terça-feira, 12 de julho de 2016 | Filed in:
- Vamos brincar de super-heroína, vovó?
- Vamos! Só que a vovó brinca e prepara o almoço, tá bom?
A proposta não foi muito do agrado da pequena, mas concordou. Sabia que ali só tinha a vovó para fazer o almoço e, ao mesmo tempo, só a vovó para brincar com ela.
- Você precisa me ensinar esta brincadeira, querida; porque a vovó não sabe brincar disto. Quando era pequena, eu brincava de outras coisas. Não conhecia as super-heroínas, só as fadas, as bruxas e as princesas...
- Ta bom, vó, eu te ensino! – e abriu um sorriso gigante!
Nos intervalos entre o cortar legumes, amassar o aipim para fazer o escondidinho; preparar a salada, lavar a louça, lá ia eu, a vovó, entrando no imaginário da pequena; correndo pela cozinha para socorrer uma velhinha perseguida por um assaltante malvado! Salvar um gatinho preso por uma bruxa! Resgatar um bebê que havia caído no rio! Libertar o meu pai e meu avô que estavam prisioneiros de perigosos bandidos... ufa!!! Vida de super-heroína é dura!
Depois de um tempo, cansei! Propus, então, brincarmos de restaurante:
- Eu sou a dona do restaurante e você vem almoçar, tá bom? Pode trazer sua filha (a boneca Pepina)... que tal?
- Sim, vovó! – concordou ela, olhos brilhando; porque pra ela, brincar é tudo! Está sempre pronta!!!
Veio, sentou na mesinha do “restaurante” e ficou aguardando, com a filhinha ao lado, no carrinho.
- Só um minutinho, viu, minha senhora! Minha ajudante não chegou ainda e as coisas estão um pouco atrasadas... mas vou servir um pinhãozinho de aperitivo e um chazinho... pode ser? – falei, como “dona do restaurante e cozinheira”.
- Claro! Tudo bem! Adoro pinhão e chazinho! – falou a minha “cliente”.
Depois de experimentar o “aperitivo”, partilhar o mesmo com a filha Pepina e fazer “mil caras e bocas” a “cliente” elogiou:
- Está uma delícia! Pode servir mais um pouquinho?
Eu servi e quando voltei para as panelas, comecei, repentinamente, a “chorar”. A pequena “cliente” tirou os olhos do pinhão e da filha. Olhou preocupada e perguntou-me, gentilmente, aproximando-se:
- O que foi, dona cozinheira?
- É que daqui a pouco vou receber visitas para o almoço... minha ajudante não chegou e eu não sei cozinhar muito bem....
A “cliente” ficou muito séria, pensativa... de repente, falou, solícita:
- Não se preocupe! Ela vai chegar loguinho e vai dar tudo certo!
- Será? Mas e se ela não chegar? O que vou fazer? - Eu "chorava" insistente e exageradamente.
- Calma! Eu vou torcer por você! – falou a “cliente”, cheia de compaixão.
- Vai torcer por mim? Ai que bom! Obrigada! - falei, animada, no papel da cozinheira.
- Vou sim e a comida vai ficar bem deliciosa! Vou torcer bastante!
E ato contínuo, começou a torcida, batendo palmas:
- Maisa! Maisa! Maisa! Maisa!
Coisa linda!
Era uma torcida entusiasmadíssima! Literal. A fantasia e a realidade transitando de lá para cá, em perfeita sintonia entre nós duas e entre nossos mundos internos e externos. Enchi de abraços e beijos!!!!
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