sábado, 28 de novembro de 2015 | Filed in:
de coisas doces
simples e fundas;
de quando os olhos
eram curiosos de sutilezas
e coração quase não dava
conta de tanto sonho
pra sonhar
nem de tanta esperança
pra esperar.
Ainda indago
com a mesma
emoção, apaixonada:
por que brigaram,
o cravo e a rosa
se tinham tudo de bom:
um jardim,
beleza, perfume
admiradores e
um amor sem fim?
segunda-feira, 23 de novembro de 2015 | Filed in:
“Não apresse o rio”.
Escute!
Escute seu canto
enquanto ele desliza
decidido e curioso,
desapegado de sua beleza,
por entre os contornos
da terra e das pedras...
Elas o acarinham
ou machucam,
nestes encontros?
E ele? Ele canta
ou ele chora?
Só ele sabe.
Eu não sei, de fato.
Mas eu escuto!
E acredito
que ele, sensível,
é sempre cúmplice
do que meu coração sente!
sábado, 21 de novembro de 2015 | Filed in:
Viver em cantos?
Não!
Viver encantada!
Viver encantada!
Encantada
com a água,
o verde,
o sol,
a folha que cai
cumprindo seu destino.
Viver encantada
com a vida.
Falar bem da vida!
Exaltar a vida
que está na pedra
na flor
na noite
na chuva
na essência
de cada um,
mesmo naquele
que não quer.
| Filed in:
Debatia-se,
Atordoada,
desconfortável
e cansada
entre as pedras,
a pequena folha amarela.
Finalmente
libertou-se e se foi...
deslizando,
curiosa
pelo desconhecido!
Explorou, girou
e voltou.
Mesmo lugar
mas de outro jeito,
transformada.
quarta-feira, 18 de novembro de 2015 | Filed in:
- Hoje
somos só nós duas, para o almoço, fofuchinha!
-
Almoço só de meninas, né, vovó!
-
Hãhã...
- Vó,
deixa que eu me sirvo! Já sou grande!
- Você
tem 3 anos e já é grande?
-
Claro, vó.... olha como sei pegar as ervilhas...
- Tá
bom querida! Mas a vovó vai servir o peixinho e o arroz...
- Tá
bom, vó...
Antes,
tínhamos visto o lagarto adolescente entrar no galinheiro e apavorar as
galinhas! Ela ficou com medo, mas viu que as galinhas não perderam a pose e
puseram o lagarto pra correr. Ficou contente! E antes disto, havíamos apreciado
dois botõezinhos de uma roseira abrindo-se suavemente ao redor do lago. Eram
lindos aqueles dois "filhinhos" da roseira! E bem antes disto, no início da
manhã, tínhamos curtido o sol, na calçada em frente de casa: ela na motoca e eu
empurrando o carrinho de boneca, com a boneca dentro. Depois, revezamos: eu,
empurrando a motoca e ela, o carrinho com a boneca. Eu, empurrando o carrinho e
a motoca e ela levando a boneca no colo, porque ela estava chorando, queria o
colinho da mãe, ela. Eu, empurrando o carrinho e a motoca com ela no colo, porque
descobriu um machucadinho no pé. E ela, com a boneca no colo! De onde
saíram tantos braços e mãos, de repente, no meu corpo?!!! Lembrei tanto aquela história adorável: “Suriléa-mãe-monstrinha”, da
Eva Furnari! Tudo a ver!
Agora,
éramos as duas ao redor da mesa, almoçando. Nos servimos e começamos a comer.
Percebi que ela ficou em silêncio; o que era inédito. Eu também. Ela se servia e
enquanto mastigava, se recostava na cadeira e completamente relaxada, olhava
ora para frente, ora para os lados, contemplando com tranqüilidade, os verdes,
a luz do dia. Eu contemplava também, com o coração preenchido de uma quietude
infinita e de amor silenciosamente transbordante. Olhava seus olhinhos e via
ali, sossego. De quando em quando, entre uma colherada, uma mastigada e outra;
um relaxamento e outro; um olhar pousado aqui e ali; ela me olhava e me fazia
um carinho no braço, como se dissesse (mas não dizia):
-
“Está tudo bem, vovó”! - e como era bom imaginar que era isto que ela queria mesmo dizer!
Ficamos
assim, por muito, muito tempo... Num silêncio cúmplice, preenchido de
significados, ali, naquele encontro de três mundos: o dela, o meu e o nosso.
Algo muito intenso. Reconfortante. Apaziguador. Organizador.
Ainda
estou sob o efeito daquele silêncio. Pensando que no cotidiano, falamos demais.
Estimulamos demais. "Enlouquecemos" as crianças e uns aos outros com tanto
falatório. Um falatório, na maioria das vezes, oco. Que não serve para nada. Só
angustia. Machuca.
Não
à oquidão! Mil vezes o silêncio preenchido com as conversas entre os olhos, a
alma e o coração.
sexta-feira, 13 de novembro de 2015 | Filed in:
Sim,
tem pedras e espinhos
mas também,
perfume na flor,
música na chuva,
no sol, alegria!
E tem tanto carinho,
nesta vida
que amanhece
todo dia,
aqui e aí,
em mim e em ti,
cheia de cor!
domingo, 8 de novembro de 2015 | Filed in:
Fervura,
desassossego,
inquietudes.
Emoções antigas renascendo.
Reencontro com
partes que ficaram
esperando,
em noites enluaradas
deliberadamente esquecidas;
em melodias nunca mais ouvidas;
em idéias e sonhos engavetados.
Eu e eu, novamente,
com os versos da poetisa mediando:
“ou isto, ou aquilo”...
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