Maternagem em flor



Parque Jacques Cartier, em Gatineau, Quebéc, Canadá

O outono iniciava
mas foi um restinho de primavera
que festejou em meus olhos,
aquecendo a manhã geladinha:
uma explosão de flores!
Não em canteiros;
mas em esculturas!
Esculturas de flores!
De repente, a vida descansou,
meu olhar quedou
o joelho dobrou...
- “É a Te Fiti, vovó!” – diria Margot...
Do meu mais íntimo
brotou um soluço
que, incontido,
virou correnteza
de emoção, de lágrima...
Era ela, sim!
Plasmada em flores,
bela! Sorrindo para mim!
O eterno feminino!
A Grande Mãe Natureza!
Doce! De olhos cerrados
vasculhando minha alma,
com uma delicadeza de doer...
Mãe amorosa!
        Grande Mãe!
        Provendo com amanheceres,
sol, água, possibilidades!
Com a fertilidade da terra,
com os talentos individuais,
com as singularidades!
Me deixei envolver,
abraçar e ali ficar...
entregue e esquecida de mim;
mergulhada nesta maternagem
que me liga aqui, lá e a ti!
Ai que cansaço,
irmãos de ventre,
que me deu ali!
Das querelas,
das injustiças,
do medo,
das asperezas e engodos.
Depois do cansaço,
o silêncio do vazio...
Ali, então, ela semeou!
E, de lá para cá
meu desejo é sair por aí
esculpindo, com abraços,
um sem fim de belezuras !



 

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2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

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