segunda-feira, 13 de agosto de 2018 | Filed in:
- “Vovó! Eu
acho que não fui tão corajosa assim”!
Sentada no banco de trás
do carro, a menina lia e relia, decodificando com cuidado, o “certificado de
coragem” que recebera após uma
coleta de sangue. Era visível o conflito.
- Por
que, querida?
- “Ah! Eu chorei! Eu não queria tirar sangue...
eu tive medo daquela agulha”...
-
Sei... mas você foi corajosa! Você não queria, chorou, sentiu medo mas foi em
frente! Aí está a coragem!!!! Assim é o corajoso, a corajosa!
Por um
tempo, silêncio. Kenny G preencheu o espaço; acarinhou nossos corações, nossa
emoção.
Uma
música inteira depois:
- “Vovó, já sei! Eu pensei: vamos fazer uma
festa! Uma festa pra coragem”!
- E
como seria esta festa?
- “Ah! A gente faz uns pudinzinhos, uns
salgadinhos, pipoca, um chá e chama o pai e as tias” (a mãe estava viajando
e a pequena passando uns dias na casa da vovó)!
-
Hãhã... e quando?
- “Hoje, vovó! Depois da aula, de tardinha”.
Sim! –
refletiu a vó. A coragem merece uma
celebração!
Enquanto
a vovó providenciava o almoço, a pequena fazia as ligações, autônoma. Mas a
lista era pequenina! A vovó disse que estava preparada para receber só um pequeno
grupo.
Chegou
eufórica da escola, no final da tarde! Como a vovó havia organizado a mesa;
ela foi preparar as filhas (bonecas); pois eram convidadas especiais.
Os
outros convidados chegaram: o pai, o tio e a tia que moram próximos e uma tia
que estava de férias. Nossa! Era muita alegria extrapolando pelos olhinhos da
pequena e, expectativa pelos olhos dos “grandes!
Após o
lanche, ela cochichou;
- "Vovó! Acho que vou fazer
umas lembrancinhas para eles"...
No sábado anterior, participara
de um “Chá de bonecas”, na casa de uma amiga e recebera, ao final, um
bilhetinho personalizado que a deixara emocionada! Isto estava bem vivo na sua
memória.
Sentou, então, na sua mesa de trabalho e produziu, muito seria e laboriosamente, palavras e frases para os adultos e para as
filhas! Depois, foi entregando, uma a uma. Todos tinham que ler. Foi um
“momento e tanto”; envolvendo uma escrita alfabética e uma leitura apaixonantes!
O que
se passava na cabecinha da pequena e no seu coração, naquele momento... quem
poderia saber?! E no coração dos adultos? Cada um se (re)encontrando com suas
interioridades e com sua emoção... se permitindo perceber, contatar ou não...
Um encontro inusitado por um motivo mais do que
justificado: celebrar a coragem! E era segunda-feira! Que dia mais espetacular
para celebrar esta virtude! A coragem que temos! Ou a coragem que nos falta! Ou
a coragem que queremos e precisamos
resgatar e forjar cotidianamente... Sem coragem, como viver?
Seguir? Lutar? Construir? Conquistar? Cativar? Esperançar? Mudar? Transformar?
Ah! Que sorte nós temos! Nós, adultos convivendo
com crianças! Sorte de viver isto e tantas outras coisas que nos permitem crescer e humanizar de momento
a momento! Oportunidades singelas! De pouco aparato e de muito conteúdo!
Intensas! Merecendo olhar e escuta! Merecendo lugar e celebração!
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