sexta-feira, 25 de dezembro de 2009 | Filed in:
Cheguei na casa da minha amiga junto com o jardineiro dela, uma pessoa que encontro seguidamente, lá; sempre sorridente. Um senhor dos seus sessenta anos, forte, aparentemente saudável, bem disposto. Digo aparentemente porque neste dia, quando nos cumprimentamos, ele respondeu, rindo, expressando dubiedade - esta característica comum presente em tantos que falam uma coisa e com os olhos ou sorriso falam outra e por isto não são respeitados ou acolhidos - que não estava bem porque era velho e que ser velho não tinha graça; nada valia a pena, nada tinha importância. Eu não encontrei algo para dizer a ele, mas fiquei com a imagem e palavras dele, empurrando a bicicleta, cabisbaixo, expondo, assim, tão de repente, sua intimidade. Todo mundo fala, até eu, que o mais importante é ter saúde, ter um trabalho com que se ocupar; forças para produzir, criar. E que o resto é o resto. Será? O jardineiro tem tudo isto e faz um trabalho lindo, basta ver o jardim da minha amiga. Será que o que está pesando são as limitações da condição de estar mais velho? Mas não deveria estar sábio e contente com a sua trajetória e porque, afinal, tem saúde e família, filhos, netos? Percebo que há uma infinitude de coisas presentes nesta fala e que são dele; mas percebo, também, que há algo comum e que independe da idade e que em algum momento aparece para todos: a falta. Falta algo e perceber isto é como cair um buraco escuro e sem fim, onde realmente, nada tem importância. De onde vem esta falta? Este vazio? E o que é que se mobiliza, também de repente, em muitos, fazendo com que consigam sair do buraco e se reencantar e outros não?
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1 comentários:
Responder a estas perguntas seria como compreender os anseios dos seres humanos ou algo parecido. Mas é sem dúvida interessante ao menos pensar em possíveis respostas.
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