domingo, 21 de fevereiro de 2016 | Filed in:
Vejo
em mim e vejo nos outros, o peso. O peso dos ranços, das mágoas, das invejas,
dos ciúmes, das ignorâncias! Peso dos preconceitos, tabus e hipocrisias. Peso
dos medos e inseguranças. O peso do orgulho; da infantilidade.
Um
peso que bloqueia. Não deixa voar, dançar; nem caminhar; muito menos abraçar;
acessar à linguagem dos carinhos sinceros, espontâneos.
Um
peso que não deixa o ar circular e arejar os sentimentos e pensamentos. E por
isto, difícil aceitar o outro, sua felicidade, suas idéias, sua singularidade,
seus talentos, seu sucesso; suas falhas e demandas.
Peso grande. Insuportável. Que produz
mau humor, fofoca, asperezas, indiferença, malícia, rejeição e injustiça. E devolutivas
de mau humor, fofoca, asperezas, indiferença, malícia, rejeição e injustiça.
Um
peso grande demais para levar, sustentar, se ocupar. Não sobra nada para o
outro; para olhar para o lado, para cima ou para baixo: só para o próprio umbigo!
Peso que inviabiliza a compaixão e a contemplação. O êxtase. Limita o
riso, a paciência, a tolerância. Exaure o respeito. Banaliza a mão estendida.
Esvazia o olhar. Azeda o vocabulário. Abrevia a beleza.
Hoje, depois de algumas horas desaparecida, nossa gatinha Roxo Charrruel
voltou para casa. Sua irmã, a Chanson Bege, passou este tempo todo chamando por
ela, miando ao redor da casa; expressando sua saudade, sua preocupação. Quando
Roxo voltou, Chanson correu para ela e a lambeu; enroscou-se nela e as duas ficaram se acarinhando, felizes uma
com a outra! E m o c i o n a n t e! De uma beleza e doçura capaz de derreter um
iceberg em alto mar...mas não um iceberg de um olhar indiferente, sabemos.
Senti ciúmes do vídeo! Ciúmes das gatinhas, hoje. Ciúmes deste benquerer
que não mede, não condiciona, não compara. Que é inteiro e íntegro. Exposto. E
senti desejo imperioso de escrever sobre isto.
Nossa!
Sou uma alienada? Não falo, não curto, não compartilho e não escrevo nada sobre
a crise política e econômica do país; não repudio e nem escracho a presidente; não
repasso notícias envolvendo escândalos, mazelas do cotidiano da cidade, do país.
Não sei identificar o verdadeiro do
falso, neste aspecto. Isto não captura meu olhar. A dor, sim. A injustiça, sim.
Falo delas ao contrário e bem de perto. Observo e fico profundamente tocada. E
reflito. Um dia, sobre um jovem que assassinou outro, covardemente, escreveram: “é um lixo”. Esta expressão ficou
ecoando dentro de mim por dias. Não podia acreditar que se referisse a um ser
humano. E como um ser humano havia se transformado num lixo... Eu me perguntei:
- Quem produziu este lixo? Muitos queriam matá-lo; livrar-se do lixo. Assim
como livram-se do seu lixo doméstico; julgando que ele, sendo levado pelo caminhão
que o recolhe, acaba ali. Eu já tinha
uma preocupação crescente e incômoda com o lixo que produzo em casa e com o que
produzimos no planeta... agora, então, este novo significante “lixo humano”,
tira meu sono. Não me conformo que tenhamos chegado a isto! Não acuso e não
defendo. Eu me pergunto: o que fizemos? O que faremos? O que farei a respeito?
Eu tenho um campo de ação. Uma sala de
aula. Ali eu trabalho. Ali eu oficio. Por vezes, eu me sinto profundamente
pesada. As coisas não andam. Mas quando consigo despir-me do peso; vestir-me de
leveza, liberar as asas, o sorriso e o acolhimento... voamos e passeamos encantados,
pelo mundo, nossa casa, reconhecendo e acarinhando nossos irmãos! E a esperança
me abraça! E eu me entrego, feliz!
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