Bonito! E especialmente hoje, eu me sinto, além de sensibilizada, presenteada com as palavras do poeta! E quando se descobre que é possível transformar a morte em “amor-te”, a vida se dignifica, tornando-se uma celebração cotidiana!
... de bonita!
De tirar o fôlego!
De emocionar
de paralisar o andar...
foi a lua que encontrei
de madrugadinha!
Toda vaidosa, faceira.
Apaixonada!
Sim, só pode!
Bela, envolvente,
na quietude da noite!
Por que se enfeita assim,
somente nas madrugadas?
Só para poucos
(ou só para um?)!
Nossa!
Se durmo mais
um pouquinho,
perco, não vejo
e não me contagio!
Em todos os instantes
despedidas...
Algo está
algo é
e logo em seguida
já se vai...
Fica aquele
fio compriiiiiiiiiiiiiiido
de saudade
alimentando
o que não é mais.
Meigas, mimosas
queridas, suaves
quase perfeitas!
Disponíveis,
solidárias,
atenciosas,
quase anjos!
Tudo suportam,
tudo crêem
nada exigem,
tudo perdoam,
quase santas!
Nos altares
nos asilos,
em casas,
nos locais de trabalhos
nas relações
para se recorrer,
confiar, contar
e demandar;
passivas,
(nocivas?)
quase invisíveis
quase desejadas
quase valoradas
quase respeitadas
quase amadas
quase felizes
quase nada.
Flores brotavam
na intersecção
e abraçavam a cruz
sorridentes
belas
coloridas
singelas
faceiras
entre os
contidos verdes
muito verdes e
mosquitinhos brancos
evidenciando
a parceria
cúmplice
e amorosa
entre força
e fragilidade
dor e alegria
paixão e
redenção.
Mesmo com as
distâncias físicas
por vezes imensas,
a gente sempre está
perto de quem
gosta e admira;
a um passo
de um abraço!
deleto e volto atrás
Um e outro carro passava. Tudo muito tranquilo. Eu observei que umas pombinhas andavam pelo asfalto, mas tinha outras coisas me absorvendo e não me detive. Porém uma senhora sorridente vinha no sentido contrário, apontou uma avezinha e espontaneamente falou: - “olha só, a pombinha não tem medo”! Eu sorri e continuei a caminhada. A frase ficou. De fato, as aves deveriam ficar assustadas com a passagem dos carros e com a dos pedestres, como eu e ela, que passamos bem ao lado de uma delas. Pensei: “é a fome... ela está apavorada, mas tem fome...” Lembrei que na minha cidade natal, no RS, existe uma invasão de pombas e outras aves, que vêm à cidade em busca de comida, uma vez que sua fonte de alimento, nas florestas, matos, cedeu lugar às lavouras de trigo, milho, soja... Por causa do medo, da fome, da luta pela sobrevivência arriscam-se, tornam-se ousadas, agindo e reagindo contra sua natureza. Vejo quero-queros fazendo seus ninhos no jardim da casa de uma amiga, porque a construção de um condomínio os expulsou do lugar onde costumavam colocar e chocar seus ovos... É assim, o medo nos impele, a todos, aos inusitados. Uns se escondem atrás dos muros de suas casas, condomínios e máscaras, isolando-se para se proteger e sobreviver; outros reagem agressivamente, na defensiva, antecipando-se e agredindo primeiro, invadindo o espaço do outro; outros seguem sua rotina sem cuidado, fazendo de conta que tudo está bem e não há perigo; ou mesmo sabendo que há perigo, tentam, porque não há outra alternativa: é morrer ou morrer. Outros tentam articulações, soluções; resistentes e idealistas; doando seu tempo, sua vida. Constante é o desconforto coletivo e o desejo de viver e ser feliz. Mas não há consenso e menos ainda, respeito a isto: viver e ser feliz.