Presente






Saiu... Bonito, um perfume discreto; roupa clara e um chapéu elegante. Ainda: fone nos ouvidos e uma sacola deixando à mostra laços, pontas e indícios de um presente.

- Quer que te dê uma carona? – perguntou a mãe.

- Não! – ele disse, tranquilo. E foi descendo as escadas.

Acompanhando seu movimento, através das folhagens, escadas abaixo; depois atravessando a ponte sobre o laguinho, chegando até o portão, a mãe, alternando inquietudes e contida alegria, lembrou: “Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma”...

Lá embaixo, abrindo o portão, o filho olhou para ela, acenou e seguiu seu caminho. Saiu para o mundo, pra vida; levando, além da singularidade e talento, um presente.

Sim! São para o mundo, os filhos. E que fossem, sempre, um presente para o mundo; um presente bem acolhido! E que quando não fossem do agrado, do gosto de alguém ou se eles próprios não se agradassem de algo ou alguém; que não faltasse o respeito para mediar este hiato, a diferença e, sabedoria para valorar e crescer; tornando-se, todos, presentes ainda mais valiosos no seu contexto.

 

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2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

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