Aracuãs
quero-queros
bem-te-vis
cantam por aqui
me encantam
com seu canto e,
então paro o trabalho
paro tudo!
Eles vêm a
minha janela...
me dizem que a
responsabilidade e
a preocupação
com questões externas
são apenas uma parte
do dia e da vida,
não o todo!
Há esta outra parte!
De um novo dia
que chega, alegrinho
me acenando com
tanto carinho!
Parece que te encontro ali
nas folhas que balançam
no cheiro da rosa
no ar que circula
brincando por aí...
na cantoria
da passarada
que me acorda
na madrugada...
O que de ti
de repente
está em mim
e sinto teu calor
escuto tua voz
e me vejo
nos teus olhos?
Insolúveis, as repetições. Coisas que retornam provocando surpresa, dor e algumas vezes, alegria, felicidade intensa.
Como aquele ponto, numa relação de qualquer ordem, que é difícil, não avança. Tenta-se de um jeito, ignora-se de outro; num outro momento explodimos de raiva ou nos fechamos no mutismo, na birra; alimentando mágoas e distâncias. E nada muda; nada aproxima e nada se resolve. E a vida segue. O tempo passa.
Como os fantasmas, medos, inseguranças. Voltam quando menos se espera; quando se pensa que superou, que não atingem mais; que o aprendizado se consolidou. Voltam, tiram o tapete.
Como a impotência diante da dor, da miséria, das limitações, das opções desencontradas, da vontade e da doença. Não há como evitar e elas angustiam, surpreendem e voltam a surpreender; mesmo quando se pensa que nada mais surpreenderá.
Como a música. Os sons viajam livres pelo corpo, pela mente e pelo coração e nesta inspiração, tudo parece ser possível, bonito; por vezes cheio de nostalgia. Depois passa, o real entra e coloca as coisas nos seus lugares; desmanchando fantasias, sonhos, ilusões. Mas quando a música retorna, o encantamento, a poesia também, difícil impedir. Não há como não sonhar de novo em ser feliz.
Como os questionamentos, as dúvidas, o certo, o errado. Por vezes um véu encobre, embaralha e o que parece não é. Ser bom. Para mim ou para o outro?
Como os encontros. Como a gente espera, eles não são. Quando não se espera, acontecem. Os inusitados se repetem, mas nunca se está devidamente preparado e eles arrebatam, desconcertam; jogam para o céu e para a terra com a mesma força e pelo mesmo motivo.
Como o amor. Como brinca! É uma criança. Está aqui e ali e já não está mais e ao mesmo tempo permanece... e ao mesmo tempo que centra, desconcerta; acalma e inquieta. Está sempre junto e sempre separado. E muda de opinião, ora se contenta com nada, ora quer tudo, exigente. Às vezes tão palpável, concreto, próximo; às vezes tão distante, inatingível, ideal...
Insolúveis. Belos na forma e no seu momento.
Um abraço
cheio de encanto
num espaço real de
"braços em ninho"!
que enlaçam, acolhem
do jeito certo.
Milésimos dentro dele,
uma felicidade roubada!
Dentro dele,
olhando o mundo, os
olhos brilham
de chuva
de orvalho
de sol
de alegria!
E a palavra borbulha
feito córrego cantante
contando de uma
espera acabada,
já virada em saudade.
Chuva miúda
querida
amiga!
Na janela
me chama
quer conversar
contar de mim
daqui
daí
de lá...
de ontens
guardados
quando chamou
e eu não fui.
Achava que sabia.
Não sabia.
Agora chama
e eu quero ir
mas agora, agora
não posso.
Ela lamenta,
chora, se derrama
na minha janela
e vai embora...
mas retorna
insistente como
jamais foi
urgente.
Ela quer contar
(e eu sei)
que me viu outra
sabe onde me esqueci.
Amanhece
suavemente
e com cuidado...
A natureza é gentil!
Mais do que
qualquer outra coisa
pra encher
o coração da gente
de alegria
vontade
de fazer e viver
é receber,
assim cedinho
de quem a gente ama:
- Bom dia!
Pequenos poetas
curiosos, faceiros,
agitados, ansiosos!
Pequenas poetisas
vaidosas, bonitas
falantes, amorosas!
Olhos inteligentes
expressar criativo
lendo seus versos
envergonhados
orgulhosos!
Pais jovens,
pais maduros
olhar brilhante
emoção exposta
gravada na alma
e na fotografia.
Que momento!
Assim...
extraído da rotina!
Poesia no verso
poesia no encontro
de pura e
singela alegria!
O que era?
Noite da poesia!
Dentro da terra
embaixo da floresta
que se ergue tranqüila
cheia de beleza
e manifestações diversas...
... salões belíssimos!
Adornados com
suntuosas e delicadas
estalactites
estalagmites!
Arte! Sensibilidade!
Beleza!
Construídas ao longo
dos séculos...
Com paciência
sem fim.
Com tenacidade
sem fim.
Por quem?
Inspirado em quem?
E para quem?
Que silêncio preenchido!
Que escuridão!
Que coisa!
Que abertura para
a vida, para aprender!
Mundos extraordinários
verdadeiros presentes
convivendo com a gente...
Tão pertinho e tão distante
partilhando espaço e tempo,
mas ali..escondidos, palpitando!
A um passo, a um toque
de mão estendida...
mas é preciso
ir ao encontro, descobrir!
E quando a gente descobre
acontece este encontro
de mundos diferentes
e afins... que nos
surpreende, gratifica,
enriquece e ressignifica...
Assim como quando
adentramos o
nosso interior,
também um outro mundo,
descobrindo um pouco
mais sobre o “desconhecido”
que habita dentro de nós mesmos...
E que nos surpreende e
“tira o tapete” de quando em quando
com ações e sentimentos
que não controlamos.
Assim como quando
encontramos com o outro
e algo mais acontece
além da contemplação
e da surpresa!
São encontros com algo
conhecido e próximo
bom, que nos imprimem
uma sensação “oceânica”
de pertencer,
fazer parte e estar em paz.
Sabor
saber
sonho
cor
valor
canção
poesia
melodia
profundidade
tempo
encontro
alegria
canal
expressão do sentir
compreender
todos os dias:
prazer de escrever.
Obrigada.
Há um momento
que é pleno
que é inteiro
que é intenso
único.
Onde tudo está
no seu lugar
tudo certo.
É este agora.
Aqui.
Obrigada.
É cedo, é escuro
há um burburinho
discreto, contido
cochichos ritmados,
aqui pertinho da
minha janela... o que
se passa ali fora
na mata? Que
criaturas são estas
que como eu, se
deleitam e debatem
enquanto os outros
dormem na quietude
da madrugada?
Não consigo vê-las!
Há tanto mistério
por entre folhas,
galhos e sombras...
Mas ouço, sinto a
vida palpitando
acontecendo
é real. É bom.