quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013 | Filed in:
Uma
onda de nostalgia e "benquerer" invade meu cotidiano lendo as postagens, na rede
social, de um grupo de amigos, conhecidos e contemporâneos da década de 70, da minha
cidade natal, Ijuí, no RS. Reencontros e encontros bonitos, surpreendentes! A cada postagem, reconheço e identifico uma parte da
minha história; porque estas pessoas estavam comigo naquele contexto e mesmo
sem partilhar intimidades com muitos, eu os conhecia e os eventos a que eles se
referem, vivenciamos ao mesmo tempo; com alguns, partilhando minúcias; com outros, apenas o espaço e a época... Época de nossa
adolescência e juventude. Um período rico e delicado! Renato e seus Blue Caps
chegam outra vez até mim, emocionando e enquanto dirijo até a casa de minha filha, para
passar a tarde com minha neta, sinto alternar estas duas em mim, a garota dos
anos 70 e a avó de 2013... que coisa impressionante! De repente só existe o
passado e o futuro. No passado sou eu, garota, estudante, cheia de sonhos e expectativas e no futuro sou eu também, já avó; aposentada e
tudo... algo que parecia tão, mas tão distante, pensado lá, naquela época... O
futuro chegou e nem percebi claramente! Só que o futuro agora é presente.
Do futuro mesmo, nunca se sabe, mas de alguma forma mágica e metódica, o futuro sempre
transforma-se em presente... talvez por isto, seja difícil encontrar, ficar e
viver somente o momento presente... O passado, ficando cada vez mais longe; deixa as
lembranças cada vez mais fortes, impregnadas de melodias e emoções, que,
quando são atualizadas, como agora, pelos comentários, fotos e alusões, nas
postagens, remexem-se, suspiram e vibram! Embora não se possa fazer nada a mais
e nem a menos, com elas. Só adoçar o presente e, por vezes, traduzir, explicar
ou nomear algo, que agora, de longe fica mais fácil; mas que na época e no
momento, não tínhamos palavras, nem compreensão, nem clareza do que era... e recordar, falar, escrever sobre isto é tão bom! Liberta e apazigua, conforta e enternece. Bonito ver, capturar de alguma
forma, o que o tempo oportunizou a cada um... e como cada um chega, agora, em
fotos e palavras, aqui; acrescido de experiências ímpares; atuando, ainda, com
vigor; mas já expectadores dos filhos e netos... assim como um dia, nos anos
70, foram os nossos pais e avós em relação a nós... É a vida! Com seus
lados, cores, tempos, formas, enredos e acessórios. Coisa linda!
sábado, 23 de fevereiro de 2013 | Filed in:
Adoro
nossa língua, o português! Mas adoro ainda mais as palavras! Vê-las escritas num papel e também escrevê-las, tantas e tantas vezes, sem cansar e de quantos
jeitos e significados desejar e alcançar. E descubro, cada vez mais, que gosto
de vê-las registradas não só em português! Já gostava de observá-las,
pronunciá-las e ouví-las em espanhol e me sinto, de uns tempos para cá,
“apaixonando” vê-las em italiano! Preciso sempre de uma tradução; mas antes,
tento adivinhar o conteúdo de suas formas e isto me enche de alegria, de
prazer! Amo tanto que por vezes, capturo seu significado intuitivamente! E
minha alma "rejubila"! E este contentamento
aumenta meu amor pela língua materna, quem me abriu as portas para este
universo sem fim de rabiscos apaixonantes, cheios de significantes!
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Quem anuncia e
primeiro canta
a chegada do dia
são as cigarras e
aracuãs!
Adoro ouvir e só
então
vou abrindo os olhos
devagarinho
numa expectativa
deliciosa
como estará?
Sei quando você
está chegando
antes de entrar!
Quem anuncia e
primeiro chega
é sua energia!
E sem abrir os olhos
trêmula e ansiosa
eu borbulho
flutuo.
Como será?
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013 | Filed in:
O velho
o bebê...
pontos distantes
no trajeto
e na bagagem.
Marcando o
obrigatório
e o opcional
nesta viagem...
O começo
o fim
e o “recomeço”,
num encontro
de ternura
cuidado
e afeto.
domingo, 10 de fevereiro de 2013 | Filed in:
Maria
passou uma noite inteirinha na casa da vovó e do vovô! Pela primeira vez longe
do papai e da mamãe, neste horário. Após longos anos, o retorno... todas estas
sensações, apreensões, pequenos cuidados e deleites que nos tomam, quando temos
um bebê em casa e, à noite! Inquietudes e sobressaltos a cada suspiro e
movimento! É um alerta geral em todos os sentidos e de todos os sentidos! Nada
mais exigente do que cuidar de um outro e nada mais gratificante; quando
podemos experimentar, de fato, a cada demanda, esta sensação de sermos capazes.
E o sorriso, o abraço, olhar que brilha, a entrega e confiança que nos devolve
é algo grandioso para a alma e a vida! O bebê exige tudo. Precisa deste tudo. E
ainda um pouco mais: não basta só dar. Há o jeito de dar e o quanto dar. E toda
hora, é hora. E “tudo” quer dizer: entrega! Como parece ser com todas as coisas:
se a gente não se entrega, fica na superfície: não vive e não sente e não
aprende. Nunca vai saber.
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Muito dentro,
alienada do outro.
Muito fora,
alienada de mim.
Pelas bordas,
entre os contornos,
consigo fazer pontes
ver o arco-íris,
tocar em mim
e em ti.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013 | Filed in:
Um minuto de cada
vez,
calma!
O dia se veste,
as cigarras
comandam o som
a noite deixou um
beijo!
Os quadros da janela
são os mesmos,
a vida acordando, lá
fora,
é nova.
Este dia, nunca
vivi.
Dentro, o que existe
se desveste...
Qual a roupa do dia?
Calma!
Um minuto de cada
vez!
Acho que hoje,
melhor usar
paciência
a cor verde e uns
enfeites:
doces palavras
que vieram de longe,
tão leves... talvez.
Ou quem sabe me dispa
de tudo e me vista
de nada
só para saber como
é...
domingo, 3 de fevereiro de 2013 | Filed in:
Uma
coisa deliciosa é a expectativa diante de algo que a gente espera com ardor,
desejo intenso! O pequeno Príncipe falou com propriedade disto: “se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde
as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me
sentirei feliz”... Como será, o
que acontecerá, o que haverá? Muitos até dizem que esta parte é o melhor da
festa: a preparação, o “antes”. Depois de mais de trinta anos, ainda a
expectativa para saber o que me caberá, neste ano, na escola! Com que turmas
irei trabalhar... e o quê? Depois que
isto se define, continua a sequência de deleites! Como voltarão os alunos
depois das férias? Alguém saiu, alguém chegou? O sossego se vai... emoção e
razão vão se alternando num fervilhar de ideias... até que planos, projetos,
metas, propostas começam a ocupar espaço nas folhas e uma doce quietude vai se
instaurando... Mas a gente sabe que é por pouco tempo; que tudo isto que vai
sendo organizado, logo estará sendo revisto, transformado, ampliado, enriquecido...
num processo vivo, dinâmico e encantador! Jamais isento de tensão, inquietudes
e grandes desafios. Cheio de incógnitas e muita, muita expectativa! Um
desconhecido dentro do conhecido a todo momento! Caminhos e horizontes
abrindo-se aqui e ali, a cada encontro, cada questionamento, cada sugestão, hipótese,
possibilidade; a cada “puxada de tapete”, conflito, obstáculo; cada partilha,
(re)descoberta, construção... Cada texto um pretexto para criar outro contexto;
que por sua vez produz novo texto, que
serve de novo pretexto.... e assim sucessivamente... num turbilhão sem fim,
envolvente, atraente e extremamente exigente. Difícil não ter expectativa, na
vida, no cotidiano. Difícil não esperar, não imaginar, não desejar, mesmo
quando se procura viver o momento! Não sentir o “friozinho na barriga”, coração
palpitar... na iminência de um acontecimento especial! Sensação maravilhosa esta: de
se estar vivo! ... “Às quatro horas,
então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu
vens a qualquer momento nunca saberei a hora de preparar o coração”... Mesmo que seja uma expectativa
despretenciosa, leve, que se conserva e alimenta com amor, somente para manter, no mais íntimo do
íntimo, no âmago, na essência, um sopro, um alento, uma chama que valida e
valora a vida como ela é... e, bem mais no fundo ainda, como poderia ser! De repente, nada mais do que nossa vocação para o novo, o movimento, um pouco mais além...
sábado, 2 de fevereiro de 2013 | Filed in:
Volta
à escola. Reunião de professores. Uma alegria rever os colegas! Alguns, de
muitos anos. Outros, de um passado recente. Muitas carinhas novas,
bonitas; jovens professoras, cheias de
expectativas, que durante a apresentação disseram: “este é meu primeiro dia no
Quintal”. Eu pensei: “puxa! Estas
garotas talvez nem tenham, de idade, o que eu tenho de tempo de Quintal Mágico:
20 anos"! 2013 é o meu 20º ano no
Quintal! Muito especial, emocionante ver
estas professoras novas chegando, cheias
de vida, brilho e ideal. Sinalização de troca de aprendizados, continuidade, renovação, avanços
na educação! Estávamos ali em mais de quarenta profissionais e
lembrei que há vinte anos atrás, éramos apenas quatro... O tempo foi generoso!
Vi a escola crescer e eu cresci junto com ela tornando-me “um sujeito” melhor,
aprendendo a respeitar e amar com maior
profundidade minha profissão e o ser humano. Meus filhos, todos, tiveram, de
maneira e tempo diferenciado, mas tiveram, uma passagem pela escola e isto foi
muito bom para eles. E agora, sinto uma felicidade ímpar porque minha netinha,
de nove meses, na semana que vem, começa fazer sua adaptação no Quintal! Maria
vai para a escola! Fui professora dos meus três filhos durante seu processo de
alfabetização. Será que a vida me reserva esta alegria extra de alcançar ser
professora da minha neta? Sonho “demais de bom”!!!
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