segunda-feira, 19 de outubro de 2015 | Filed in:
Aula
no sábado! Coisa rara, mas um exercício que fazemos, de quando em quando, na escola. Observo meus alunos, animados, falantes, trabalhando; sem
desconforto ou chateação. Não vieram todos; mas os presentes, aproveitam!
Antigamente,
ou seja, no meu tempo, não tínhamos uma agenda cheias de afazeres e eram normais as aulas aos sábados! Assim como
as férias longas, três meses: Dezembro, Janeiro e Fevereiro. A gente não enjoava de
tanto brincar, passear pela casa dos parentes e de ficar à toa, de
bobeira, nas tardes quentes do verão!!! Piscina, televisão e praia eram jóias raras e
preciosas. Privilégio de poucos. Mas a gente tinha tanta outra coisa para fazer, inventar!
Eu sempre passava uns dias na casa da tia Olga! Adorava! Recebia todos os
mimos e ainda havia os discos e a vitrola, que a tia deixava eu mexericar e
ouvir! Eram sempre os mesmos, mas que mal tinha; o que a gente gosta não cansa
de repetir: eram trilhas sonoras de filmes famosos sobre o “velho oeste”! E havia, ainda, as “Selecções do Reader's Digest”; que eu
amava! Lia e relia a cada período de férias. Meu mundo se abria!
E o melhor: a escada lá de casa! Lugar onde eu me debruçava,
via, percebia e interpretava o mundo. “Lagarteava” na escada, comigo mesma e
aprendia sobre singularidade e sobre solidão preenchida. Eu lia. E a cada
frase, refletia, intervalando minhas emoções. Eu escrevia; cada dia mais
apaixonada por este encontro de letras, palavras e emoções! Lembro com exatidão
do formato das nuvens; do “chorão alemão que foi crescendo e florindo, junto
comigo; do contorno das árvores ao redor e dos pássaros recortando o céu. Ali
nasceu meu fascínio pelas pessoas e meu encanto pelas diferenças e semelhanças,
observando o que se passava e passava pela rua e ao redor de mim... aprendi a me colocar no lugar do outro,
tentando adivinhar seu destino, interpretar seu ritmo, ler sua história na expressão do olhar, postura... Ali chorei
minhas inquietudes, minhas emoções, minhas bobeiras e frustrações na passagem
da infância para a adolescência e desta, para a juventude... Acho que foi ali,
que me descobri, finalmente, ser diferenciado e autônomo; contatando com minha
solidão indecifrável e com minha amiga inseparável: a escrita.
Que ponte foi esta que se estabeleceu entre o aulão de hoje e a escada de tantos ontens?
Deve ser por causa desta sensação prazerosa, que a despeito
de tudo, sinto, na realização do meu trabalho, parceiro irremediável da leitura
e da escrita. A vovó de hoje, continua se encontrando, encantando e apaixonando
pelas letras, palavras e pelo que observa fora de si, como a menina de ontem. Eu
sou aquela garota e não me separei da minha essência: eu a reencontro todos os
dias e acredito que crescemos, nos humanizamos e embelezamos!
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