terça-feira, 12 de abril de 2011 | Filed in:
Ontem visitei novamente a aldeia Guarani, em Biguaçu, com duas turmas de alunos. Depois que estive lá, uma primeira vez, não consegui mais falar sobre os povos indígenas da mesma forma que antes e não sem ir até lá mostrar e atualizar. Impressionante como as crianças são sensíveis e mesmo os mais barulhentos e inquietos dos nossos, lá, se aquietam um pouco. É tudo muito diferente, mesmo sendo eles acostumados com a floresta e natureza ao redor da nossa escola. Na reserva indígena tudo é inusitado; as coisas acontecendo num outro ritmo, com outro olhar, outros valores e interferências. Quando chegamos na escola da reserva, crianças e adultos, ao redor de uma mesa, faziam artesanato, objetos muito coloridos, bonitos. Centrados. Não abandonaram, curiosos, o que faziam, quando da nossa chegada. Ao contrário, prosseguiram no seu fazer, tranqüilos. A caminhada pela trilha íngreme, mais tarde, dentro da floresta fechada, silenciosa e acolhedora foi uma aventura deliciosa, com direito a escorregadas, pontes de troncos e encontro com formigas, que nem inquietaram o guia, o único de chinelo! Este guia, um índio que se prepara para tornar-se o pajé do grupo, orientou as nossas crianças a fazerem silêncio durante o percurso e surpreendentemente estiveram menos barulhentos! Eu escutava seus cochichos, comentários ali e lá... Dois manifestaram medo e precisaram da minha mão por algum tempo, depois caminharam seguros pela trilha. Por duas vezes ouvi um exclamar: “nossa!, parece o paraíso! ...”. Era lindo mesmo! Crianças são maravilhosas! Elas se entregam para o momento; o percebem e vivem com intensidade e espontaneidade desconcertante e contagiante!!! Os alunos da escola indígena nos surpreenderam com uma apresentação de cantigas doces que, desta vez sim, emudeceram nossos alunos. Uma língua diferente, arranjos diferentes, instrumentos musicais diferentes, contexto extremamente diferente; mas as almas sensíveis compreendem a linguagem musical e todos ficamos embevecidos, ouvindo... cada um, com certeza, tocado no seu conteúdo. Nossos alunos também cantaram! Fiquei orgulhosa deles, porque se portaram com tranqüilidade e respeito. E depois trocaram impressões! Os alunos indígenas queriam saber do que eles gostavam de brincar na escola. E descobriam que gostam das mesmas coisas: subir em árvore, jogar futebol e vôlei, queimada e brincar de pega-pega! Os nossos quiseram saber se os indígenas têm uniforme, como são as divisões de turmas, as salas de aula, o que eles estudam, o que queriam dizer as canções... e ficaram surpresos com as grandes diferenças! Algo que iremos tratar e aprofundar, com certeza, em muitas aulas e conversas no Quintal... Coisa boa! Bom viver! Bom aprender! Reescrever a história passada. Escrever o presente. Um presente diferente. Quem sabe mais justo
domingo, 10 de abril de 2011 | Filed in:
Adoro! Neste final de semana participei de um, lindo, em Floripa! Conhecia os pais e poucas pessoas da família do noivo, mas não o conhecia; nem à noiva e sua família. Porém, para mim, há um sentimento que agrega as pessoas num casamento, que faz com que de certa forma e no final das contas, todos se reconheçam, estabelecendo um laço de intimidade: o desejo de felicidade! Este que todos temos e que nos alenta sempre que um casal se encontra, porque com eles a gente renova o sonho, atitudes, o olhar. Este casamento, em especial, me presenteou com algo diferente: o lado materno da noiva é de descendência grega e em muitos momentos, as tradições gregas apareceram. A cerimônia religiosa foi enriquecida com a presença de um sacerdote da igreja ortodoxa, ao lado do sacerdote católico; ambos, parentes dos noivos. Muito tocante, também por isto. Na festa, a alegria, descontração, a tradição de quebrar pratos e oferecer amêndoas aos convidados foi interessantíssima! Contatar com jeitos diferentes de celebrar a mesma coisa, me encanta profundamente! Fantástico descobrir diversas culturas e a forma como expressam os seus sentimentos e crenças em rituais ricos em simbologia transmitidos de geração em geração; muitas vezes de forma mecânica; mas em outros momentos, como este, em essência! Num resgate profundo... quando nos tocam, também na essência! Porque essências se entendem! O fanatismo, o preconceito, o fechamento, a intolerância são tão abomináveis! Isentos de bem, não permitem ver e descobrir a beleza, o valor, a riqueza de cada ser, cada manifestação... Eles limitam, “apequenam”, esvaziam a prática destes “saberes”; ceifam sua vitalidade e a nossa expressividade. Rituais em favor, compromisso e louvor à vida fazem parte da nossa história, enquanto humanidade; são mágicos, belos e enchem os olhos e a alma da gente de alegria, sossego, bem estar e de ternura. Tão bom!
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Floripa radiante...
onde é mar,
onde é céu?!
A vida continua
o tempo não para
e distrai nosso olhar
com tanta beleza.
Mas eu queria que ele parasse
que tivéssemos mais tempo
para processar a dor
o massacre
a violência.
Uma coisa já
vem em cima da outra,
mascarando,
encobrindo,
banalizando
coisificando...
e eu queria que víssemos mais!
Para não esquecer.
Para aprender a cuidar melhor
da vida que de fato importa
e não das superficialidades
entre nossos muros e alarmes.
Do fundo, junto com
o pesar e o lamento,
vem uma
vontade nervosa de rir.
Rir da nossa miserabilidade
esta que aparece nestes
atos de extrema violência
e\ ou impotência diante deles
quando nos mostramos tolos,
sem saber nada de nós mesmos,
frágeis e pândegos
atrás de um melhor papel
ou desempenho
neste maravilhoso cenário:
planeta Terra.
sexta-feira, 8 de abril de 2011 | Filed in:
Quando flutuo no vazio
do frio, do insípido,
dos desencontros internos
da impossibilidade externa
teus olhos
teu riso
tua palavra
me resgatam
dos pesadelos
e das sombras.
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Meu coração está partido, como de tantos, sei, com isto que aconteceu numa escola do Rio de Janeiro, ontem. Invasão. Pânico. Medo. Terror. Morte de crianças, adolescentes. Banalização da vida. Na raiz. Injustiças são adubadas em todos os lugares e setores, todos os dias. Há todo momento somos atualizados sobre os números, os fatos, os motivos. Apesar de muitas coisas retrógradas, da desvalorização, das crises, dos altos e baixos; na minha experiência, no meu acreditar, a escola ainda é (ou era) um lugar protegido, onde podemos sonhar com um mundo melhor; falar da liberdade com liberdade; denunciar, conversar e alertar sobre o preconceito, a intolerância, a discriminação; fomentar idéias, “saberes”, pensamentos; ideais saudáveis para uma sociedade mais justa, um Brasil bom para todos os brasileiros; que acolhe e protege, incentiva, valora e promove seus filhos, especialmente as crianças, os jovens, os desvalidos, os diferentes. Este massacre parece falar que não há mais lugar seguro! Muitas famílias já não são lugares seguros para crianças e jovens; igrejas que pregam a segregação e o fanatismo, também não. Escolas também não. Nestes trinta e poucos anos em escolas diferentes; estados e propostas diferentes, nem sempre vi coisas boas; mas o que me fez perseverar, acreditar e continuar com alegria, com desejo, foi a possibilidade de ter e manter este espaço do diálogo, da troca, da reflexão, da produção; das alternativas, da dinamicidade, da possibilidade repensar, possibilidade de mudança, de construção. De esperança. Eu vi isto acontecer, muitas, muitas e muitas vezes! O que me conquistou, me encantou definitivamente! Por isto, o massacre produziu em mim um susto diferente. Mexeu em algo fundo. Eu não quero perder minha esperança! Preciso dela para encarar os olhos dos meus alunos, todos os dias. Não quero perder o brilho dos olhos no exercício do trabalho porque sei que ele é importante para manter o brilho dos olhos nos meus alunos... Hoje está difícil. O coração sangra. Momento de grande luto. O que isto está nos falando, em profundidade?
domingo, 3 de abril de 2011 | Filed in:
Acordei com a sensação de que hoje era domingo de Páscoa. Cheiro de domingo de Páscoa, sol brilhante, um friozinho gostoso; um “quê”, no ar, expectativa, de algo bom por acontecer, surpresa... características singulares de um domingo de Páscoa, para mim e, que hoje, de repente, aparecem...

Na quietude e beleza da manhã se espreguiçando por entre os morros verdes e o céu azul, eu olhei para trás e vi, com clareza, o fio da vida, como foi tecido nas retas seguras, quando sabia o que queria e onde queria ir e nas curvas sinuosas, quando estava insegura, indecisa, amedrontada e os desafios eram urgentes e impulsivos.

Os “nós” que têm as flores e folhas mais bonitas, coloridas, viçosas e que se reproduzem com profusão, são aqueles que a memória atualiza com fidelidade no presente, sempre que preciso e, que foram gestados na entrega a um abraço, um acolhimento, uma escuta, uma confidência, um reconhecimento, um olhar cúmplice e amoroso, uma interação funda com algo ou alguém (filhos, amigos, alunos, amor, poesia, música, planta, bichinho, lua...) uma compreensão... a maioria deles marcados por uma música, um perfume, uma palavra, uma imagem, um toque... uma sensação que ficou na pele. A vida é bonita, como sempre me diz um amigo e como diz o poeta na canção! É?!!!... Olhando, agora, para o dia fantasticamente luminoso, para o mar tranqüilo, verde, que brinca com os cristais de luz espalhados pelo sol; para as flores amarelas que acenam sossego e alegria aqui e ali, no meio da floresta; para a estrada que se abre à frente, clara, convidativa, misteriosa; escutando o canto distinto do vento, das folhas que se roçam na dança que ele organiza e das aves que cantam de “mil maneiras” seu momento sem pudor e interesse; eu penso, outra vez, que é uma pena que isto não nos baste! Nem ao menos como motivação, a um grande número! Pena que sejamos, por vezes, cegos e surdos de coração e inteligência; tateando e produzindo sons dissonantes por entre a miséria, ignorância, intolerância, covardia, medo, consumismo, mesmice, discriminação, arrogância e prepotência... Pena. Podemos ir além, bem além dos nossos sonhos, ilusões, ideais e limitações? Ultrapassá-los e vê-los tornarem-se... cuidando de fato, das individualidades e do coletivo; em cooperação uns com os outros e com a mãe natureza?
sexta-feira, 1 de abril de 2011 | Filed in:
Sonhei que um homem aproximou-se e apresentou-se a mim; seu nome: Crisântemo. Ofereceu-me um feixe de crisântemos brancos. Acordei. Era meu aniversário e fiquei feliz! Receber flores é especial, no sonho ou no real; delicadeza sem fim; inunda o coração de ternura, tanta... tanta!
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