quinta-feira, 19 de abril de 2018 | Filed in:
Um dia, um momento de grande
alegria, emoção e honra para mim foi este, de estar ao lado dele e ter junto,
minha neta!
Ele, no entanto, não estava
sentindo como eu. Contou-me que se sentia envergonhado por precisar deixar sua
tribo, lá no nordeste do país e se deslocar, graças à intervenção e favor de
outros, para divulgar e conseguir recursos à sobrevivência dos seus; uma vez
que a terra e a água, onde viviam, cansadas, não ofereciam mais esta condição.
Doeu fundo. Que dívida
impagável nós temos com os povos indígenas! Assim como com os negros! Só muito
amor, perdão, humildade e benquerer para cuidar destas feridas, destas marcas
esculpidas no corpo e na alma.
Seria
de esperar que o tempo, o progresso, a educação tivessem oportunizado o
aprendizado e a evolução do ser humano em relação aos seus erros históricos.
Temos exceções, mas a discriminação e o preconceito, ervas daninhas, se
alastram, em pleno século XXI, corrompendo e destruindo laços, possibilidades
de encontro. Fortalecendo os muros e as máscaras. Pessoas continuam se
colocando acima das outras e pessoas continuam padecendo e seguindo à margem.
Muitas coisas são possíveis consertar,
organizar, melhorar através de lutas, movimentos, negociações e leis. Mas respeito,
consideração, reconhecimento de que o outro é um ser humano também, com os
mesmos direitos e deveres, independentemente de como ele seja; estes, lei nenhuma consegue colocar dentro da cabeça
e do coração de quem não sente, não pensa e não quer isto. É algo de outra
ordem. Vem de herança. Mas também pode ser construído através do exemplo;
através da educação do olhar, da sensibilidade, da palavra e da consciência. E
é isto que alimenta a esperança e mantém nosso olhar “encharcado de horizonte”,
como diz o poeta gaúcho! Podemos mudar!
Só muito amor, perdão,
humildade e benquerer para cuidar destas feridas, destas marcas esculpidas no
corpo e na alma. Vontade política e ética para (re)organizar nossa cabeça,
nosso coração e nossa sociedade com justeza.
Dançaremos, um dia, misturados
e fortes, celebrando o dia de cada um e das singularidades, com orgulho e
respeito?
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