Aprender


Dá-nos
solidariedade na dor;
nos momentos
de intensa solidão
e de travessia pelas
noites escuras e sombrias
da desconfiança e da maledicência;
do medo e da insegurança,
injustiça e do desamor;
do desamparo e da indiferença;
da intolerância e do preconceito
da insônia e da dúvida;
da intriga e da insensibilidade;
da frieza e da violência;
da incerteza e da ignorância;
da falta de escuta e falta de palavras;
da economia de afeto,
esbanjamento de intolerância;
consumo dos supérfluos
e incentivo ao desrespeito.
Dá-nos um abraço, colo, força!
Ensina-nos sobre entrega,
sabedoria, humildade,
amor e generosidade.

Encontro

Tão bom estar
ao redor da mesa
entre os amigos.
Estar na vida, no mundo
entre os iguais.
Não para sofrer,
Tampouco magoar.
Sim para
partilhar, celebrar! 
Aprender junto,
segurar na mão,
olhar no olho,
confiar na palavra,
reconhecer o erro,
Contemplar e refletir.
Perdoar, enxugar lágrimas;
dar colo. Ser agradecido. 
Semear afeto,
cuidar e recomeçar,
sem medo de acreditar.

O ritual, a flor , o laço e o amor

O ritual de casamento
envolve uma
maravilhosa simbologia!
É rico em metáforas!
E metáforas têm a ver
com poesia,
e poesia com amor,
e amor, com este momento!

Celebramos, aqui,
um enlace!
O enlaçamento de dois...
dois seres
singulares e belos!
Com os quais,
todos nós temos
algum laço.
Estamos todos aqui,
enlaçados pelo
carinho que dispensamos
à Lúcia,  ao Gustavo
e seus familiares.

É assim: uma magia!
Todo encontro
produz um nó
onde se misturam energias,
aromas, sensações,
impressões e sentimentos.
A conseqüência do nó,
é o laço.
O laço adorna o nó!
O nó fica na essência
e o que aparece é o laço.

Quanto mais caprichado,
o nó,
mais bonito é o laço!
O nó não pode ser
muito apertado
porque  magoa,
sufoca, mata.
Também não pode
ser frouxo;
porque aí,
não produz efeito
nem presença, nem beleza,
nem sentido!
Nó fraco, não se sustenta
e não sustenta o laço!

O nó precisa ser firme
e delicado
como uma carícia!
O suficiente para a gente
sentir e vibrar!
nunca para machucar!
Suficiente para permitir
a passagem do ar,
do afeto, da dor, das diferenças
e da liberdade...
arejando pensamentos, sentimentos;
modelando e embelezando
o laço!

O maior de
todos os mestres
ensinou que o maior mandamento
é o amor!
E outro grande mestre
ensinou que no amor
sempre há um que ama mais
e outro que ama melhor...

Que os nossos laços, hoje,
de amizade, fraternidade,
de respeito e de amor
se afaguem, estreitem
e se renovem!

Aqueles de nós
que amam mais
continuem amando
cada dia mais!
Aqueles de nós
que amam melhor
continuem amando,
cada dia melhor!
E num gigantesco
laço de afeto, todo nós
abençoemos 
este laço de amor
reafirmado e assumido, hoje,
por estes nossos queridos:
Lúcia e Gustavo!

Noivos









    Guilherme Schmitz
Dias e noites
moldando
modelando
traços
e formas.
Claro! Só ele!
Cúmplice do afeto,
dos detalhes
e das essências!
Mãos amigas
de irmão
companheiro!
Parceiras do olhar!
Olhar que captura,
recria corpo
sentimento!
Movimento
de olhar
de mãos
de abraço;
de carinho
e cuidado
eternizando
o laço!   

Uma filha, uma netinha

Uma filha,
uma netinha!
Mistura
de tantos “ontens”
vidas vividas
mal dormidas,
bem cumpridas!
Luta e suor,
entrega,
silêncios, buscas
e tanta alegria,
tanto laço,
tanto nó!
Mistura de gens
expectativas
esperas
momentos
suspiros...
Aqui, ali,
de cá e de lá...
Olhos,
sangue
pele
dores
e amores!
Tiques e senões
fatalidades
penações.
Belezas,
Tantas!
E singularidades.
Pequenos e
grandes feitos.
Ah! Tantos jeitos!
Ah! Uma filha,
uma netinha!
Um perfeito encontro
de perdão e
reconciliação.
Promessa de continuidade
e de enfim;
aqui e agora
ou um dia,
lá frente,
felicidade!

Grandes pequenas

Brincava com minha netinha. Ela, mamãe da boneca “Mali” e eu, a vovó das duas. Lindinho demais como ela segura a boneca nos braços e canta: “nana nenê... que a Cuca vem “pegá”, papai foi na “óça”, mamãe foi “tabalhá”... fecha os olhinhos e bate, de levinho, amorosa, nas costas da boneca... e olha pra mim e faz: “sch...sch vovó”, com o dedinho  nos lábios! "Ela tá “dumidu”
No sofá da sala haviam almofadas. Ela deitou a boneca Mali numa das almofadas e continuou ninando... daí, quando achou que ela já estava dormindo, de fato, foi buscar algo no seu quarto. Eu, que estava sentada no sofá, peguei a boneca no colo e continuei ninando. Ao me ver fazendo isto, veio pertinho de mim e disse, muito expressiva e séria: - “Não, vovó! Não podi pegá”.... Acho que demorei um pouco para me aprumar e ela deve ter pensado que eu não iria devolver! Então repetiu: “não pega, vovó! "Respeta" mim"!
Respeta" mim”! Uma pequenina que ainda não tem dois anos, falou isto para mim, hoje! E com propriedade, num contexto adequado.
Depois, voltou para o quarto, anunciando que ia “colhê uma opa” para vestir.  Fui “espiar”. Abriu uma das gavetas do armário e tirou tudo que havia, espalhando pelo chão. Quando me viu, falou: “que baguça”! E, ato contínuo, começou a juntar e recolocar na gaveta. Ao concluir (tudo amontoado na gaveta), completou: “aumô tudo”! “Agora, qué icová denti i passá baton”, vovó”... e riu seu sorriso maroto, apontando para o lugar onde estavam a escova de dentes, o creme dental (que ama!) e o batom “ósa” da vovó!
Muito mais do que só me encantar com o que ela fazia e falava, fiquei introspectiva. Esta consciência de reivindicar respeito para comigo, desenvolvi somente depois de adulta, à duras penas. Sendo que expressar em palavras, assim como ela, ainda hoje, não é tão simples quanto pensar ou escrever. Meu coração palpitou forte, porque ver um ser humano apropriando-se da palavra, usando-a para interagir, proteger-se e demarcar limites, é tudo de bom!
Escutei, atenta, as palavras ditas com doçura e firmeza. Surpresa e emocionada, guardei bem no fundo: “respeta" mim, vovó”! Antes dos dois aninhos! Uma pequena mulher, já cativada pela "maternagem" e por coisas do prazer e fazer feminino! Mas de outro jeito que a bisavó, que a vovó e, também que a mãe. Uma percepção bem singular de si mesma, do seu desejo e do seu lugar. E que precisa de acolhimento, escuta, maturação.
Oh! Pensei no quanto ou quantas mulheres ainda têm que aprender e lutar e gritar "me respeita"! Pensei na delicadeza que temos que ter no trato com estas pequerruchas como ela; que potencializadas, vêm desabrochando... fortes, decididas, num mundo ainda bastante machista, preconceituoso, frágil e inseguro. Não “passar do ponto”: nem além, nem aquém. Trilhar, com elas, sim, o caminho do respeito e do afeto. Sem a marca dos ranços, medos e peso do passado distante e, infelizmente, também próximo; sem a arrogância das conquistas; sem os extremos da repressão ou da permissividade; sem as hipocrisias; sem repetições. Um caminho novo! De afeto, sim! E  de muita escuta e valor a todo “respeta" mim”....


Alquimia

   Imagem de Elcio Limas
Abro os olhos.
A cortina da noite
dilui-se nos braços da aurora...
e as cores do dia...
Ah! Estas me sorriem!
E me encabulam!
Porque me veem
assim, acordando,
despida de reservas
e cuidados, entregue.
E elas bailam
e brilham, e brincam
no céu da manhã suave.
E me chamam!
Meu corpo, tímido
enlaçado por esta alegria
que compõe e
decompõe cores
no alto e no horizonte,
vibra! Ensaia movimentos.
Carinhos e contornos
que se enlaçam
cheios de beleza,
na essência do dia.


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2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

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