À procura




Não leva meu caderno!
Está cheio
do meu filho, do seu
benquerer vindo
me acarinhar,
desde lá, de tão longe...
Um presente
onde registro
meu presente!
Por favor, moço,
não leva!
Está cheio do ontem!
Da luz do sábado,
do brilho das ondas
e do voo sincronizado
dos parapentes
e dos aviões
imitando pássaros
no alto dos morros;
espiando o mar,
a vida em círculos,
lá embaixo...
Está cheio desta
manhã de domingo
quando, na esquina,
flagrei o encontro dos poetas
e, na praia,
dos azuis com o horizonte...
Moço... não leva!
Está cheio de mim
diluída em cada palavra
que desejou e tentou
traduzir meu olhar!
Ah! Bem assim...
Eu pedi!
Ele não ouviu!
Nem minha fala,
nem minha alma!
Cego de pressa e indiferença
arrancou, de mim,
pedaços.... Aaaaaiiii! Que dor!
Mais ainda porque
não lhe serve!
Só tem sentido,
só cabe em mim...
Por favor!
Se encontrarem um caderno
espiral, com bordas floridas,
meu nome no rosto,
pálido de medo, jogado por aí,
chorando baixinho... é meu!
Procuro, sonho, espero!
Quero-o de volta,
como estiver!
Troco por benquerer.


 

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2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

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