quinta-feira, 3 de janeiro de 2019 | Filed in:
Era só
um menino...
Estava
com uma
arma na
mão
em frente
da sua casa,
no
portão.
Conversava
com outro menino
e com uma
menina.
Estufava
o peito e ria!
Fazia
mesuras,
apontava
a arma pra
menina,
pro
menino, não.
Ria e
apertava o gatilho.
O que
saía, não sei não,
mas a
menina mudava de lado,
desconfortável:
- Para
com isto! Que chateação!
Ele não
parava:
empoderado,
insistente,
ria e
apontava a arma
só pra
menina,
pro
menino, não!
Mas era
tudo brincadeira!
A arma
era maneira,
só de
matar passarinho!
Matar
bichinho,
"que
é que tem", né?
Era um
menino que ria,
uma
menina acuada
e outro
menino que fingia
que nada
de mal, ali havia.
Crianças!
Três crianças
reproduzindo
com maestria
o mundo,
os valores,
atitudes
dos adultos:
um
exercitando poder;
outra, a
submissão
e o
outro, a alienação.
Parei e
olhei nos olhos deles.
Olhei
fundo.
O menino
com a arma na mão
não se
envergonhou,
sustentou!
Havia um
vazio, ali.
A menina
baixou a cabeça.
Havia
medo.
O outro
menino lavou as mãos
e se
afastou.
Havia
indiferença.
Em
seguida,
o grupo
dispersou.
Meu
coração,
tamanho
assustamento,
acelerou,
inquietou;
meu pelo,
arrepiou!
Lamento
tanto,
que dói.
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