domingo, 1 de agosto de 2010 | Filed in:
É quando a saudade dói. Quando o sol brilha, a saudade produz alegria! Anima, enche de significados o viver cotidiano; dá força para fazer, enfrentar, criar, resolver, trabalhar! Porque torna presente tudo de bom que o objeto da saudade é na vida da gente. Se é uma pessoa, a gente lembra do jeito, do sorriso, da voz, da energia que aproxima, das coisas em comum, de momentos partilhados e isto, apesar de passado, é tornado presente, como se acontecesse no agora e não somente na lembrança. A gente se sente grande, feliz, fortalecido: "que bom que isto aconteceu, que eu vivi; que faz parte de mim"! Mas quando o dia está cinzento... a saudade dói! Acho que então as lembranças se escondem não sei onde e fica o vazio delas e então são dois vazios: o do real e o das lembranças. Por isto dói, é uma falta dupla. A gente procura o sorriso, o olhar, a presença e não encontra em lugar algum e o lugar vazio lateja, se debate, ansioso... mas não há nada onde se aconchegar, encostar, ancorar; porque é assim mesmo, desolador e oco, o vazio. E aí, até mesmo a música, a poesia, o filme, a natureza, a conversa, estas e outras coisas boas, confirmam o vazio. Elas servem e significam os dois lados, o da alegria e o da dor; assim como dizem que são os seres elementais, criaturas além do bem e do mal... O anos vividos me dizem que os dias cinzentos, especialmente os domingos cinzentos passam; é uma questão de tempo e paciência.
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