quinta-feira, 26 de julho de 2018 | Filed in:
- “Vovó! Tem umas coisas tristes, mas eu acho que Deus deixou a vida bem
arrumada”!
- É?
E que tipo de coisas você acha que Deus deixou bem arrumadas?
- “Ah... coisas... tipo... as poesias! As
continhas de mais e de menos! As brincadeiras! As comidas!
As coisas da natureza...”
Penso
que por estes tempos, ninguém mais se atreve subestimar as crianças, seu olhar,
suas percepções, suas hipóteses e reflexões. Uma escuta atenta e a convivência
com elas surpreende, sensibiliza, humaniza e nos presenteia com a oportunidade
de rever, reorganizar, alegrar e
ressignificar a vida!
quarta-feira, 25 de julho de 2018 | Filed in:
Eu observava a dupla. A conversa fluía. Assunto
nunca falta na interação da pequena com os dindos. Num momento, enveredou para
ofícios, profissões e o dindo perguntou:
- O que
você acha que eu sou?
A
pequena, sem pestanejar, no ato:
- Acho
que você é um “fazerista”, dindo!
Claro!
Nada mais apropriado para este dindo que se encontra mais próximo, fisicamente, sempre fazendo coisas inusitadas,
especialmente para ela! A lógica infantil é maravilhosa!
Amei o
vocábulo! Corri para anotar. Estas coisas lindas a gente não pode esquecer,
perder! É bonito demais! E sério, importante.
Depois
do riso, dos comentários, do encantamento, da ternura e da palavra anotada,
ficou a reflexão...
Com exceções e por falta de cuidado, o cotidiano tende tornar-se repetitivo, massificante,
azedo e áspero. E nós nos fixarmos nisto
que mais aparece, que salta aos olhos: muita cópia, muita receita, muita
falação, muita pressa, muita pressa... modelos e metas; generalização e
banalização. Solidão. Doença. Superficialidade. Comodidade. Olhar desencantado,
sem brilho; coração sem compaixão e sem escuta. Mau humor, má educação, falta
de caráter, oportunismo.
Mas, por
outro lado, quando há resistência à masssificação, ao assujeitamento e encontramos
com os intervalos para respirar, olhar e escutar; deleitar com as
“fantasticidades” ao redor; a natureza e suas criaturas (e entre elas, nós e
nossos talentos; nossa alma criança!) nos reconhecemos! Nos reordenamos!
Desconstruímos muros, resgatamos nosso riso, nosso brilho, nossa motivação,
nosso sonho; arejamos nossa casa e nossa cabeça! E promovemos encontros! E
belas construções!
Observo, sim, que antigas e novas profissões e
ofícios são exercidos nas entrelinhas, sem o aval das universidades. Assim como
outros que são necessários por estes tempos, para dar conta do que nos faz
falta! A sensibilidade e espontaneidade das crianças, a dor e a solidão dos
velhos, a esperança e a inquietude dos jovens e o desejo dos adultos implicados
com seu fazer e com a cidadania, sinalizam quais os ofícios que necessitam,
urgentemente, de extinção porque já
estão excedentes: os golpistas, "os umbiguistas", os machistas, “os marias-vão-com-as-outras”,
etc... e quais os que demandam ser oficializados
ou ressignificados. Não fiz a
pesquisa mas estou tentada, encorajada pela palavra da minha neta, a fazer,
despretenciosamente, uma busca e uma listagem dos “ofícios” maravilhosos
exercidos por aí e ainda sem quesitos, pré-requisitos, carga horária e
currículo. E, afoita como sou, abro minha lista com a sugestão da pequena:
FAZERISTA:
aquele que faz “mil coisas” úteis e divertidas.
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