sábado, 28 de janeiro de 2012 | Filed in:
Logo que entrei no mercado, escutei a cantoria! Agora são dois! Não sei se é um casal, sei que são amigos! Voam de lá para cá, muito juntos; como se temessem separar-se, perder-se um do outro. Imagino a alegria do primeiro, que ficou ali, por tanto tempo sozinho! Como deve ter sido especial quando chegou este outro... acabou a solidão por entre os corredores e lâmpadas, pelos dias e noites sem trégua, metódicos! Será que já tinha acostumado com a solidão, a mesmice? Será que já esqueceu como é o nascer do sol, um dia de chuva e o alvoroço, no fim do dia, retornando ao ninho com o bando?... Apesar desta falta sem remédio, agora tudo mudou, ressignificou! Explorar os ambientes com companhia é outra coisa! Eu os vi apostando corrida de uma gôndola a outra e de uma delas, para o alto, para as luminárias e suportes no teto! Eu os flagrei felizes, cantantes, em evidente exibicionismo um para o outro, sem a menor preocupação com os outros, nós. Imagino também a “paúra” do segundo, quando percebeu-se preso ali, sem conseguir encontrar a saída e como este temor diminuiu quando encontrou um semelhante! Que alívio! Talvez no contexto lá fora, nunca se encontrassem ou não estabelecessem uma relação; não se escolhessem. A circunstância os aproximou e eles não esboçaram resistência; se permitem interagir, espontâneos! Escolhem viver e aproveitar! E estão aparentemente felizes! Porque ninguém há de ficar feliz prisioneiro! Estão felizes com o que podem e têm no momento. Quem sabe estejam mais protegido ali dentro?... De todo jeito, desejo que numa destas, acertem o corredor, encontrem a saída e retomem o mundo real, cheio de desafios, perigos; mas com certeza; com muito mais luz, cores, possibilidades e incógnitas...
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