segunda-feira, 18 de novembro de 2013 | Filed in:
Observo e convivo, todos os dias, com
crianças e gatinhos. Crianças e animais extraem o verdadeiro de nós. Perto deles
não conseguimos ser aquilo que não somos. São tão verdadeiros e espontâneos,
que exigem\motivam a recíproca. Por isto é tão bom tê-los sempre por perto. Nos
ajudam a refletir, observar, contemplar, amadurecer, crescer; ser melhor... se
não fugirmos deles! Triste quando os adultos não suportam a espontaneidade das
crianças, não respeitam o seu sentimento e passam a ensinar a hipocrisia, a barganha,
a dissimulação, o “tirar vantagem”... Uma sociedade que tem corruptos é porque
criou, alimentou, estimulou os corruptos. Houve quem os educasse para isto.
Ninguém nasce ou se torna do dia para a noite, um corrupto. Alguém estimulou,
deu exemplo, ajudou a forjar a alma e o pensamento daquele que rouba, engana,
mente, quer tirar vantagem de tudo; dar “um jeitinho”; escapar dos deveres, das
obrigações, das leis e sutilmente fazer com que outro faça; trabalhe por ele.
Eu vejo, de um lado com grande satisfação, a justiça acontecendo, no país, em
relação aos corruptos denunciados, presos, condenados. De outro, com pesar.
Pesar porque eu creio que não é a prisão que vai livrar o país dos corruptos.
Se eles fossem um “caso isolado”, tudo bem. Frutas podres, a gente separa e
joga fora. Melhor ainda, aproveita para fazer compostagem, adubar o solo:
transformando em coisa boa. No caso, as prisões, para onde vão os “bandidos”,
os infratores todos, são, na verdade, verdadeiras escolas de degeneração e não
de regeneração; devolvendo tudo que recebem em pior estado, sem transformação
alguma. Vejo, ouço, leio tanto sobre este assunto, todos os dias... Me preocupo
seriamente. Por vezes esqueço, deixo pra lá, dizendo a mim mesma que faço minha
parte como mãe e professora, tentando educar para uma cidadania consciente e
solidária; mas, por vezes, desanimo, perco a esperança; acho-me impotente e não
vejo saída para isto, que está “entranhado” nos sujeitos muito mais
profundamente do que a gente pensa. O
egoísmo e a corrupção estão dentro de nós, mobilizados a todo instante, por
demandas internas e externas no contato com o outro, com o mundo e com os
desafios cotidianos do mundo. Deixar-se tomar, levar; entregar-se ao egoísmo, à
corrupção é outra história. Vai depender da educação, dos princípios de cada um.
Vai depender do adulto, da sociedade que cria, orienta, ensina, educa, dá
exemplo. Dos valores. Ao que parece, o valor que aparece, que é priorizado e considerado
como valor essencial, na nossa sociedade, por uma grande maioria, é o poder e o dinheiro que ele oportuniza e com o
qual é possível comprar, consumir, acumular e se sobrepor ao outro. Por isto, a
importância das crianças e também dos animais. Pura essência e instinto, ali!
Para ser reconhecido e trabalhado! Melhor ouvir de uma criança: “chata, feia, etc...”, verdadeiro para
ela; do que de um adulto: “querida, linda...”
pura hipocrisia ou manipulação de alguém que, “nas costas”, já vai desmentindo,
falando mal, criticando e, se possível, tirando seu tapete, destruindo,
descartando quando não tiver mais utilidade. Nós somos assim: muito feios. Mas
podemos nos embelezar! Podemos reaprender com as crianças, educando as
crianças e nos reeducando. Animais também ensinam.
Estávamos passeando com minha filha e minha
neta, quando encontramos com uns amigos, na praia. Resolvemos parar ali com
eles, um pouco, para conversar. Como não estava planejada esta parada, não
tínhamos, junto, os brinquedos de praia da Maria. Claro que ela viu um menino,
no guarda-sol ao lado, cheio de brinquedinhos e foi até ele, feliz da vida, “de
olho” nos brinquedos! O menino, maior
que ela, a acolheu, abraçou e beijou; mas ficou resistente em emprestar,
dividir baldinhos, pás, etc. Eu pensei que o melhor seria sair dali, evitar o
confronto; até porque os adultos que acompanhavam o menino, pais e avós, exceto
a mãe; não esboçaram interesse e nem sorrisos para com a aproximação da Maria.
Mas resolvi investir no nosso potencial de tolerância, de aprendizado e comecei
a conversar e junto com a mãe do menino, fomos fazendo a mediação entre as
crianças. Aos poucos, o pai também começou a estimular a troca e o avô, buscar água no mar. As crianças brincaram
bonito e nós, adultos, aprendemos que com um pouco de boa vontade, podemos bem
mais do que pensamos e que não é assim
tão difícil partilhar e, que por alguns momentos, o “meu” pode ser “nosso” e
que isto pode ser tão bom e acontecer de forma respeitosa! Claro que pretendemos cuidar e não ir à praia, com a Maria,
sem os seus brinquedos, para não abusar do outro e para que a partilha
possa ser mais significativa: nem só dar, nem só receber; mas interagir e
trocar.
sexta-feira, 15 de novembro de 2013 | Filed in:
Texturas e doçuras
se escondem
na tarde luminosa,
suscetíveis ao olhar curioso
que vê,
à mãozinha sensível
que toca
descobre
e se encanta!
A cantoria do mar
espalha melancolia
e os morros
abraçam mais forte.
Edifícios estendem
sombras na praia
mas o sol,
soberano nas alturas,
segue...
rabiscando suavidades
no azul!
E a brisa vai com ele,
sussurrando frescores
e peripécias!
Maria Margot
segunda-feira, 11 de novembro de 2013 | Filed in:
Ventos, ventos!
Suaves e fortes
levam as folhas
balançam os galhos
acarinham minha
pele.
Não me trazem
novidade
mas, lembranças,
preocupações
produzindo emoção e
arrepios...
Ao mesmo tempo me
dizem
para aquietar o
coração.
Porque o que está
muito perto
um dia vai para
longe
o que está longe,
um dia volta.
Isto não tem
remédio.
E o vento curativa
o que dói no
momento.
Ele assopra,
acarinha...
cuida as feridas;
escuta e acolhe,
escuta e abraça.
Respeita. Guarda com
ele.
Limpa, faz circular,
desacomoda.
Impele olhar de
outro jeito,
ver de outras formas.
Por vezes, arrasa e
destrói.
Certas coisas,
só mesmo destruindo.
Ele sacode minha
saudade
minha preguiça.
Sacode meu medo.
E cativa para outros
ares
outros lugares.
Sem “ontens” e
amanhãs.
Tarde de primavera!
Meu mundo dentro
de tantos mundos...
Ventos! Ventos!
Me levem!
Me virem, desvirem
desfaçam e refaçam.
Dissolvam-me entre
cores e perfumes
nesta carícia
tão mais real
do que as nuvens
escuras
dentro de mim.
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