domingo, 28 de agosto de 2011 | Filed in:
Visitou meu sono
os lugares mais bonitos
do meu sonho,
conversou comigo
me contou coisas
segredos de sua alma
vestimentas dos seus dias,
partilhou ternura
falou de amor
transformou-se
num olhar intenso e brilhante
abraço abrasivo
palavra doce
e então voou, outra vez
vestido de liberdade
inquieto e curioso
seguindo outro vento
desbravador de tesouros.
Acordei, sossegada e feliz
procurando palavras
para guardar o sonho
e proteger a riqueza
que me confiou, assim
sempre cheio de cuidados
e amor.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011 | Filed in:
Vi minha mãe rezando. Foi sem querer. Um sobressalto! Vi e de imediato recuei; vexada por ter visto, por ter adentrado na sua intimidade. Fiquei sensibilizada com a cena. Foi algo diferente e que produziu uma sensação boa; me fez bem. Tive, naquele exato momento, certeza e clareza de ser amada e protegida. Singelo e forte: uma mãe cuida, reza, pede, intercede, defende, se importa, se dedica e está ali. Tão bom saber e, de alguma forma, ser palavra numa oração assim... sentir, pelo desejo dela, o abraço protetor e cúmplice de todo o universo.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011 | Filed in:
Observo, surpresa, como ficaram arrogantes e desrespeitosos estes que foram criados com respeito por aqueles que, por sua vez, foram criados de forma mais autoritária, sem muita escolha e oportunidades de fala e de crítica e tiveram o desejo de não repetir o modelo.
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Incondicional?
Não dou conta
de um todo
deste amor ideal.
Amar por amar
sem nada esperar
é aprendizado
e produz poesia!
Mas amar
sem expressar
produz dor
agonia.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011 | Filed in:
Observo as chamas... Dizem que as salamandras são as criaturas que habitam o elemento fogo. Eu acredito. Elas são belas! Parecem dançar o tempo todo, por vezes juntas, por vezes cada uma no seu próprio ritmo e distanciadas umas das outras, lançando-se em outras direções... São belas quando queimam sozinhas e belíssimas quando ardem juntas! De repente eu pensava em coisas do cotidiano, nestas vivências com o outro; estar perto e estar longe, no quanto é bom e no quanto é difícil estar perto e estar longe. No quanto fazemos coisas boas juntos e ao mesmo tempo, no tanto que nos espinhamos quando juntos. No quanto é bom ficar um pouco só e, ao mesmo tempo como sentimos saudades do outro e desejamos ardentemente estar junto... um exercício grande, maior do que os realizados em qualquer academia! Estar e suportar; não estar e suportar. Assim como as chamas do fogo. Nem sempre juntos, nem sempre separados, sempre nos buscando e sempre nos repelindo, consciente ou inconscientemente, por causa das diferenças, do amor, do desejo e de não saber controlar o ardor do verbo, do gesto, do querer, do egoísmo, do ciúme, da infantilidade e da própria ignorância. Porém, enquanto ardemos, estamos vivos! Por vezes com uma chama baixa, sufocados por algo; mas ainda vibrando, vivos! Por vezes inconseqüentes, atiçados pelo vento, agindo sem pensar e sem medir; mas vibrando, vivos! Por vezes queimando serenamente, deliciando-nos com o momento; vibrando e vivendo plenamente! E quem ainda não sentiu-se fogo extinto, pura cinza? E de repente reconstituir-se, voltando arder, transformar-se em chama forte, vibrante outra vez?! Porque a essência ainda vibra, ainda quer, ainda tem força, ainda acredita! Enquanto algo arde, dentro da gente, há possibilidade sonhar, plantar, construir, falar, mudar... E, saber que ainda há possibilidade é só o que a gente precisa num determinado momento; mesmo que não aconteça de fato, lá na frente e no real. Serve para reascender a chama e nos colocar novamente no caminho e, no caminho, tudo pode acontecer... até mesmo nos encantarmos por outra coisa, vibrar com outras chamas, descobrir outros sóis.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011 | Filed in:
O dia desperta
as aracuãs fazem festa
a semana, de fato inicia
a Terra gira
sem pressa e
sem preguiça;
no seu tranquinho...
a lida recomeça.
Eu acordo e me visto
de força e ainda
pego um casaquinho
para me proteger
das expectativas
inevitáveis,
ainda.
sábado, 13 de agosto de 2011 | Filed in:
Se soubesse mais sobre as aves, poderia nomear um passarinho (acho que ele é pequenino) que canta, aqui perto, na mata e, me encanta! Sei que ele canta muito na primavera e no verão; quando me delicio ouvindo, de manhãzinha ou no entardecer; mas este ano, especialmente, comecei a ouvi-lo ainda no inverno, já há algumas semanas... então não sei se eu é que estou mais atenta e centrada e, por conseguinte, percebendo o que antes não percebia, ou se ele está, de fato, se antecipando, sinalizando uma primavera precoce, desconsiderando ou desobedecendo a ordem das coisas, ali, no reino deles... Sei que o seu gorjeio alegre, agora, “fora de época”, produz nostalgia; recordações de estações passadas... E, reencontrar com o passado, voltar no tempo, mexe com as entranhas e com a pele. Encontrar com pedaços que não cabem mais neste agora; encontrar com a vida que já passou, mas que ainda está ali, nas lembranças, na energia, nas formas que o tempo cristalizou na memória... Bom para perceber o quanto tudo mudou e, de certa forma, se qualificou; como a vida ficou mais leve com os aprendizados e amadurecimento. Duro perceber as perdas e identificar os momentos em que houve fechamento ao que realmente era importante... Não há o que se possa fazer sobre o que passou a não ser olhar e acarinhar muito o que ficou lá, o que não pode ser diferente e curar feridas, juntar caquinhos...respirar fundo, despedir e retornar ao presente e seguir. Seguir sem mágoa, sem culpa e sem peso, encontrando, aproveitando e valorando os pequenos jeitos de ser feliz, agora. Ser feliz com o que o dia presenteia e não mais com o que a alma anseia. Agradecer ao passarinho que canta e encanta, alheio ao que produz seu fazer; importando-se apenas com o prazer de fazer e expressar o seu sentir.
terça-feira, 9 de agosto de 2011 | Filed in:
Gatos sonolentos,
entregues à melancolia
do dia, em silêncio
contemplativo, evocam
lembranças doces,
cheiros, conversas,
proximidades, saudades
sonhos, pequenas felicidades
de outras manhãs, assim,
de chuva constante e fria.
quinta-feira, 4 de agosto de 2011 | Filed in:
Tão pouco
quase nada...
é só saber
que o amor
está ali e
tudo se apazigua
feito mar tranqüilo,
espelho refletindo
os voos da alma,
a força e a sutileza
dos movimentos,
a profundidade
dos sentimentos.
terça-feira, 2 de agosto de 2011 | Filed in:
Toda vez,
como agora,
quando os caminhos,
as pontes,
as janelas,
as portas
estão abertas
e o afeto pode circular,
ir e vir, recíproco
e nos tocar,
ele nos ressignifica!
E tudo se transforma!
Dissipam-se sombras assustadoras,
o sol aparece,
espantando a chuva insistente
e a vida se mostra
em todo seu esplendor,
plena de sentido!
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