terça-feira, 31 de janeiro de 2017 | Filed in:
Convite irresistível!
Caminhos,
escadas,
horizontes que fascinam...
chamados que atraem,
seduzem!
Escolhas,
abertura
e mistério...
só incógnitas!
De que tamanho
é o meu desejo,
minha coragem,
liberdade de escolha,
instinto de preservação?
quarta-feira, 18 de janeiro de 2017 | Filed in:
Olha se não
parece magia:
um som vira letra
e nasce a palavra!
Palavra com palavra
vira rima
e vira verso!
Um verso
com outro verso
vira história
vira livro
de poesia!
Poesia com melodia
vira canção;
que vira moda,
vira roda, brincadeira,
alegria;
vira releitura,
vira inspiração!
Que vira palavra,
que vira rima,
vira verso
e vira nova poesia...
Trabalho!!!! Sim!
Mas muito mais
uma deliciosa diversão!
um som vira letra
e nasce a palavra!
Palavra com palavra
vira rima
e vira verso!
Um verso
com outro verso
vira história
vira livro
de poesia!
Poesia com melodia
vira canção;
que vira moda,
vira roda, brincadeira,
alegria;
vira releitura,
vira inspiração!
Que vira palavra,
que vira rima,
vira verso
e vira nova poesia...
Trabalho!!!! Sim!
Mas muito mais
uma deliciosa diversão!
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017 | Filed in:
- Lages! Quinze
minutos! – gritou o motorista, impessoal; falando para todos e para ninguém.
Era tempo, na madrugada quente, suficiente para fazer xixi, espichar as
pernas... quem sabe tomar um café.
Quinze, vinte, trinta, trinta e cinco minutos... – “Ué”! - O que estava
acontecendo? Por que não seguiam viagem? Cadê o motorista? O ônibus já estava
atrasado!
Na plataforma da rodoviária, intenso movimento de funcionários da empresa,
andando de lá para cá, celulares à mão. Uma explicação chegou para os atentos,
os que estavam acordados:
- Gente, não estamos encontrando o motorista! Mas já, já vamos resolver o
problema! Está tudo bem! Fiquem tranqüilos!
Era só o que faltava! O que teria acontecido com o motorista? Gente! Mas “o que
que” era isto?!
Ah! Título de filme! Claro! Um roteiro
de aventura, tensão, adrenalina, terror! Que horror!!! Ah! Prato cheio pra imaginação! Esta que não pode sentir cheiro de
história ...
O que seria de todos e de cada um, ali, naquele ônibus, um universo
atípico, parados no meio do caminho, assim, de repente? Um “stop” na história
individual; nos roteiros já traçados?... Ninguém mais chegaria no horário
previsto... e ainda chegariam?... Seria este o final da viagem para o ônibus
“extra” e “pinga-pinga”, saído há oito horas atrás, de numa rodoviária do
interior do RS, com destino a uma região turística, em outro estado? E agora?
Como reagiram as singularidades dentro do ônibus “lotado”?
A moça, que no embarque não conseguia afastar-se dos abraços e dos
beijos do companheiro... ia e voltava, semelhante ao movimento das ondas, que
indo e vindo, quebram-se nos braços da areia? Perder-se-ia para sempre, entre
as ondas avassaladoras do destino e nunca mais voltaria para os braços do seu
amado?
E das duas vovós? Só podiam ser vovós! Uma bem gordinha e outra bem
magrinha (ambas frágeis, mal conseguindo trocar os passos) que horas antes aguardavam,
ansiosas, em frente à entrada do ônibus, enquanto alguns adultos e crianças
(filhos e netos, certamente) conversavam e combinavam coisas com os
funcionários da empresa que recebiam e acomodavam suas malas e sacolas no
bagageiro... e, depois, numa grande roda, abraçaram as velhinhas e as
encaminharam para dentro do ônibus... Ô disposição e faceirice das duas! Quanto
esforço, investimento para assim, do nada, interromper esta viagem,
visivelmente tão esperada?
E aquele jovem pai? Antes do ônibus partir segurava sua bebezinha no
colo e a beijava docemente. Um curioso perguntou-lhe para onde ia e ele
respondeu que não iria para lugar algum, só a esposa com a bebê. A esposa
entrara no ônibus para organizar as coisas... – Olha, já está vindo... Ela veio,
pegou a bebê e os três ficaram dançando num abraço até que a mãe entrou com a
filha e o pai foi embora, rapidamente, limpando os olhos. Ficaria ele, para
sempre, consumido de saudade das suas meninas?
E a mulher de uns quarenta e poucos anos, que entrara carregando um
travesseiro e uma sacola; desmanchando-se em lágrimas e raiva, pois mordia os
lábios e falava entre dentes com um homem que estava visivelmente incomodado,
mas que a seguia, quieto, lançando olhares furtivos para os lados, averiguando
se alguém estava olhando para eles, percebendo o que se passava... E de fato,
alguém estava. Mas ela, “nem aí”. Teriam eles resolvido o impasse evidente
antes desta guinada no meio do caminho?
Oh! E ali, na primeira fila, as duas gerações, uma adolescente e uma velhinha;
roçando suas diferenças e distâncias? A adolescente, depois de conferir a
poltrona, sentara-se ao lado da idosa e imediatamente colocara um fone de
ouvidos, erguera as pernas e durante todo o percurso tentara escapar, seca e
monossilábica, das tentativas, da velhinha insistente e curiosa, de entabular conversa.
Acabaria assim, para ambas, a oportunidade de construir uma ponte?
Havia um jovem, sentado num dos bancos do corredor, que estivera
visivelmente chateado e desconfortável até ali, porque a cada curva, grossos pingos d’água,
vindos da "janela" de emergência (ou será de ventilação?) no teto,
caíam nas suas pernas. Ele não havia reclamado; aguentara firme até que a água,
em algum quilômetro da estrada, esgotou, evaporou... mas seria justo a empresa
não ficar sabendo disto? Ele não fazer uma reclamação, ao menos por escrito?
E aqueles homens, muito à vontade, lá no fundão do ônibus, que trocavam
ideias sobre tipos de carro, direção hidráulica, peças de automóveis; como se
estivessem sozinhos? Seus comentários ecoando em todos os lugares, fazendo coro
com o choro de um bebê, falas ao celular, chamadas no “wats”, o ruído do motor
e o barulho dos pneus trepidando nos buracos do asfalto!!!! Será que perderiam,
para sempre a oportunidade de saber e aprender que poderiam ser mais discretos?
Ai... que pena daquela senhora que rezava! Olhos fechados, girava o
rosário e movimentava imperceptivelmente os lábios ao ritmo das ave-marias e
padre-nossos... ou seria de algum outro mantra? Orava por si ou pelos que
ficaram? Ou pelos que encontraria pela frente, ao amanhecer? Ou seria pelos que
estavam ali? Para que tivessem a chance de chegar e cumprir com o seu
“destino”... Oh! Senhor! Guardai-nos e protegei-nos dos buracos!
Das curvas! De uma distração eventual do motorista ou dos outros motoristas! Da
neblina! De um temporal, de um assalto... Rezara por quase tudo e quase todos...
menos para este inusitado! O que
pediria, ela, agora?
- Gente! Cadê o motorista?
Curiosos! Fantasiosos! Noveleiros! Detetives de plantão! Todos posicionados...
Teria o motorista perdido a hora? Mas então, por que não avisara e não
atendia o telefone? Seria tudo um golpe para alguém assumir a direção do ônibus
e seqüestrá-lo? Seria uma vingança de algum ex-funcionário? Ex- motorista?
Alguém queria aquele ônibus para modificá-lo e começar seu próprio negócio? Ou para exigir um resgate? Seguiriam por estradas desconhecidas; seriam ameaçados?
Ah! Mas não seria tão fácil, não! Os “passageiros, unidos, jamais seriam
vencidos”! Lutariam! Juntos e organizados resolveriam o problema e o ônibus
extra e “baleadinho” chegaria, afinal, ao seu destino! E todos: sãos e salvos
para dar continuidade aos projetos,
histórias, sonhos !!! Nada de acabar tudo ali...Que história! Que
história!
Puxa! Que bom... ou que pena! Tudo foi resolvido, mais ou menos, em uma hora;
colocando um ponto final nas histórias paralelas, cheia de imaginações,
riquezas, indignação, detalhes e “leituras de contexto” não comprovadas que estavam
nascendo na cabeça e nos registros de alguns... algo interessante, a exemplo
das crianças que não sabendo, ainda, ler, leem as figuras; misturando
memória, imaginação, experiência de mundo, sonhos, sentimentos...
É que o motorista de plantão chegara! Surpreso com esta chamada inesperada! Saudado com palmas e risos pelos
colegas!!!! E com os suspiros de alívio dos passageiros... os que estavam acordados, claro! Porque por
incrível que possa parecer, alguns nem ficaram sabendo do ocorrido! Bons de
banco de ônibus: dormindo estavam, dormindo permaneceram e dormindo continuaram!
- Ufa! Vamos embora!
Mais algumas horas e o dia amanheceu. Com ele, o bom humor e o resumo do
ocorrido, narrado, de algum lugar dentro ônibus, por uma voz, ao celular:
- "Já estamos chegando... é que lá pelas tantas, o
motorista sumiu! Barbaridade! Puxa vida! Nunca tinha “me acontecido”
uma coisa destas!!! Agora que passou a chateação, acho graça!!! Hahahahahah!!!! Hihihahahahihihihahaha!!!!! Conto os
detalhes quando chegar...
domingo, 8 de janeiro de 2017 | Filed in:
- “Puxa, Marco Aurélio! Olha só... como o Brasil é grande!”
Num dia destes, bem atual; com muita floresta
dizimada, passarada extraviada; estrada asfaltada, cheia de perigos e pardais
robotizados; uma vovó atravessou a fronteira de um estado para o outro (SC\RS), por uns
dias. A netinha, já no dia seguinte, ligou:
- “Vovó, por que você viajou? Quando você vai voltar?... Vovó, você pode
voltar para o Brasil? Olha só... quando você quiser, você pode voltar para o
Brasil, viu, vovó!!!!”
Eu adoro isto! Esta beleza! Este olhar profundo e encantado que se
debruça sobre a vida, observa, investiga e vai organizando as informações, percepções, conceitos,
valores... devagarinho e com uma espontaneidade e lógica comovente e
desconcertante!
sábado, 7 de janeiro de 2017 | Filed in:
Não
parecia chuva,
a fina
e transparente cortina
que
descia sobre as coxilhas
entremeadas
de soja,
capões,
gado
e
quietude,
melancolia e saudade;
melancolia e saudade;
mas
era.
Não
parecia que os anos
haviam
passado;
tanta
vida e tanta morte
nos
atravessado
e, que
esta
de
cabelos brancos
um dia,
fora eu menina,
com uma
porção de quimeras,
mas
era.
Não
parecia
ser
verdade
que ele
não estava mais ali,
varrendo
a calçada;
fazendo
um pacote;
limpando
espigas
de milho
com a
paciência
e o
capricho de Jó;
fazendo
a gente rir
de tudo
e de nada...
mas
era.
Não
parecia
que a
vida,
apresentando-se
como um
horizonte infinito
à nossa
frente,
era tão
cheia de curvas
e
esquinas;
escorregadia
e
fugaz;
provocadora,
e cheia
de surpresas
inusitadas,
como
uma manhã
de
chuva solitária,
mas era...
segunda-feira, 2 de janeiro de 2017 | Filed in:
Cortaram a árvore?
Por quê?
Por quê?
Ela estava doente?
Atrapalhando alguém?
Quem?
Prejudicando alguém?
Quem?
Cortaram!
Sem explicação,
justificativa,
desculpas.
Era saudável,
era forte,
era linda
e acolhedora!
Era um colo!
Abrigo de passarinho,
poleiro de crianças
e de sua alegria!
Pouso de borboletas,
aracuãs e suas
cantorias
todas as manhãs,
antes do sol nascer!
E lugar de trocas
conversas;
alimento de carinho,
entre criança,
adulto, velhinho:
gente,
ao entardecer!
Quem mandou cortar?
E por quê?
E por quê?
Cortaram a árvore
errada,
será?
Ou será que foi pura
maldade
de quem não sabe mais
sorrir, nem cantar?
Nem assistir o tempo
passar,
simples e suavemente,
sem pesar?
Ou alguém sem paciência
para assistir ou
suportar
o outro ser feliz?
Que dó!
As crianças
encontrarão outra
árvore para abraçar;
os adultos, outro lugar
para partilhar;
é de sua natureza
buscar o encontro,
trocar!
O pássaros e insetos,
descobrirão
outro lugar para pousar;
é de sua natureza
sobreviver!
O “dó” é para
quem não sabe respeitar,
nem amar,
nem aproveitar
os presentes e belezas
ao alcance do seu
olhar!
Que dó deste mundo
sem árvores para
escalar,
rua livre para brincar,
grama para pisar,
espaço para explorar,
“fazer de conta”,
imaginar!
Que dó!
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