidades. Não
competem, partilham! O afeto instaurado assim; cresce, fortalece!!!! Encontro é
assim! A gente se reconhece e se encontra no outro, em algum significante. Isto
é tudo. Numa fração de segundo, no encontro, sabemos se podemos contar com o
outro. Muitas vezes, saber disto, é só o que precisamos.
Sim! Encontro é assim! Esta coisa boa de estar
junto; onde, como e do jeito que for ou puder ser! Pode ter estardalhaço, riso, brincadeira,
altos papos, confidências... Mas parece que quando a gente sutiliza um pouco; com silêncio preenchido, com outras
escutas e outras formas de expressão; o olhar, o afeto, a palavra e o respeito
aprofundam e a alegria resultante disto é mais consistente.
quarta-feira, 21 de junho de 2017 | Filed in:
Na areia,
traços,
passos
e pesos...
a onda vem
e apaga!
O que estava ali
deixa de existir.
Simples assim!
Nos dias,
ondas também vêm
e sempre levam algo.
Mas deixam marcas.
O que estava ali,
não vai embora
tão de repente...
Duro assim!
Quem viveu
é que sabe
a intensidade,
a importância do momento
que um momento seguinte
levou...
levou...
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Nublado,
intervalo entre a chuva e o sol.
Silêncio nas ruas
tudo devagar...
Vazios nas calçadas,
praia, ruas, bares, lojas.
Todos em cortejo nostálgico,
olhos baixos, passo apertado.
É
tempo dos pombos nas ruas
e das gaivotas na praia.
Atravessam as calçadas,
xereteiam as areias
à vontade,
sem temor.
Audaciosos no seu tranquinho...
sexta-feira, 16 de junho de 2017 | Filed in:
Rodopia,
Maria!
Tua saia,
teu sorriso
tua graça!
Rodopia
esta alegria
do movimento
da leveza
do encanto.
Rodopia!
Que nosso riso escapa,
a gente vira criança
e o sonho acorda,
vem brincar;
o corpo balança,
o coração
palpita!
Rodopia,
Maria!
Ah! Um rodopio
e lá se vai a tristeza!
Outro, e lá
vai a desesperança!
Rodopia,
Maria!
Cada rodopio
deixa a vida
e lá se vai a tristeza!
Outro, e lá
vai a desesperança!
Rodopia,
Maria!
Cada rodopio
deixa a vida
mais bonita!
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A cada
respiração
o mar enche a praia
de sussurros,
palavras,
sons que cabem,
exatos,
no meu instante,
como uma luva!
Eu visto
e está tudo certo.
Redondo. Presente.
Sem pretérito
e sem futuro.
Ah...
sábado, 10 de junho de 2017 | Filed in:
De vez em quando
eles pousam
em nossa janela
e então nos curiosamos,
sem medo.
Conversa na janela,
conversa pouca,
enquanto asas se recompõem,
sobre horizontes de dentro
e horizontes de fora;
sobre o preço alto dos voos,
e a comodidade da rotina,
tão mais em conta.
Cada visita
um convite.
Hoje eu disse:
- Ficando um pouco mais leve,
para não dar trabalho,
vou junto, passarinho!
E comecei uma dieta;
priorizando doçuras.
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