quarta-feira, 20 de março de 2019 | Filed in:
O
interessante é que acessar ao conhecimento nem sempre elimina o fantástico;
acresce! A natureza, a organização e a interligação das coisas, dos astros, dos
elementos, das criaturas e de tudo isto que nos constitui e rodeia, não cabem
na caixinha de definições, conceitos e comprovações científicas. Extravasam! De
tão fantásticas! Surpreendentes!
Coisa
mais linda as mudanças de estações que, por sua vez, provocam mudanças,
alterações em todas as criaturas, na ordem e no movimento de tudo que existe...
é apaixonante! Impossível não ver, não sentir.
Hoje
vivemos o equinócio do outono, fenômeno
astronômico que marca o início da primavera, no hemisfério norte e do outono, aqui, no hemisfério sul. Civilizações
antigas consideravam este momento muito especial e comemoravam com celebrações
diversas; atribuindo ao fato, significados que iam muito além das mudanças
climáticas e da paisagem. Para muitos, um momento de equilíbrio
entre as forças da luz e das trevas. Outros associavam o momento à colheita: de
alimentos e, subjetivamente, das escolhas e atitudes.
Hoje, alguns ainda creem que o outono seja um tempo de interiorização
e preparo para iniciar novos projetos, repensar outros. Um tempo de mudança. A
queda das folhas e o amadurecimento de vegetais e frutos ilustrariam isto. Um
tempo de delicada melancolia e também de grande beleza e inspiração.
Não fico indiferente a tudo
isto. Nasci no outono e me
identifico com suas características e metáforas. Quando era criança, observava, com admiração, as folhas que se desprendiam das árvores e o efeito que seu
colorido produzia cobrindo as calçadas próximas de casa... eu me deleitava
caminhando sobre elas e vendo-as rodopiar, feito pequenos redemoinhos, pelas
ruas, ao ritmo do vento... para mim, era pura magia! Não entendia como as árvores,
despidas das folhas, não morriam... tinha pena de vê-las “sem roupas”; embora
isto permitisse uma observação e um encantamento maior diante de suas belas e
singulares formas.
Anos mais tarde, acompanhei,
com emoção renovada, minha filha, pequenina, também se deliciando, pisando e
correndo feliz, sobre as folhas amareladas, tentando pegá-las quando o vento
chegava fazendo alvoroço... nas mesmas calçadas e ruas... Ah! Saudade! Tempo
especial!
Há poucos meses atrás,
visitando meu filho e minha nora, no Canadá, eu encontrei com um outono deslumbrante! Como eu nunca vira e que arrancou suspiros fundos
e encantamento ainda intraduzível; este que acontece quando, dentro da gente,
unem-se, pulsantes: o conhecido, o desconhecido, o real e o imaginário; o
passado e o presente. Quando é a essência que aparece e fala e não, a aparência.
De
acordo com a “teoria dos setênios”, estou na fase de vida onde a interiorização
e a busca pela essência é primordial. Onde o interno passa a ter mais
importância que o externo. Acho isto perfeitamente de acordo com o outono! Também me sinto assim, outonal! Um pouco árvore que acarinha o
que aprendeu, conseguiu construir e a experiência que armazenou; que grata, lenta e
amorosamente vai se desprendendo das folhas; consciente dos limites, do tempo
que passou, do que não foi possível, daquilo que não é mais e me preparando para o novo, um novo aprendizado; uma nova “folhagem”
que ainda não sei como será; mas que eu quero e posso ter\ser!
This entry was posted on 23:08
You can follow any responses to this entry through
the RSS 2.0 feed.
You can leave a response,
or trackback from your own site.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário