quarta-feira, 15 de maio de 2019 | Filed in:
Um dia, pelos idos de 1870, Castro Alves poetou: “A praça! A praça é do povo, como o céu é do condor”!
Hoje, novamente, eu estive na praça; eu
povo, eu cidadã, eu professora, eu mulher, mãe, avó, na Praça da República! Bem
ali, onde, em anos longínquos, estive muitas e muitas vezes organizada com meus
pares; erguendo voz e bandeira, com respeito e educação, pelo direito e
respeito à educação.
Neste breve retorno à Ijuí, RS, agora, não planejara, mas este reencontro político e amoroso, na praça, em
torno da educação aconteceu e fiquei feliz!!! Não sou mais aquela jovem e
idealista professora. Agora sou uma senhora professora aposentada... mas ainda
vibro! Ainda idealista! Ainda apaixonada por este fazer trabalhoso que valoro
profundamente! Eu e tantos! Por isto, tenho coisas a dizer! Partilhar!
Defender! Coisas a escutar, conversar! A luta continua. O trabalho continua. O
estudo continua. É incessante.
Gostei e vibrei muito, todo tempo em que
estive ali, na "praça do povo", na manhã cinzenta e friorenta, vendo
e ouvindo professores e alunos. Um grupo significativo, não pela quantidade,
mas por estar ali. Vi paixão nos discursos acalorados dos jovens! Vi serenidade
e maturidade nos discursos aprofundados e tranquilos dos mais velhos: “a
conscientização precisa passar pela reflexão”. Isto demanda paciência e
tempo. Por isto o valor da História, da Sociologia, da Filosofia; do ensinar\aprender\exercitar
pensamento e leitura: a dos livros, a da realidade passada e presente e a do
outro. Por isto o valor do observar, questionar, investigar, refletir,
analisar, associar, estudar, trocar. Aquele que pensa, reflete; não “engole”,
simples e passivamente o que escuta, seja de A, B ou C. Há muita gente
“pegando” frases, pensamentos aqui e ali e defendendo, apontando como verdades
ou mentiras, espalhando sem ir a fundo, sem conhecer de fato. Muita gente
falando de educação sem ser\entender\trabalhar com educação. E o assunto é
sério! Seríssimo! Educação é base. Requer cuidado, carinho, respeito. Dar
escuta e valor a quem entende, estuda, pesquisa.
Lembrei de outros versos do mesmo poeta:
“Oh! Bendito o que semeia livros, livros à mancheia e manda o povo pensar”...
E, esperançosa e grata pelo (re)encontro cívico; por esta aula na praça,
atravessei a rua, entrei na livraria e comprei! Comprei “armas”, as mais
sofisticadas e poderosas: os livros! Comprei livros! Livros para mim, para
minha neta, para meus alunos!
Ler! Ler e pensar! E cabeça pensante,
investigante e coração pulsante, sem medo, fortalecer: vontade de trabalhar,
desejo de aprender e fazer melhor, justeza, bem comum, cidadania; educação de
qualidade para todos: visíveis e “invisibilizados”; benquerer, respeito
às conquistas do povo; respeito à vida, às diferenças e à liberdade.
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