quinta-feira, 30 de junho de 2016 | Filed in:
Sair
é mudar.
Mudar
é ver.
Ver
é aprender.
Aprender
é reencantar.
Reencantar
é viver!
Viver
é ser inteiro.
Ser inteiro
é compreender.
E compreender
é diluir-se
em saudade.
quarta-feira, 29 de junho de 2016 | Filed in:
“Vamos ver a Florence, mãe”. Eu devia
conhecer a Florence? Acho que sim, pela intimidade com que meus filhos trataram do
assunto. Fiquei pensando nisto depois que despedi-me deles, que partiram para o
Rock in Rio, num sábado, há uns três
anos atrás...
Na
época, eu não sabia quem era a Florence. Agora eu sei. Semana passada eu a vi e ouvi cantando, então lembrei do episódio... De um jeito ou de outro, as coisas sempre
retornam, para um acerto, uma nova chance, um aprofundamento...
Devo
culpar-me por esta ignorância acerca de tantas
coisas que fazem parte do mundo dos meus filhos? Tenho ouvido dizer que
pais que “sabem tudo”, têm resposta para tudo, impedem os filhos viverem a
alegria da descoberta e, consequentemente, de se encantar pela vida e ser feliz...
Gosto
de observá-los sozinhos e também juntos. Adultos. Tão diferentes nas
habilidades e profissões e, ao mesmo tempo tão próximos no que se refere ao
lazer, arte, música, leituras, posicionamentos, jeito de encarar o mundo.
Observo suas conversas; o mundo é uma cidadezinha para eles; cujas pequenas
distâncias são vencidas com um aparelhinho de alta tecnologia, manuseado com um
toque de dedos e com o inglês. Tudo muito simples e prático. Para eles. Não
para mim. Muitas vezes me sinto uma mulher das cavernas e uma intrusa, querendo participar, opinar sobre
algo que não sei ou sei muito pouco. Mas eles são generosos. Olham para mim com
aquele olhar benevolente e com paciência vão explicando: “tá bom, mãe, isto é assim... Esta cantora, você não conhece, mas
ela... É fácil mexer neste aparelho, é só... Esta série que a gente está
assistindo trata”... Muitas e muitas coisas aprendo com eles. É tão bom! Sou grata.
Outras, não quero aprender, não tenho paciência, nem interesse. Mas gosto de
vê-los aprendendo e vivendo uma vida diferente da minha, cidadãos do mundo e
não só de um pequeno mundo, como o meu.
Esta
distância entre a mãe e os filhos, que avançam, é um vazio doido e doído.
Começa, como todos dizem (e é verdade!), quando eles saem do nosso ventre para
o mundo; quando aquela sensação de inteireza com o universo, plena, única,
produzida por esta simbiose com o ser
que cresce dentro da gente, é quebrada. E nunca mais volta. E eles nunca mais
voltam, de fato. Cada dia, vão um pouco para mais longe. E o silêncio, nos
ambientes da casa e nos nossos braços, gradativamente vai aumentando e vamos
nos partindo; pedaços que vão para lá e outros para mais além, junto com eles. Este
é o exercício cotidiano de mãe; tentar, inutilmente, juntar pedaços; que já são
outros inteiros por aí. E aceitar este movimento grandioso da vida. Belo. Por
isto tão difícil, como aliás, são todas as conquistas e produções bonitas, boas
e verdadeiras: difíceis.
Quando
eles chegam em casa, para um encontro, uma visita, um colo; tudo o que conta, é
que cabem exatamente no abraço da gente, junto com todas suas coisas, como
sempre couberam, desde bebês. A linguagem
do afeto não precisa de tradução, explicação. Este é um lugar de pra sempre. O nosso lugar e para onde sempre podemos voltar
e sermos NÓS novamente.
segunda-feira, 27 de junho de 2016 | Filed in:
-
“Vovó! Quero te falar uma coisa”...
-
Hãhã...
-
”Eu queria ser uma personagem”.
-
É?
-
“Sim, uma personagem de uma história”...
-
Mas você é personagem de uma história, a sua...
-
“Não, vovó! Não personagem de história de verdade... quero ser personagem de
uma outra! De uma história... sabe”?!
-
Ah!
Sim,
eu sei! Acho que (re)encontrei (!) uma parceira para viajar pelo mundo das
letras, das sutilezas e das imaginações “não comprovadas” como diz o Ximitão,
meu pai.
quinta-feira, 23 de junho de 2016 | Filed in:
Há amores que o tempo vai acomodando dentro da gente e ali permanecem tranqüilos, inesquecíveis mas sem arroubos e necessidades. Encaixados e em paz. Assim, há tempos deixei de vibrar como vibrava quando criança e adolescente, vendo e torcendo pelo meu Inter. Sim, O Inter era nosso! Como um parente próximo, querido!
Não freqüentávamos os estádios, mas
acompanhávamos as narrativas dos jogos realizados na capital ou em outras
cidades, pelo rádio e depois, quando chegou a TV, pela telinha. Eram momentos
de grande tensão e emoção! Coração e gritos e pulos de alegria e de raiva
sempre prestes a explodir... Naqueles dias, meu pai tinha uma rural e quando
ocorriam as vitórias, saíamos de casa, após o jogo, para participar de passeata
no centro da cidade; identificados com a nossa cor e o nosso amor: camisetas,
bandeira, chaveirinhos, decalques (hoje, este universo ampliou e os símbolos
dos times estão impressos em inimagináveis artigos de consumo)... Eu ia
segurando a bandeira, numa das janelas e meus irmãos iam batendo tampas de panelas;
gritando... e o pai, conduzindo a velha rural e buzinando sua alegria, sua
satisfação e seu orgulho! Era um ritual. Era amor. Era celebração genuína! Uma
felicidade ímpar, que perdurava durante a semana; servindo de motivação para
todas as demais coisas da vida. O nosso era o melhor time! Tínhamos os melhores jogadores, o melhor técnico! Ah! E as
melhores jogadas, defesas! Paixão colorada!
Mas eu, uma colorada, casei com um
gremista! Um arrebatado e dos mais apaixonados gremistas! Destes que todo dia
fala do seu time e está sempre, inverno ou verão, com um símbolo gremista à
mão; numa camiseta, boné, casaco, cachecol... Um encontro amoroso que aconteceu na tenra infância (em Entre Rios, pertencente, na época, ao município de Nova Prata\RS); quando, menino, escutava os jogos, em pé, em cima de uma cadeira, ouvido grudado no rádio da família.
Numa viagem recente, vi a extensão
deste amor; que é fundo, incondicional. Por todo canto, com sol, chuva, névoa,
frio, vento... lá ia o cachecol no pescoço, a camiseta e o casaco no corpo...
lá ia o "Grêmio", atrás de um iceberg; percorrer uma trilha, conhecer um fiorde,
jantar num restaurante, visitar um museu, um parque... era um orgulho, para ele,
ostentar aquela cor, aquele símbolo... levá-los para bem adiante e para bem
alto, inclusive na montanha com neve e com risco... para todo mundo ver!
Impossível não admirar, surpreender com tamanho encantamento!
Impossível também dizer que meu coração
não acelera quando fico sabendo dos feitos, gols, subidas e descidas do meu
Inter, nas tabelas dos campeonatos. Mas isto não mobiliza mais do que um
sorriso interno, uma vontade de saltitar, liberar uma piadinha ou amargar uma
frustração de minutos. No fluir dos dias, outras coisas, outros amores, capturaram meu olhar, meu desejo, meu
sentir. Por isto, posso conviver com este adversário, sem problemas neste
aspecto!
De repente, no alto da montanha fiquei
pensando que seria bonito se também eu tivesse levado um cachecol do Inter e,
naquelas lonjuras, oportunizar um encontro de paz e parceria entre os times rivais,
na neve! Reflito e me dou conta, mais uma vez, que bonito, mesmo, é o amor! Como cada um é tocado
e se deixa tocar por ele e como expressa o que sente! E o que ele produz na
vida de cada um e até onde pode nos levar...Há tantos tipos, formas, jeitos de
amar, quanto possamos nos permitir sentir. Ah! Palavras seguem definindo,
explicando até um determinado ponto.... a partir dali, somente o horizonte, o
azul, a música e o silêncio preenchido podem seguir... e já é um outro jeito de
amar...!
segunda-feira, 20 de junho de 2016 | Filed in:
Saudade
Sinto grande!
Será por quê?
Quase não dou conta
de segurar sua mão
sustentar seu abraço
tão íntima,
tão próxima
a me falar
de mim!
O que querem me dizer, ainda
estas que já fui?
Isto que sucedeu
nos meus antes
e nestes recentes
que deveriam
permanecer no vivido
mas já passado?
É quando estou inteira
que estes pedaços
de mim clamam,
intensos e ressignificados,
não quando estou partida!
Brotam da alegria
do ter experimentado;
das entrelinhas;
do que quase foi;
dos rascunhos
e de todos os
toques,
vozes e sutilezas...
Do que se passou
e do que roçou minha vida...
Saudade desta onipresença
que sinto mas não sei;
que me toma
acorda,
faz vibrar e doer
mundos dentro de mim
porque é presente
mas do outro lado.
domingo, 19 de junho de 2016 | Filed in:
Nuvens, neblinas
Ah! Queridas
tempestades,
ventos e nevoeiros!
Vão soprando...
Encobrindo,
levando
abraçando ou
atropelando
nossas certezas
e sentimentos...
fugindo ou desbravando
enlouquecidos
ou somente
curiosos de
liberdade e
espaçamento!
| Filed in:
Decepções com meus limites e ignorâncias; com a pequenez e mediocridade dos sabichões,
dos que levam vantagem, dos que abusam, roubam e oprimem; dos que machucam sem
culpa, sem noção, sem ética, sem
escrúpulos e sem educação, produzem
mal-estar e muita raiva; desânimo; especialmente quando penso que
poderíamos estar mais evoluídos; num outro nível de relacionamentos,
entendimentos e organização. O que não deixa esmorecer é ainda perceber as
sutilezas e a vida que se manifesta em tantas formas, cores, sentimentos e
palavras!
Estou viva! Meus sentidos atualizam
comigo, isto, a todo momento, pacienciosos e incansáveis! E eles se conectam
com minha alma e , à revelia; não param de me surpreender! E ensinar. Tenho
visto tanta coisa bonita! Tanta! Paisagens e mãesagens fabulosas... de tirar o
fôlego e transbordar emoções! Azuis e verdes em tantos e inomináveis tons...
coloridos, algazarras e silêncios produzidos pela singularidade de pássaros,
gentes, águas e pedras cantantes! E pores-do-sol! Quantos?!!! Em horizontes de
mar, de morros, estradas, de prédios... de lagos, rios, florestas e de flores;
de multidões e de solidão... com nuvens, neblinas e com céu transparente...
Nenhum igual! Nenhum! E dias de sol luminoso, noites quentes e enluaradas;
tardes melancólicas e manhãs congelantes. Gentilezas, sorrisos e alegria em
cuidar, servir, dar o melhor de si, respeitar e acolher: também tenho visto! E
tanto benquerer! Tanto quanto folhas e cores... mas nem todos assumidos! Nem
todos tão claros! Uns, sim! Vêm num abraço espontâneo, na palavra fácil, no
gesto despreendido! Outros, chegam por linhas tortas, meio quebrados, um pouco
mascarados, um pouco ásperos... é preciso aprender a recebê-los com amaciantes.
Alguns vêm no anonimato, um pouco sem querer, outro pouco sem saber como
expressar. Nesta mesma linha, uns aparecem disfarçados, enfraquecidos; carentes
de nomeação confetes, um pouco de brilho! Ah! Precisam de acolhida,
reconhecimento. Outros aparecem amedrontados, lacrados! Clamando um olhar, uma
tradução, uma ajuda!
Dá trabalho. Mas é o benquerer que
nutre e sustenta. Por vezes consome, mas sem ele, o que sobra? Quando alguém
fala, garante, expressa ou demonstra de alguma forma: “conta comigo”! “Estarei
sempre contigo”!... o céu expande, a fênix mergulha no seu mais bonito voo. A
Terra respira e segue. A quietude faz poesia. Os olhos se enchem de horizonte.
sexta-feira, 17 de junho de 2016 | Filed in:
sábado, 11 de junho de 2016 | Filed in:
Bonavista -
Newfoundland
Desapegado,
segue
entregue aos ventos
e à força
das águas geladas...
Ele próprio,
gelo compactado
gerado num ventre
de infinitudes
silenciosas
desprovido de calor,
ritmos pulsantes
e do arredondamento
dos abraços
facilitando encaixes.
Vem brincando,
se reinventando
em formas e detalhes;
sempre mais leve
na superfície;
mas com o peso
da solidão submersa,
desejoso de partilhar
segredos, lonjuras
e encontros!
Aí, encontra
verdes,
coloridos,
olhares,
admiração,
curiosidade,
companhia
reconhecimento...
Um lugar
para ancorar, apaixonar
e ali, derreter
de amor!
sexta-feira, 10 de junho de 2016 | Filed in:
Vídeo de Gustavo Schmitz Furlanetto
De súbito,
a névoa!
Sem aviso,
num de repente
ao sabor
dos seus contentos!
Encobrindo
a tarde e suas
urgências;
os morros,
exuberâncias verdes;
as águas azuis
com véus brancos
atirando-se, cheias de
paixão,
aos pés dos rochedos;
as possibilidades
e a nossa alegria!
De súbito,
nostalgia!
Confusão!
Ficar sem chão
é angustiante.
Não ver
é pavoroso,
perturba os reflexos
exalta os medos,
privilegia as
inseguranças...
De súbito,
porém,
calmaria!
Era só um intervalo
um breve instante
o tempo do nevoeiro,
de nossa perturbação!
A luz emerge
diante dos olhos
das fraquezas,
dos sonhos
do nosso desejo!
Tudo continua ali!
A beleza, o real
e o imaginário,
para nosso deleite!
A tarde
continua,
cheia de promessas!
(Trilha Quidi Vidi, em St John's - NewFoundland)
| Filed in:
Colar de pedras
e não de areia
na praia...
Pedras
transformadas
em pedrinhas,
formas graciosas
arredondadas,
pelo tempo
e pelo mar...
Vivem ali, entrelaçados!
Quando, no seu
movimento
ele se afasta um pouco,
lá vão elas, atrás,
rolando e cantando
em língua de pedra,
seu destino:
- Volte! Volte! Volte!
E ele volta!
Amor fiel
antigo,
desde sempre:
o mar
e elas... ali!
sempre cantando
sempre contente!
| Filed in:
- I don’t speak
english!
Porém,
falo “gentês”!
Língua de gente
que dorme,
acorda
e vive
nos intervalos.
(St John's - Newfoundland and labrador)
| Filed in:
Labirinto
avermelhado
alaranjado
amarelado;
depois cinza
e, finalmente
azulado!
O céu autorizou...
E, saído
do túnel de nuvens,
asas firmes,
alongadas,
o avião
coloriu de luz
cheiros
quentura
leveza
sorrisos
porções de felicidade
e aterrissou
em abraços conhecidos!
(St John's - Newfoundland and Labrador)
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