sábado, 13 de agosto de 2011 | Filed in:
Se soubesse mais sobre as aves, poderia nomear um passarinho (acho que ele é pequenino) que canta, aqui perto, na mata e, me encanta! Sei que ele canta muito na primavera e no verão; quando me delicio ouvindo, de manhãzinha ou no entardecer; mas este ano, especialmente, comecei a ouvi-lo ainda no inverno, já há algumas semanas... então não sei se eu é que estou mais atenta e centrada e, por conseguinte, percebendo o que antes não percebia, ou se ele está, de fato, se antecipando, sinalizando uma primavera precoce, desconsiderando ou desobedecendo a ordem das coisas, ali, no reino deles... Sei que o seu gorjeio alegre, agora, “fora de época”, produz nostalgia; recordações de estações passadas... E, reencontrar com o passado, voltar no tempo, mexe com as entranhas e com a pele. Encontrar com pedaços que não cabem mais neste agora; encontrar com a vida que já passou, mas que ainda está ali, nas lembranças, na energia, nas formas que o tempo cristalizou na memória... Bom para perceber o quanto tudo mudou e, de certa forma, se qualificou; como a vida ficou mais leve com os aprendizados e amadurecimento. Duro perceber as perdas e identificar os momentos em que houve fechamento ao que realmente era importante... Não há o que se possa fazer sobre o que passou a não ser olhar e acarinhar muito o que ficou lá, o que não pode ser diferente e curar feridas, juntar caquinhos...respirar fundo, despedir e retornar ao presente e seguir. Seguir sem mágoa, sem culpa e sem peso, encontrando, aproveitando e valorando os pequenos jeitos de ser feliz, agora. Ser feliz com o que o dia presenteia e não mais com o que a alma anseia. Agradecer ao passarinho que canta e encanta, alheio ao que produz seu fazer; importando-se apenas com o prazer de fazer e expressar o seu sentir.
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