Ternura

- Vovó, seus óculos estão molhados! –  atenta, falou a pequena, na porta da sua sala de aula, observando os óculos da avó - recém chegada - que estavam pendurados no seu pescoço.
Claro. Retornando da casa da amiga, a vó enfrentara uma forte garoa. Descuidada, não percebera o fato, saudosa que estava para dar um abraço na pequena, que não via desde o dia anterior!
- Deixa eu limpar! – e, ato contínuo, a pequena aproximou-se o mais que pode da avó, puxou a camiseta do uniforme e com a pontinha, começou a secar os óculos da mesma, com determinação e suavidade. E com certa dificuldade, porque a vó estava em pé e ainda num degrau abaixo...
Tudo muito rápido!  Mais rápido do que os reflexos da avó... mas não mais rápido do que a sua emoção... ela abaixou-se e abraçou, com um abraço gigante, de amor absoluto, aquele serzinho, tão pequeno, mas tão  cheio de delicadezas, sensibilidade e de um olhar profundo, que olha e vê; como toda criança!


 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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