Bordas














Arrumávamos o salão do clube para a festa de encerramento do ano letivo. Uma escada transformada num caminho de flores... lindo! E painéis. Belíssimos! Pura arte! Arte coletiva! Trabalho de parceria: alunos e profes! Magia do Quintal!
Depois de tantos e tantos anos, tudo ainda é tocante, sempre novo, especial para mim: a emoção, os detalhes, o momento... Os anos passaram e o corpo envelheceu,  mas o olhar, a leitura, a interação, o amor, a ternura... Ah! Isto sensibilizou, aprimorou, dentro de mim!
Eu estava encantada com os painéis! Depois de tanto olhar, deleitar, comentar e fotografar;  eu percebi, e só então, as bordas! E, me dei conta, de um jeito diferente, mais fundo, do papel, do lugar, da importância das bordas.
Num trabalho, cartaz, painel,
texto, pintura, desenho,
bordas enfeitam, limitam,
protegem, disfarçam, completam,
arrematam, embelezam, destacam, valoram.
Podem ser feitas de infinitos jeitos, formas, cores, materiais, espessura e tamanho...
Fazer uma borda é desafiador, criativo.
        Então, percebi que ali havia (e que sempre houvera) algo mais profundo! Que para além de fazer e motivar as  bordas nos trabalhos; nós fazemos bordas na vida do outro; nós somos bordas! 
E ser borda, é de outra ordem.
É acolher, envolver com delicadeza,
respeito e humildade,
algo do outro ou o próprio outro;
ciente disto!
Sem alardes e presunção;
grosseria ou impaciência.
Essencial ter a clareza
de que é o conteúdo
e não a moldura, não a borda,
o centro da obra.
Ah! Ser uma borda! Ser professor!
Fazer o outro aparecer, brilhar;
desabrochar talentos;
encantar-se pela vida!
Participar deste processo,
sutilmente... cuidando,
observando e
percebendo sensibilidades,
protegendo singularidades...
Ah! Descobrir-se borda
neste processo,
neste “ser professor” ...
Que privilégio!
Muito grata por este
ano maravilhoso
de belas e inusitadas bordas!!!

 

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2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

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