domingo, 31 de março de 2013 | Filed in:
Domingo
de Páscoa.
55
anos.
Um
dia lindo!
A
vida, um presente!
A
dor, em trégua:
espaço
para o amor!
E
ressurgi e
fortaleci
com o
abraço
e o sorriso
do
que tenho de mais precioso,
meus
frutos
ali,
comigo,
meus
presentes,
celebrando
a vida!
Por
amor, dá para atravessar
a
morte e a dor
chegar
do outro lado
perdoar
e agradecer.
Recomeçar,
mesmo
que diferente,
nunca
mais do mesmo jeito;
mas
talvez, melhor.
domingo, 24 de março de 2013 | Filed in:
Ouvir
elogios é tão bom! Especialmente daqueles a quem a gente ama, com quem se
compartilha a vida ou partes, pedaços da vida; cotidiana ou esporadicamente. O
elogio impulsiona, fortalece, qualifica, reconhece, constrói e muitas vezes,
salva. Mas o sincero elogio. Este que vem da alma, que não visa nada além do
seu conteúdo. Há elogios superficiais,
enganosos e interesseiros. São como
sortilégios, nos encantam para nos distrair do seu verdadeiro foco e desejo:
nos derrubar, ferir, destruir, diminuir, banalizar, “tirar o tapete”, ali
adiante. Aprendi que elogiar é bom; mas tem que ser com moderação. Eu elogio muito os meus alunos e filhos, nas
suas produções; talvez eu exagere porque, por vezes, eles me devolvem: “Ah, não vale, você sempre
diz que está bonito”... Reconheço que meu primeiro olhar é sempre de
acolhimento e de valoração ao que o outro faz; mas só falo se acredito.
Muitas vezes, o bonito ainda não
aparece, mas sei, intuo que está ali e que mais um pouco, vai aparecer. E
aparece! Isto é diferente de mentir, de
ser falso, o que equivale a dizer: falar sem sentir e acreditar. A escuta e o
acolhimento a qualquer elogio, também exige moderação e cuidado. Aprendo e
ensino que não se pode deixar dominar, envolver e perder a noção das coisas,
diante de uma coisa boa que se faz; diante de um elogio, um reconhecimento ou
seu oposto. Para isto, quem primeiro deve reconhecer nossas qualidades,
capacidades e limitações somos nós mesmos. E um pouco de modéstia não faz mal a
ninguém! Se ficamos feito marionetes, ao prazer da opinião dos outros, positiva
ou negativa, perdemos a identidade e a noção da realidade. Gostei de refletir
isto, hoje, Domingo de Ramos... À entrada de Jerusalém, Jesus foi aclamado,
exaltado como rei pelo mesmo povo inconsciente que logo depois o condenou à
morte, escolhendo Barrabás, um ladrão; quando Pilatos solicitou que optassem
entre um e outro para libertar. O que aconteceu? Eles mentiam, estavam sendo
falsos quando o aplaudiam ou simplesmente, nas duas situações estiveram
inconscientes, massa de manobra, “marias-vão-com-as-outras”... sem refletir,
sem coragem de assumir pensamentos, sentimentos, vontades... Esta insinceridade
ou falta de clareza nos posicionamentos, custa caro. Na história bíblica, uma
vida.
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Páscoa!!! Pronto! As gavetas da memória se abrem e me mostram uma lista imensa de
imagens, sensações, cheiros, toques, cores
guardadas ali, bem vivas e intactas... Na infância, a mãe guardando as
casquinhas dos ovos, que iam sendo usados no dia-a-dia, dentro de uma bacia;
depois a compra dos papéis coloridos, fininhos e lisinhos como uma seda e que a
mim pareciam mágicos... ficava observando, encantada, a mãe cortando as
tirinhas, molhando na água, depois enrolando-as nos ovos e finalmente,
colocando-os no forninho do fogão a lenha. E então, a maravilha! Depois de alguns
minutos, ela retirava os ovos do forno: estavam coloridos e as tirinhas de
seda, ressequidas e pálidas ao redor! Como num passe de mágica, a cor dos
papéis passara para os ovos! Que alegria! Quanta emoção! Estes ovos apareciam,
dias depois, nas nossas cestas, minha e dos meus irmãos, na manhã do domingo de
Páscoa! Cestas que tínhamos que procurar, pois estavam escondidas em lugares
inimagináveis! Que angústia para aquele que via os irmãos encontrando as suas,
sem conseguir descobrir o esconderijo da sua... mas que alegria, encontrá-la e
depois conferir o que estava ali dentro! Quanto bem, quanto alimento para a
imaginação, para a alma! E eram coisas muito, muito simples! Mas o máximo, o
super, para nós! Depois íamos na casa da vó Aurélia e lá sempre havia uma
cestinha nos esperando, com alguns doces que a vó fazia e ovos, também
coloridos; só que os da vó, eram ovos cozidos, que tínhamos que consumir logo!
Gostávamos de pegar e quebrá-los na cabeça um do outro! Sabíamos que estavam
cozidos!!!! Era uma delícia! Quebrar e depois comer! E a memória vai
descortinando mais coisas: cheirinhos e sensações capturados em algumas daquelas manhãs e que
ficaram marcados, eternizados ali... grama cheia de orvalho, cheiro de capim;
manhãs luminosas, com sol radiante, céu azul e um friozinho gostoso; abraços e
sorrisos dos adultos queridos; família reunida para almoço e conversas
prolongando-se pela tarde... O gosto do doce associado a estas coisas boas de
proximidade, sensação de proteção, afeto, carinho, de pertencer a algo! Um pouco
mais tarde... quando? Quantos anos depois? Não sei, mas a conotação religiosa
em algum momento entrou. A igreja, o padre, os rituais. Muita gente erguendo
ramos verdes, cantos, cheiro forte e doce, ao mesmo tempo (incenso) vindo junto
com a fumaça que saía de um potinho (turíbulo)... domingo de ramos! As imagens
da igreja cobertas com um pano roxo, escondendo algo, um mistério... a
procissão, caminhada longa, pelas
“subidas e descidas” das ruas ligando as duas igrejas católicas da
cidade... culminando com discursos exaltados dos padres e depois com a fila,
para beijar o Jesus morto, dentro da igreja. Dois depois, a missa triunfal da
ressurreição; uma festa para o Jesus que “vivia de novo”! Quanta emoção diante
de coisas que não entendia, mas que mexiam muito com meu mundo interior, minha imaginação. Mais tarde, na juventude,
tudo, gradativamente, teve uma outra conotação, com o amadurecimento; com as
informações, com a compreensão dos fatos históricos, da simbologia, das
metáfora e dos mergulhos nestas questões filosóficas e espirituais; que tiveram
sempre um lugar e marcaram a vida, em todos os momentos e contextos. E deste tempo, muito vivas as imagens do
grupo de jovens, dos amigos inesquecíveis; das nossas caminhadas, na sexta-feira santa, antes
do nascer do sol, para colher “macela” (marcela para alguns); dos encontros,
das reuniões, dos ensaios e representação da “Paixão de Cristo”; das reflexões
e conflitos, buscando entender e “casar” as questões religiosas com as sociais,
com a realidade, com as contradições que percebíamos nos discursos e práticas
dos adultos e da sociedade... E a memória continua, lúcida e precisa, trazendo recordações mais recentes, da
vida adulta. Eu mãe, querendo oportunizar aos filhos, este mesmo encontro com a
magia, a beleza; mesmos valores, ideais e ideias envolvendo a Páscoa... algo bastante difícil
e quase infrutífero, porque os tempos são outros, com pouco espaço para encantamentos
e “magias”; com muita racionalidade, muita realidade já para os pequenos; muito
apelo para consumir, gastar, comprar pronto, pular fases e incentivo para a reprodução precoce dos comportamentos,
falas, gostos e atitudes dos adultos.
Muita secura, vazio, banalização e superficialidades povoando a infância destes
nossos dias. Como foram importantes a fantasia e a imaginação nos momentos de brincadeira
ou solidão e abandono de fato, ou somente a sensação ou o fantasma deles, na
infância. Ajudaram a suportar, transformar, organizar, amadurecer e enriquecer a vida. Semana Santa: santa de
ser boa e especial. Boa de “coisas boas” para lembrar,
fazer, experimentar, descobrir. Boa nas tentativas, no exercício de “juntar” passado
e presente; vida e religião, matéria e espírito; corpo e alma; saudades e
realidades; o possível e o impossível, o palpável e as sutilezas... Especial
de nos destacar como indivíduos, sujeitos únicos e insubstituíveis neste universo
de tantas criaturas. A tal ponto de uma "divindade" vir até o nosso nível e dar a
vida por amor a nós (independente de ter sido exatamente assim ou não, de ser
realidade ou fantasia). Maior prova de amor não há. Quem ama sabe. Sabe porque
dá a vida, a qualquer hora, em qualquer dia, num impulso, sem refletir, nem
questionar, para o ser amado. Só depois que encontrei em mim mesma esta certeza
e disposição em dar minha vida por aqueles que eu amo, se isto fosse preciso
para que fossem felizes, ficassem bem; entendi alguns destes mistérios
apaixonantes que envolvem a Páscoa.
sábado, 23 de março de 2013 | Filed in:
Lindo o dia
que nasceu
menino feliz !
Chamando a gente
cedinho,
para acordar,
vestir leveza
pegar o sonho
a pipa, o livro,
o chapeú
e sair por aí...
fazer coisas
de ser feliz!
quarta-feira, 20 de março de 2013 | Filed in:
Tempo fechado
nuvens carregadas,
chove sem preguiça
decididamente.
Tudo quieto
só a chuva fala!
Fala, chora e canta
o que foi
e o que é.
Toda natureza
se cala e ouve...
Até o horizonte
fecha os olhos...
e por instantes
é só isto e mais
nada:
círculo fechado
momento de pausa.
Só o tempo,
disfarçado
e silencioso
não para.
terça-feira, 19 de março de 2013 | Filed in:
Nesta
manhã chuvosa, propícia para uma conversa, um chá e silêncios preenchidos de
cumplicidades; me encontro atarefada, um pouco ansiosa com tantas coisas para
fazer e com o tempo restrito a me sussurrar que terei que fazer uma escolha (e
rápida) entre o que preciso e o que
desejo fazer; pois não há maneira de conciliar... de repente escuto alguém
chamando por mim. Puxa! Não queria falar com ninguém! Tão bom este silêncio!
Ficar aqui, no meu cantinho, só com minhas coisas, por alguns minutos, por uma
manhã... atualizar a vida comigo mesma; mesmo que sejam as coisas do dever as
priorizadas. Logo identifiquei a voz do meu pai e seus passos um tanto
inseguros subindo as escadas até chegar aqui, no mais alto do alto da minha
casa, no meu esconderijo e refúgio, de onde tenho a visão de estar plantada no
meio da floresta ao redor! Respirei fundo, tentando não imaginar nada; inutilmente,
porque de antemão já vislumbrei a figura dele, ofegante, me fazendo alguma
queixa ou solicitação de algo. Mas fui surpreendida! Ele chegou no topo da
escada e entrou no recinto com as mãos estendidas para mim: - “olha aqui, minha filha, trouxe este
lanchinho pra você”! Meu coração quase parou! Tamanha singeleza e ternura
do gesto. Veio lá de baixo, da casa dele (que fica no meu pátio), subindo
tantas escadas só para me fazer um agrado!
- “Não sei se você vai gostar,
minha filha, mas eu trouxe este lanchinho pra você, sei que está trabalhando e
não vai sair daí para comer”... eu o interrompi com um abraço! Feliz e
tocada com o carinho inesperado e sentindo-me culpada pelos pensamentos
anteriores. Agradeci muito! E ele saiu dizendo que eu merecia muito mais. Como
pode isto? Estas coisas “pequenas-grandes” que de repente invadem a vida da
gente, fazendo tanto bem e que não têm preço... fazendo a gente (re)pensar num
sem fim de coisas... São coisas de pai, coisas de mãe, coisas de quem ama. Algo
que entra e sai no cotidiano da gente, gratuita, despretenciosa e sutilmente;
deixando sempre um perfume inexplicável de benquerer, de ternura, de calor na
medida certa, como se fosse uma carícia na alma. Eu me sinto, agora, revigorada
e amada. E é só o que preciso para seguir em frente; olhando para o dia, para
minha vida e tudo que me é querido, com o coração arejado; a alma cheia de amor, ternura e poesia!
sexta-feira, 8 de março de 2013 | Filed in:
Bonito
demais
pousar o
olhar
ali
fora,
ver
as minúcias
e
as grandezas;
o
dia que nasce,
a
flor à beira do lago
a
chuva, o luar...
as
relações
e
as sutilezas!
Mas
que coisa esta
tão
grande,
tão
mágica
de
olhar dentro!
Fechar
os olhos
e
encontrar...
todo
este mundo ali,
cheio
de música
palavras,
sintonia,
teu
abraço
tua
mão
teu
olhar!
terça-feira, 5 de março de 2013 | Filed in:
(Imagem: internet)
Dias econômicos
justos feito segunda
pele:
não gosto!
Quando os minutos
de tão apertados
saem espremidos e
ásperos
e na pressa,
sem um enfeite
sem uma cor.
Não gosto
da economia
de sons e alaridos
de movimento
e dos sentidos.
O momento apressado,
como roupa que
encolheu
aperta, incomoda,
limita;
os braços caem,
vazios!
De horizonte, de mim
de ti, de calor...
Gosto dos dias
frouxos
do desperdício do
olhar
que se espreguiça
se espicha e se
demora!
Das reticências e
exclamações
que “infinitizam”
o que se sente,
o que vai pelas
entrelinhas
do único instante!
Das roupas largas
que, apenas e
suavemente
contornam...
como uma carícia!
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