domingo, 14 de março de 2010 | Filed in:
Beirando a estrada solitária, uma grande plantação de eucaliptos (Eucalyptus, do grego, eu + καλύπτω = verdadeira cobertura). Em frente e ao redor, a perder de vista, floresta nativa. O sol declinava, sonolento, despedindo-se com cores suaves e nostálgicas espalhadas pelo céu. Uma brisa gostosa acompanhava a quietude que descia pelos morros convocando a passarada barulhenta para o retorno aos ninhos e ao silêncio... Cotidiano e repetitivo, mas sempre encantador! Observei então, um movimento diferente entre os eucaliptos... Como disse, havia uma brisa sutil, que produzia um efeito prazeroso na pele, no corpo, mas insuficiente para balançar as copas das árvores. E todas que meus olhos podiam abarcar estavam imóveis, centradas, reverenciando o majestoso crepúsculo. Menos os eucaliptos! Entre eles havia um buliço, um alarido! Eles se agitavam, se tocavam e neste movimento produziam um murmúrio, uma melodia singular que convidava à aproximação. Pareciam conversar, ora dançar! Cheguei bem perto e espiei. De fato algo acontecia ali, dentro estava mais escuro que fora, mas havia uma claridade tênue, diferente, que minha imaginação interpretou como mistério, magia e com meus olhos internos eu visualizei elementais, criaturas inefáveis, esvoaçantes e belas; felizes, comemorando a beleza do dia que se despedia e, com certeza, a graça de mais um dia! Sim, porque nestes tempos de devastação e desrespeito à natureza, mais um dia de vida, vale comemorar, especialmente os eucaliptos, que ali, têm um tempo limitado e um destino certo: servir de escora nas edificações de concreto que se erguem e invadem a cidade, feito pandemia.
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