domingo, 21 de agosto de 2016 | Filed in:
Primeiro veio num sonho.
Depois virou espera...
Até que veio de
verdade!
Veio pequenina,
produzindo grandezas.
Depois veio no choro,
na descoberta dos
sentidos!
Veio no abraço,
veio no riso!
No brilho,
na cumplicidade do
olhar!
Veio nas cantigas
e veio na fala, ah!
- Vovó!
Daí, veio engatinhando...
depois a passos
trôpegos,
e depois correndo,
pulando
subindo e descendo:
- sou corajosa, vovó!
Veio escutar história,
inventar história,
fazer pinturinha,
rabisquinhos!
Veio brincar de casinha
de mamãe e filhinha;
assistir filmes,
modelar, fazer
maquetes,
ajudar na cozinha!
Veio fazer confidência,
partilhar a vida
rezar pra Mamãe do céu
fazer reikinho!
Veio pegar carona pra
escola,
se enfeitar para o balé!
Veio andar de motoca,
mexer na água,
na
terra; ajudar o vovô!
Veio passear,
fazer castelo na areia!
tomar chá,
ganhar um colo
fazer um soninho:
- no teu ombro, vovó!
E agora!!!
Encantando-se
com isto que me encanta,
começa a vir pela
escrita!
Falou pra mãe:
- vou treinar até
conseguir
escrever o nome da vovó!
Esta escrita linda!
Veio e me enleva,
enlaça e cativa!
Faz meu nome parecer
poesia!
E eu convoco letras,
busco palavras...
onde foram?
Ah! Ali estão elas...
Ainda pura emoção,
gratidão
e alegria
brotando
da alma...
terça-feira, 2 de agosto de 2016 | Filed in:
Não leva meu caderno!
Está cheio
do meu
filho, do seu
benquerer
vindo
me
acarinhar,
desde lá,
de tão longe...
Um presente
onde
registro
meu presente!
Por favor,
moço,
não leva!
Está cheio
do ontem!
Da luz do
sábado,
do brilho
das ondas
e do voo
sincronizado
dos
parapentes
e dos aviões
imitando
pássaros
no alto dos
morros;
espiando o
mar,
a vida em
círculos,
lá
embaixo...
Está cheio
desta
manhã de
domingo
quando, na
esquina,
flagrei o
encontro dos poetas
e, na
praia,
dos azuis
com o horizonte...
Moço... não
leva!
Está cheio
de mim
diluída em
cada palavra
que desejou
e tentou
traduzir
meu olhar!
Ah! Bem
assim...
Eu pedi!
Ele não
ouviu!
Nem minha
fala,
nem minha
alma!
Cego de
pressa e indiferença
arrancou,
de mim,
pedaços....
Aaaaaiiii! Que dor!
Mais ainda
porque
não lhe
serve!
Só tem
sentido,
só cabe em
mim...
Por favor!
Se
encontrarem um caderno
espiral,
com bordas floridas,
meu nome no
rosto,
pálido de
medo, jogado por aí,
chorando
baixinho... é meu!
Procuro,
sonho, espero!
Quero-o de
volta,
como
estiver!
Troco
por benquerer.
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