PÁSCOA

        


            Gosto demais do filme “A Missão”, do contéudo e da trilha sonora, composta pelo Ennio Morricone. Por vezes, revejo. O filme trata da colonização desenfreada da América do Sul, da discriminação e escravidão imposta aos índios, tratados como “animais selvagens”; da luta pelo controle de terras indígenas colonizadas; da Igreja que praticamente os abandonou quando viu que estava perdendo o controle\poder na região e deixou acontecer os massacres e, dos jesuítas, que se voltaram contra os colonizadores e contra a própria Igreja, na busca pela proteção dos índios e de suas terras.

        A Semana Santa, com seu conteúdo de DOR, TRAIÇÃO, MORTE, PERDÃO E RESSURREIÇÃO lembrou-me uma cena o filme: Robert de Niro é mercador de índios que captura e vende aos colonizadores, com frieza. De repente, envolve-se num duelo de vida e morte com o irmão e com a morte deste, fica tomado pela dor e pela culpa. Encontra o Padre Gabriel, Jeremy Irons, que o convence a ajudar os índios, fazer algo pelo povo que tanto perseguiu e maltratou. É o momento da sua redenção. Para chegar à tribo de guaranis, no alto de uma cachoeira, amarra um peso extraordinário ao corpo, simbolizando o passado e a culpa. Com extrema dificuldade e dor, atravessa rio, cachoeira e uma floresta densa, querendo punir-se. No topo da cachoeira, encontra uma tribo indígena e ali conclui seu martírio: os índios o acolhem e o livram do peso. A cena, o jeito como o personagem chora e ri ao mesmo tempo, libertando-se, através mãos dos índios, vendo sua culpa despencando, montanha abaixo, junto com todas tralhas e lixo que carregava nas costas, é comovente, de arrepiar!

        É isto que toca meu coração, hoje: este deixar para trás as dores. Perdoar e me perdoar. Rever, transformar, recomeçar, soltar o peso e, mais leve, celebrar a VIDA, cotidianamente! Aproveitar a chance de mais um dia e fazer diferente, viver em paz, relaxando, abrigando-me nos braços abertos e acolhedores do Cristo ressuscitado e ali fortalecer. Todos podemos fazer isto e depois, partilhar abraços e seguir em parceria, não em confronto. Feliz Páscoa, meus queridos!  


 

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2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

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