169 - Instante

                 O quintal estava vazio mas não silencioso. O movimento das crianças, suas vozes, risos, chamados, circulavam, vibravam por ali, à sombra da grande árvore, ao redor dos balanços e dos brinquedos. A memória do espaço os guardava. Um vento gentil, de pouco em pouco vinha e movimentava, “varria” folhas vivas que estavam pelo chão de areia... e cada movimento destes repercutia dentro de mim como se fosse uma passagem de tempo. Um tempo precioso, intenso e preenchido em todos os seus espaços. Este meu tempo de quintal, esta minha vida na escola e todos estes meus encontros com estas tantas e tantas vidas, nestes tantos e tantos anos... o tempo tornando a passar e repassar no movimento das folhas pelo chão, por vezes rapidamente, por vezes suavemente; como de fato tudo é... coisas difíceis e morosas; momentos mágicos, prazerosos e fugidios, rápidos ou... vice-versa! De repente, tudo ali, inteiro, presente, num único sopro de vento. A vida parecendo um instante à sombra de uma grande árvore.

 

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2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

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