segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016 | Filed in:
Poças
d’água
folhas
cansadas
pisoteadas
galhos
partidos
pequenas
corredeiras
junto
ao meio fio...
embaixo
do guarda-chuva
um
mundo!
Melodias
conversas
sussurros...
acarinham
uma
solidão
compartilhada
com
estas criaturas
no
asfalto.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016 | Filed in:
No
caminho,
rosas!
Três!
Sorrindo
beleza
e
perfume
naquele
momento azul
da
manhã.
Intensas.
Ali.
Sem
porquês,
sem
conjugações.
Eram
rosas,
cada
uma
uma.
Eu
era uma lente
fazendo
recortes
desnecessários...
Bastava
a entrega,
como
a delas;
inteiras
e belas,
ali.
Intensas.
Naquele
exato
e
único momento:
o presente.
Só.
domingo, 21 de fevereiro de 2016 | Filed in:
Vejo
em mim e vejo nos outros, o peso. O peso dos ranços, das mágoas, das invejas,
dos ciúmes, das ignorâncias! Peso dos preconceitos, tabus e hipocrisias. Peso
dos medos e inseguranças. O peso do orgulho; da infantilidade.
Um
peso que bloqueia. Não deixa voar, dançar; nem caminhar; muito menos abraçar;
acessar à linguagem dos carinhos sinceros, espontâneos.
Um
peso que não deixa o ar circular e arejar os sentimentos e pensamentos. E por
isto, difícil aceitar o outro, sua felicidade, suas idéias, sua singularidade,
seus talentos, seu sucesso; suas falhas e demandas.
Peso grande. Insuportável. Que produz
mau humor, fofoca, asperezas, indiferença, malícia, rejeição e injustiça. E devolutivas
de mau humor, fofoca, asperezas, indiferença, malícia, rejeição e injustiça.
Um
peso grande demais para levar, sustentar, se ocupar. Não sobra nada para o
outro; para olhar para o lado, para cima ou para baixo: só para o próprio umbigo!
Peso que inviabiliza a compaixão e a contemplação. O êxtase. Limita o
riso, a paciência, a tolerância. Exaure o respeito. Banaliza a mão estendida.
Esvazia o olhar. Azeda o vocabulário. Abrevia a beleza.
Hoje, depois de algumas horas desaparecida, nossa gatinha Roxo Charrruel
voltou para casa. Sua irmã, a Chanson Bege, passou este tempo todo chamando por
ela, miando ao redor da casa; expressando sua saudade, sua preocupação. Quando
Roxo voltou, Chanson correu para ela e a lambeu; enroscou-se nela e as duas ficaram se acarinhando, felizes uma
com a outra! E m o c i o n a n t e! De uma beleza e doçura capaz de derreter um
iceberg em alto mar...mas não um iceberg de um olhar indiferente, sabemos.
Senti ciúmes do vídeo! Ciúmes das gatinhas, hoje. Ciúmes deste benquerer
que não mede, não condiciona, não compara. Que é inteiro e íntegro. Exposto. E
senti desejo imperioso de escrever sobre isto.
Nossa!
Sou uma alienada? Não falo, não curto, não compartilho e não escrevo nada sobre
a crise política e econômica do país; não repudio e nem escracho a presidente; não
repasso notícias envolvendo escândalos, mazelas do cotidiano da cidade, do país.
Não sei identificar o verdadeiro do
falso, neste aspecto. Isto não captura meu olhar. A dor, sim. A injustiça, sim.
Falo delas ao contrário e bem de perto. Observo e fico profundamente tocada. E
reflito. Um dia, sobre um jovem que assassinou outro, covardemente, escreveram: “é um lixo”. Esta expressão ficou
ecoando dentro de mim por dias. Não podia acreditar que se referisse a um ser
humano. E como um ser humano havia se transformado num lixo... Eu me perguntei:
- Quem produziu este lixo? Muitos queriam matá-lo; livrar-se do lixo. Assim
como livram-se do seu lixo doméstico; julgando que ele, sendo levado pelo caminhão
que o recolhe, acaba ali. Eu já tinha
uma preocupação crescente e incômoda com o lixo que produzo em casa e com o que
produzimos no planeta... agora, então, este novo significante “lixo humano”,
tira meu sono. Não me conformo que tenhamos chegado a isto! Não acuso e não
defendo. Eu me pergunto: o que fizemos? O que faremos? O que farei a respeito?
Eu tenho um campo de ação. Uma sala de
aula. Ali eu trabalho. Ali eu oficio. Por vezes, eu me sinto profundamente
pesada. As coisas não andam. Mas quando consigo despir-me do peso; vestir-me de
leveza, liberar as asas, o sorriso e o acolhimento... voamos e passeamos encantados,
pelo mundo, nossa casa, reconhecendo e acarinhando nossos irmãos! E a esperança
me abraça! E eu me entrego, feliz!
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016 | Filed in:
Quando
a dor
migra
às profundezas;
a
impotência
lava
as mãos
e
a tristeza
finge
indiferença;
o
corpo
despedaça.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016 | Filed in:
Uma
amiga já é presente
na
vida da gente!
Amiga
jardineira,
então,
quem não quer,
quem
nunca quis?!!!!
É
movimento, encontro,
cafezinho,
troca de
significantes
e silêncios
num
jardim de acolhimento,
cores
e flores...
infinitas
sutilezas!
Onde
esvoaçam
perfumes,
misturas,
delicadezas
e
profundo
querer
bem;
dia
sim,
outro
também!
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016 | Filed in:
Quando criança, o CHORÃO, a “árvore que
chorava” (segundo os adultos), mexia comigo... Como uma árvore podia chorar? E
por quê? A imaginação “corria solta”! Até que plantaram uma no jardim de nossa casa, na rua Roberto Low. Só que quando
cresceu, tinha jeito de chorão; era lindo como os outros; mas não era um chorão como os outros. Tinha
flores, uns cachos vermelhos! Então me disseram que era um “chorão alemão”! E
cresci chamando-o assim.
Há pouco tempo, descobri que seu nome científico é
callistemon; popular escova-de-garrafa! Mas, quer saber? Prefiro o meu: “chorão
alemão” e todas as histórias que construí a respeito do seu “choro”.
Minha
família mudou-se daquela casa, mas ele permaneceu lá... Acho que ainda não é
um chorão vovô, como eu e meu irmão já somos,
agora. As árvores têm outro tempo...
Em novembro do ano passado, passando por
aquela rua, tirei esta foto dele. Parece um jovenzinho, ainda. Lindo! Saudade!
domingo, 14 de fevereiro de 2016 | Filed in:
Quando a noite
de magia e encantos
abraça e esconde o dia,
ela, a jovem Nenúfar
se abre e aparece...
Ah! Uma Cinderela! E reina,
no lago, noite inteira,
sob olhos apaixonados... bela!
A luz e os raios do sol
badalam o fim do sonho
e ela se esconde
dos olhares de toda gente!
Ele, o amado,
o brilho da noite,
gira o mundo
buscando por ela!
Lá no fim do dia
o reencontro!
Amor e beleza
... na cumplicidade do lago!
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016 | Filed in:
Nos
últimos três meses, olhei muito para o nosso flamboyant. Sentia uma imperiosa
necessidade de contemplá-lo. Ele tornou-se uma bela e jovem árvore, alta e
esguia. E florida! Pela primeira vez, floresceu! E suas flores foram
desabrochando lentamente... cada dia, uma! E, de repente, eram muitas. Lindas! Eu
sentia apreço, ternura, gratidão por tanta beleza no meu quintal e, uma sensação
de culpa, como se estivesse dando pouca atenção a ele, pelo tanto que
representava.
Era tímido, nosso flamboyant. E mágico!
Sim, porque num piscar de olhos, estreitava num abraço longo, o lago e com suas
folhinhas, cobria o chão e tudo que estivesse embaixo. Não vencíamos varrer!
Tampouco ver quando caíam....acho que talvez porque não caíssem, flutuassem...
suaves e silenciosas. Discretas.
E era lindo observar o céu através
de seus galhos! Um dia, inusitadamente, pensei: - preciso tirar uma foto dele! Registrar esta beleza... antes que acabe... e tirei. Logo em seguida,
perdi aquele celular e, consequentemente, as fotos do flamboyant florido... eu planejava tirar outra foto... mas não deu tempo!
Como se fosse profecia, de fato acabou! Hoje, nosso flamboyant se foi... Tombou, durante uma ventania, suave e silenciosamente
sobre o lago. Os fios da rede elétrica, a pérgola e os galhos do pequeno plátano
sustentaram seu corpo enquanto nos refazíamos do choque e nos organizávamos
para tirá-lo dali.
Chovia muito. Relâmpagos e trovoadas
interrompiam nosso silêncio: meu, do meu marido e do meu filho. Trabalhávamos
na chuva, equilibrando escada, usando serrotes e cordas para colocá-lo no chão
e evitar danos. Doía ouvir o barulho do serrote cortando seus galhos e estes
desprenderem-se do corpo, sem um gemido... Tão jovem! Tão bonito! Cheio de
flor! Tão entregue! Por quê?
O vazio dele está ali, entre os antúrios.
Estará, amanhã e depois e depois, na ausência do seu reflexo e de sua sombra
sobre o lago e do tapete de suas folhas
no chão. Uma ausência, um vazio preenchido de beleza e BEM. Lamento que em foto, o
registro que fica, é dele caído... Mas
sua beleza e suas flores estão registradas dentro de mim; num lugar onde
ninguém pode roubar e nem eu perder. Li, um dia destes, que na vida, a gente
ganha ou aprende. São lições de amor.
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