sábado, 2 de fevereiro de 2019 | Filed in:
- “Vovó, sei contar até mil”!
- Ah! É?
- “Sim!
Quer ver? 1, 2, 3, 4, 5”...
E
seguiu contanto ... mexendo numa coisa ali, virando para cá, para lá; a todo momento conferindo se eu estava atenta à sua contagem.
- ...
“95, 96, 97, 98, 99, 100”!!!
Parou.
Nos olhamos. Ela fechou os olhos e buscou algo dentro de si... mas por pouco
tempo. Então falou, muito tranquila:
-
“Acho que só sei contar até 100, vovó”!
-
Mas olha, querida... é bem fácil: só repetir os numerais ... Agora vem o 101,
102... – e continuei a contagem, imaginando que ela iria me seguir e ficar
muito faceira com a descoberta! Já me preparava para a longa sequência numérica que
viria, mas ela, no ato, interrompeu:
-
“Não, não, vovó! Não quero saber! Pra que
eu tenho a escola? Já imaginou que chato eu chegar lá, já sabendo as coisas?
Daí não vai ter graça! Deixa, deixa! Vou aprender lá! Vamos brincar de outra
coisa, vovó! Vamos brincar de forca”?
Bah!
Um
texto completo. Uma sequência além de mil! Nada a acrescentar. Muito a refletir sobre o universo adulto, as inquietudes, as certezas, a ansiedade em dar respostas, apontar caminhos, acelerar aprendizados, falar muito e escutar pouco. Depois disto coube, sim, um silêncio. Um majestoso silêncio... pleno de significados; de respeito
e gratidão pela oportunidade de reaprender com uma criança: é o presente que
importa; “não apresse o rio”!
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