Que dó!




Cortaram a árvore?
Por quê?
Ela estava doente?
Atrapalhando alguém?
Quem?
Prejudicando alguém?
Quem?
Cortaram!
Sem explicação,
justificativa, desculpas.
Era saudável,
era forte,
era linda
e acolhedora!
Era um colo!
Abrigo de passarinho,
poleiro de crianças
e de sua alegria!
Pouso de borboletas,
aracuãs e suas cantorias
todas as manhãs,
antes do sol nascer!
E lugar de trocas
conversas;
alimento de carinho,
entre criança,
adulto, velhinho:
gente,
ao entardecer!
Quem mandou cortar?
E por quê?
Cortaram a árvore errada,
será?
Ou será que foi pura maldade
de quem não sabe mais
sorrir, nem cantar?
Nem assistir o tempo passar,
simples e suavemente,
sem pesar?
Ou alguém sem paciência
para assistir ou suportar
o outro ser feliz?
Que dó!
As crianças 
encontrarão outra
árvore para abraçar;
os adultos, outro lugar
para partilhar;
é de sua natureza
buscar o encontro, trocar!
O pássaros e insetos,
descobrirão
outro lugar para pousar;
é de sua natureza
sobreviver!
O “dó” é para
quem não sabe respeitar,
nem amar,
nem aproveitar
os presentes e belezas
ao alcance do seu olhar!
Que dó deste mundo
sem árvores para escalar,
rua livre para brincar,
grama para pisar,
espaço para explorar,
“fazer de conta”,
imaginar!
Que dó!





 

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2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

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