Bilhete



Capitulina, querida!
         Decidi! Seguir os passos do Filho Pródigo! Largar as ocupações e me ocupar comigo. Fui caminhar na chuva! Tanto tempo que não fazia isto! Outro passo. Faltam outros, mais significativos. Compreendo, após  muitas e tantas tentativas frustrantes, que algumas coisas na vida, podemos mudar, transformar; escolher, ignorar, abandonar. Outras, não. São essenciais e vitais e, mesmo assim, não do jeito que se quer, mas do jeito possível. Sem estas, não dá para ficar. Ou dá, só que a qualidade da vida é ruim, insossa. O deleite da alma nem sempre é o deleite da cabeça, do coração e muito menos do ego. Minha alma anseia liberdade. A liberdade de se expressar e interagir com o que ama e precisa; o que lhe alimenta. O que nem sempre está no convencional e no rol das obrigações e responsabilidades do dia ou do meu papel; mas sempre “às turras” com os conceitos de bem e mal, bom e mau, certo e errado; produzindo, como se pode deduzir, um constante alternar entre o encantamento e  a inquietude. A sensação de estar e não estar na chuva é impressionante! Caminhando ali, sentindo os “respingos”, mas protegida pelo guarda-chuva, sozinha, com os sentidos todos em alerta, senti minha alma deleitar! Vibrar! Na verdade é isto que acontece o tempo todo; deve acontecer: não dá para misturar e diluir nas coisas; é preciso preservar a individualidade e a singularidade. Há um tempo de estar e não estar e, estando, não perder o foco, o que se passa. “Estar na massa e não ser massa”. É um exercício. Estou mas não posso invadir, tomar posse; nem me assujeitar, me deixar explorar, oprimir e comandar. Estou junto, mas não sou dona! Amo, mas não posso impor! É  bom estar junto, mas para isto é preciso saber estar só, separado. Estar e não estar...

 

1 comentários:

Eliciane disse...

Amo os escritos que se referem a Capitulina! Profundos e cheios de significados. Ela deveria aparecer mais! Beijos meus linda Maisa!


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2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

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