sábado, 22 de agosto de 2020 | Filed in:
O
livro e um vídeo do Marcos Piangers mexeu com minhas vivências enquanto filha
e profe e, fortaleceu a compreensão da importância e diferença que faz na vida
da gente, sentir orgulho do nosso pai. Lembro do orgulho que tinha do meu pai,
quando criança! Admirava sua profissão, caixeiro-viajante! Parecia algo mágico
sair na segunda e voltar na sexta, percorrendo estradas, lugarejos, sob sol,
poeira e chuva, com estradas derrapantes! Mais ainda: chegar na sexta com uma
sacola com rapadura, banana, abacaxi e
balinhas, para nossa delícia! O que poderia ser melhor e maior do que este
carinho, esta lembrança?!! Na época, estávamos muito distantes do consumismo e
do descarte fácil das coisas. Depois,
passei admirar sua assinatura! Achava a coisa mais linda aqueles traçados e não
entendia quando ele dizia: “filha, teu pai é um semianalfabeto”. Depois,
admirei seu sobrenome, Schmitz e, decidi que, quando crescesse, queria me casar
com um homem que tivesse o mesmo sobrenome, para não mudar (na época, era
assim, a mulher assumia o sobrenome do marido). Extraoficialmente, ainda hoje
só uso o Schmitz!
Cresci e o pai-herói desmistificou, caiu. Ficou a realidade:
apenas um homem, com limitações e talentos. Com o pé no chão, cultivei respeito
e carinho pelo meu pai; reconhecendo suas qualidades e aprendendo a conviver
com seus limites; admirar sua luta para sobreviver, prover a família. Homem
simples, alegre, trabalhador; que não desistiu da vida, apesar de todas as
mazelas e faltas na infância e juventude! Que foi à luta com o que tinha e
podia. Nos deixou muito valor: senso de justiça, a importância do trabalho, o
bom humor e o olhar brilhante, lacrimejante e melancólico que muitas e muitas
vezes perdia-se no horizonte, atrás de coisas que eu nunca soube; mas herdei.
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