sábado, 21 de setembro de 2013 | Filed in:
Maria Margot
Quando
o dia amanhece, vejo que tudo está absolutamente no mesmo lugar e a vida
esperando que eu a continue escrevendo de 0nde parei antes de dormir. Há um
roteiro pronto. Personagens definidos. Cenário construído. Tudo para continuar
a mesma história. Repetitivas cenas, previsíveis ou aborrecidos diálogos ou ausência deles.
Conhecidas delícias, momentos de grande clímax! Mesmos sonhos. Mesmos
fantasmas. Mesmas limitações. Um roteiro desgastado, mas que se impõe e
persevera. Porém... ah! Porém, (adorável conjunção adversativa!) é
perfeitamente possível que eu abra meus olhos, veja que tudo está absolutamente
no mesmo lugar e a vida esperando que eu a continue escrevendo de 0nde parei
antes de dormir e... posicione meu corpo de outra forma, olhe para o dia como
se fosse a primeira vez e escreva um roteiro diferente; redescobrindo a escrita
e o encanto de viver este primeiro dia!
quinta-feira, 19 de setembro de 2013 | Filed in:
Lindo momento.
Antes,
o silêncio
da espera
pulsando
descompassado
na inquietude do
riso e
dentro do livro
fechado.
De repente
o coração sai
pela boca
vestido de palavras
jorrando trôpegas,
primeiro.
Depois atentas
em si mesmas,
mostrando-se:
organizando
corpo,
ideia
tom
emoção...
Delícia brincar
com as palavras!
Livro aberto
palavras soltas
coração aliviado
platéia encantada:
silêncio... do deleite!
Mergulho nas
sutilezas.
Jogo sério
este, da poesia!
terça-feira, 3 de setembro de 2013 | Filed in:
Cantávamos
o Hino Nacional. Todos em cima do palco, porque o quintal estava úmido, chovera
na noite anterior. Interessante que todos se perfilam diante do Hino. Ele mexe!
Emociona! Perturba. Os pequeninos da Educação Infantil ficam com aqueles
olhinhos brilhantes e curiosos olhando para lá e para cá, atentos aos
movimentos dos maiores e ao som desta melodia que eles intuem, certamente, ser
algo especial, pois também ficam ali, quietinhos... meus olhos procuraram minha
netinha, mas uma professora, depois, disse que ela ficara em sala de aula,
“trabalhando”. Lamentei. Teria gostado de observá-la nesta sua primeira semana
da Pátria na escola! Mas temos a semana inteira, ainda! E os verdes estavam
mais verdes! O azul do céu, reflexivo. O “fícus” gigante, sentado no meio do
quintal, abrigava uma passarada festiva. Foi bonito demais o coro que fizeram,
entoando, conosco, o hino. Não sei se só
eu percebo isto. Toda vez que há um evento, a natureza participa; se enfeita e
interage. “Entre outras mil, és tu,
Brasil, oh! Pátria amada!” Falar da Pátria é como falar de pai e mãe. De
sentimentos desencontrados. No mínimo, polêmicos. As experiências, reflexões, interesses, percepções e conclusões, são bastante singulares. Pátria amada, uma grande mãe,
a quem os filhos demandam e disputam o tempo todo; bastante egoístas, revivendo
incansavelmente Caim e Abel. E a quem ela se entrega, doadora, amorosa. Será
que um dia, estas coisas de ciúme, inveja, arrogância, ódio, divisões e disputas entre “irmãos” terão
solução e, finalmente, um fim de paz e justiça? Dentro e fora? Entre os lobos e
os cordeiros? E os filhos desta “mãe
gentil”, também gentis? “Brava gente,
brasileira”. Amo.
domingo, 1 de setembro de 2013 | Filed in:
Setembro chegou e descubro, no meu jardim
arisco, cheiros e cores fazendo anúncio da Primavera, que vem lá adiante. Ela
nunca chega de repente. Sempre se faz anunciar, esta querida!
Hoje
encontrei com a laranjeira assim, cheinha de flores
delicadas e branquinhas; lá no alto do morro, escondida entre as bananeiras,
ameixeira e outras árvores nativas. Linda e cheirosa! Como fotógrafa (recém entrando
na pré-escola!), sei que não capturo e nem valoro toda a sua beleza, não tenho
intimidade com a máquina e nem jeito; mas com meus olhos e minha alma, sim! E tento
com as palavras!
Ato contínuo, então com
os “olhos mais abertos”, vi as orquídeas silvestres! Nossa! Não tinha percebido
que já estavam florescendo! E junto com o frio!
E então vi a quantidade de “beijinhos”, no morro e em tantos cantinhos,
estes dadivosos! E o cipó de São João, cobrindo os verdes das árvores como se fosse um véu. Um véu laranja... ou poderia ser uma cascata laranja?!!! E perto do lago, os antúrios! Majestosos! Isto despertou, em mim, um intenso sentimento de gratidão por todas estas belezas ali, como braços estendidos para um abraço, embelezando meu horizonte próximo com estes agrados singelos e silenciosos! E eu pensei: o que dou para elas, em troca de tanto? Quisera dar todos os dias, o meu olhar; espontâneo, intenso, inteiro e incondicional, como o delas.
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