Pai

     

           O Dia é dos Pais, mas também ganhei um presente: este belo livro “Emocionário”! Ele me lembra meu pai, que era um “craque” em “brincar, transformar e criar palavras novas”! Meu filho organizou até um “Dicionário” com as palavras “criadas” pelo vô Ico!  Uma lindeza!
        O livro e um vídeo do Marcos Piangers mexeu com minhas vivências enquanto filha e profe e, fortaleceu a compreensão da importância e diferença que faz na vida da gente, sentir orgulho do nosso pai. Lembro do orgulho que tinha do meu pai, quando criança! Admirava sua profissão, caixeiro-viajante! Parecia algo mágico sair na segunda e voltar na sexta, percorrendo estradas, lugarejos, sob sol, poeira e chuva, com estradas derrapantes! Mais ainda: chegar na sexta com uma sacola com  rapadura, banana, abacaxi e balinhas, para nossa delícia! O que poderia ser melhor e maior do que este carinho, esta lembrança?!! Na época, estávamos muito distantes do consumismo e do descarte fácil das coisas.  Depois, passei admirar sua assinatura! Achava a coisa mais linda aqueles traçados e não entendia quando ele dizia: “filha, teu pai é um semianalfabeto”. Depois, admirei seu sobrenome, Schmitz e, decidi que, quando crescesse, queria me casar com um homem que tivesse o mesmo sobrenome, para não mudar (na época, era assim, a mulher assumia o sobrenome do marido). Extraoficialmente, ainda hoje só uso o Schmitz! 
       Cresci e o pai-herói desmistificou, caiu. Ficou a realidade: apenas um homem, com limitações e talentos. Com o pé no chão, cultivei respeito e carinho pelo meu pai; reconhecendo suas qualidades e aprendendo a conviver com seus limites; admirar sua luta para sobreviver, prover a família. Homem simples, alegre, trabalhador; que não desistiu da vida, apesar de todas as mazelas e faltas na infância e juventude! Que foi à luta com o que tinha e podia. Nos deixou muito valor: senso de justiça, a importância do trabalho, o bom humor e o olhar brilhante, lacrimejante e melancólico que muitas e muitas vezes perdia-se no horizonte, atrás de coisas que eu nunca soube; mas herdei.

 

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2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

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