quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016 | Filed in:
Nos
últimos três meses, olhei muito para o nosso flamboyant. Sentia uma imperiosa
necessidade de contemplá-lo. Ele tornou-se uma bela e jovem árvore, alta e
esguia. E florida! Pela primeira vez, floresceu! E suas flores foram
desabrochando lentamente... cada dia, uma! E, de repente, eram muitas. Lindas! Eu
sentia apreço, ternura, gratidão por tanta beleza no meu quintal e, uma sensação
de culpa, como se estivesse dando pouca atenção a ele, pelo tanto que
representava.
Era tímido, nosso flamboyant. E mágico!
Sim, porque num piscar de olhos, estreitava num abraço longo, o lago e com suas
folhinhas, cobria o chão e tudo que estivesse embaixo. Não vencíamos varrer!
Tampouco ver quando caíam....acho que talvez porque não caíssem, flutuassem...
suaves e silenciosas. Discretas.
E era lindo observar o céu através
de seus galhos! Um dia, inusitadamente, pensei: - preciso tirar uma foto dele! Registrar esta beleza... antes que acabe... e tirei. Logo em seguida,
perdi aquele celular e, consequentemente, as fotos do flamboyant florido... eu planejava tirar outra foto... mas não deu tempo!
Como se fosse profecia, de fato acabou! Hoje, nosso flamboyant se foi... Tombou, durante uma ventania, suave e silenciosamente
sobre o lago. Os fios da rede elétrica, a pérgola e os galhos do pequeno plátano
sustentaram seu corpo enquanto nos refazíamos do choque e nos organizávamos
para tirá-lo dali.
Chovia muito. Relâmpagos e trovoadas
interrompiam nosso silêncio: meu, do meu marido e do meu filho. Trabalhávamos
na chuva, equilibrando escada, usando serrotes e cordas para colocá-lo no chão
e evitar danos. Doía ouvir o barulho do serrote cortando seus galhos e estes
desprenderem-se do corpo, sem um gemido... Tão jovem! Tão bonito! Cheio de
flor! Tão entregue! Por quê?
O vazio dele está ali, entre os antúrios.
Estará, amanhã e depois e depois, na ausência do seu reflexo e de sua sombra
sobre o lago e do tapete de suas folhas
no chão. Uma ausência, um vazio preenchido de beleza e BEM. Lamento que em foto, o
registro que fica, é dele caído... Mas
sua beleza e suas flores estão registradas dentro de mim; num lugar onde
ninguém pode roubar e nem eu perder. Li, um dia destes, que na vida, a gente
ganha ou aprende. São lições de amor.
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3 comentários:
:(
:(
Obrigada, "filotes"!
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