terça-feira, 19 de março de 2013 | Filed in:
Nesta
manhã chuvosa, propícia para uma conversa, um chá e silêncios preenchidos de
cumplicidades; me encontro atarefada, um pouco ansiosa com tantas coisas para
fazer e com o tempo restrito a me sussurrar que terei que fazer uma escolha (e
rápida) entre o que preciso e o que
desejo fazer; pois não há maneira de conciliar... de repente escuto alguém
chamando por mim. Puxa! Não queria falar com ninguém! Tão bom este silêncio!
Ficar aqui, no meu cantinho, só com minhas coisas, por alguns minutos, por uma
manhã... atualizar a vida comigo mesma; mesmo que sejam as coisas do dever as
priorizadas. Logo identifiquei a voz do meu pai e seus passos um tanto
inseguros subindo as escadas até chegar aqui, no mais alto do alto da minha
casa, no meu esconderijo e refúgio, de onde tenho a visão de estar plantada no
meio da floresta ao redor! Respirei fundo, tentando não imaginar nada; inutilmente,
porque de antemão já vislumbrei a figura dele, ofegante, me fazendo alguma
queixa ou solicitação de algo. Mas fui surpreendida! Ele chegou no topo da
escada e entrou no recinto com as mãos estendidas para mim: - “olha aqui, minha filha, trouxe este
lanchinho pra você”! Meu coração quase parou! Tamanha singeleza e ternura
do gesto. Veio lá de baixo, da casa dele (que fica no meu pátio), subindo
tantas escadas só para me fazer um agrado!
- “Não sei se você vai gostar,
minha filha, mas eu trouxe este lanchinho pra você, sei que está trabalhando e
não vai sair daí para comer”... eu o interrompi com um abraço! Feliz e
tocada com o carinho inesperado e sentindo-me culpada pelos pensamentos
anteriores. Agradeci muito! E ele saiu dizendo que eu merecia muito mais. Como
pode isto? Estas coisas “pequenas-grandes” que de repente invadem a vida da
gente, fazendo tanto bem e que não têm preço... fazendo a gente (re)pensar num
sem fim de coisas... São coisas de pai, coisas de mãe, coisas de quem ama. Algo
que entra e sai no cotidiano da gente, gratuita, despretenciosa e sutilmente;
deixando sempre um perfume inexplicável de benquerer, de ternura, de calor na
medida certa, como se fosse uma carícia na alma. Eu me sinto, agora, revigorada
e amada. E é só o que preciso para seguir em frente; olhando para o dia, para
minha vida e tudo que me é querido, com o coração arejado; a alma cheia de amor, ternura e poesia!
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