quinta-feira, 29 de agosto de 2019 | Filed in:
Abri
a janela...
Um
cheirinho de primavera
veio
de longe;
adentrou
com
a
brisa curiosa e
com
a maciez de um calorzinho...
Envolveu-me!
Mexeu
comigo,
solicitando
atenção.
Então
olhei!
Os
verdes todos
numa conversa movimentada;
duas,
três borboletas dançando
entre
eles...
Alegria
frouxa!
Minhas
violetas
florescidas!
Risonhas,
banhando-se de sol
atrás
das vidraças!
Uma
bougainville espaçosa
abraçando,“sem
cerimônia”,
um
telhado,
quase
que por inteiro,
com
bougainvillezinhas vermelhas,
precoces,
espiando
a
tarde de azul belíssimo...
Uma
bananeira inclinada
suspendendo,
bravamente,
uma
“penca radical”
sem
medinho nenhum
de
“embananar-se” lá no chão...
Fui
fisgada por aquela
realidade
pacífica
e
generosa de um momento,
de
uma tarde
coexistindo
com
outras realidades
de dor, rupturas,
desastres,
misérias...
Tomou
minha emoção!
E
eu a quis por inteiro
e
prolongada!
Que
fosse suficiente!
Bastasse
para
serenar
inquietudes
e
complexidades
cotidianas...
E
naquele momento,
foi.
sábado, 24 de agosto de 2019 | Filed in:
Acinzentaram
o céu!
E
também
o
brilho das plantas,
a
cor das flores
e
a esperança
nos
corações.
Porém,
o
SOL
é justeza
e
amor!
No
final do dia,
paciente,
venceu
resistências,
abriu
espaço
por
entre as nuvens
e
dourou tudo!
E
todos!
Sem
distinção.
Generoso!
Amoroso!
Ah!
O amor...
parceiro
de tanta
coisa
linda, sutil,
importante,
essencial...
Mas,
é impossível
amar
sem respeitar!
O
contrário, sim.
Dar
conta de respeitar
abre
o peito! Liberta!
...
para amar!
| Filed in:
O pai
gostava de usar boné! Era extremamente cuidadoso com a pele, muito clara.
Seguia, à risca, as orientações da dermatologista, usando, religiosamente,
protetor solar e o boné para proteger a “careca”. Era um ritual bonito de ver,
este, sempre antes de qualquer saidinha de casa. E usava, sem trégua, o mesmo
boné por longo tempo... Eles iam descolorindo, “afinando” de tanto uso e de
tanto a mãe lavar. Não se preocupava com a aparência; só com a utilidade. Por
isto, de quando em quando, um familiar o presenteava com um... geralmente de
cor ou detalhe vermelho, porque era apaixonado pelo Inter! Mas afirmava que não
era fanático!
Quando
fazia as pequenas viagens, vindo do RS até SC, para me visitar, trazia dois ou
três bonés. Dizia, no tom de gozação que lhe era peculiar: - “Olha aqui, minha
filha, trouxe três bonés pra fazer bonito e ninguém pensar que só tenho um”!
Mas se a mãe ou um de nós não lembrasse, usava sempre mesmo! E todos nós, aqui
ou lá, sempre fazíamos muita graça com este assunto! Alémde exibir os bonés,
gostava de demonstrar que ainda tinha boa memória, nomeando quem o havia
presenteado com qual boné.
Alguns
meses antes de falecer, o pai ganhou o último boné. O genro trouxe um, todo
vermelho, do Canadá; deixando-o muito contente! O boné era precioso não só
porque era novo, vermelho e vinha do “estrangeiro”; mas principalmente porque
naquele país distante, morava um neto e o boné trazia e recordava muito, muito
afeto e belas lembranças... de uma vida toda... de muito carinho, partilhas e
alegria!
Depois
que o pai “se foi”, a mãe desfez-se de quase todas as suas coisas. Guardou umas
poucas e entre elas, o boné vermelho, vindo do Canadá. Ela o pendurou num
lugar, na cozinha, justificando: - “deixo o boné ali, para me fazer companhia”!
Impossível a gente andar por ali, sem ver o boné, sem fazer um comentário e sem
dar boas risadas, porque lembrar do pai é, via de regra, chamar alegria; porque
ele era um “baita gozador”.
Foi ali,
na cozinha, que surgiu a ideia de levar o boné do pai para viajar conosco, a
Goiânia. Eu e um dos meus irmãos levamos, em Julho, a mãe para visitar o
Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade. A mãe nunca tinha viajado de avião
e ia realizar dois sonhos: visitar o Santuário e “andar de avião”. O pai,
quando vivo, dizia ter medo de avião. Mas gostava de viajar! Era um apreciador
das “mãesagens”; não perdia um “lance”, um detalhe! O passeio ao Santuário foi
bonito, leve, alegre, intenso...
Bom
demais andar e olhar, de vez em quando, pra vida, com os olhos curiosos do pai
e com um boné na cabeça, para proteger a “careca”, as ideias e os sonhos !
Hoje, o
Ximitão faria 87. Saudade!
quarta-feira, 14 de agosto de 2019 | Filed in:
Na
tarde que surgia
despretensiosa
e
sonolenta;
o
sol, um atrevido,
invadiu
os verdes,
adentrou
minha janela
e
iluminou minha mesa
servindo
meu prato
de
calor, brilho
e
um tantinho de amor!
Gulosa,
ah! fartei-me!
sábado, 10 de agosto de 2019 | Filed in:
Acarinho meus irmãos!
Estes queridos que levam
no nome, genética,
semblante e singularidades,
um pouquinho do nosso pai!
Homens sérios
diante das coisas da vida;
de abraço amoroso,
olhar terno, sorriso largo,
alma sensível!
Em versões diferenciadas,
pais queridos
de outros queridos;
tentando viver e
fazer seu melhor;
aprimorar limitações e
perpetuar qualidades
e talentos herdados
do nosso
querido Ximitão,
que, por hora, passeia
em outras dimensões!
quarta-feira, 7 de agosto de 2019 | Filed in:
Quanta
delicadeza,
assim,
de manhãzinha,
encontrar,
coroada
de orvalho,
a
graciosa folhinha!
Entre
grandezas,
Ilustres
nomes,
cores,
aparências,
vaidades
sutis;
quem
foi coroada rainha,
no
amanhecer do dia,
pelo
rei, sol gentil,
foi
a simplicidade,
a
beleza despretenciosa
da
folhinha!
E
eu vi!!!!!
| Filed in:
A leitura é um fazer, prazer extraordinário! Ler é dar
encanto ao cotidiano! E trabalhar a
leitura com os alunos é sempre um reencantamento! Interessante é
observar como os livros, suas histórias e a lidança com eles, marcam momentos,
aprendizados, épocas, pessoas...
Meu primeiro contato com
leitura, com os livros de literatura, foi quando entrei na escola, aos 7 anos.
Não tenho lembrança de adultos comprando, lendo ou crianças interagindo com
livros, até então. Minha professora de 1º ano, era sensível, maravilhosa: foi ela quem me
apresentou os livros e a escrita! E o primeiro livro que tive nas mãos, foi um
livro de Contos de Fadas. Ali me apaixonei pelos príncipes, princesas, fadas;
pelas histórias e pelas letras. O mundo, gradativamente abriu-se para mim e
então eu passei a “ver” atos de leitura ao meu redor: meu pai lendo jornal; minha avó paterna lendo
revistinhas alemãs. Bem mais tarde soube
que eram romances e isto, de uma certa forma, me aproximou mais dela, porque a vó, sempre às
voltas com a costura e o jardim; gostar
de romances e ainda saber ler alemão, era algo muito grande e especial, dentro do
meu imaginário, da minha realidade, percepção e compreensão de mundo e de
leitura!
Eu
tinha um tio que morava em Porto Alegre, o tio Atílio. Nos visitava de
quando em quando e numa destas visitas, presenteou-me
com uma coleção de livros e só então eu soube que ele trabalhava para Livraria e Editora Globo, viajando e vendendo livros. Eram obras de Karl May, um escritor alemão, que eu soube, muito tempo depois, ser um dos escritores alemães
mais vendidos da história. A coleção era
composta de doze volumes; romances de aventuras vividas no Velho Oeste americano, no Oriente e na África. Foram os primeiros livros
que eu ganhei na vida! Fiquei profundamente grata ao tio e guardei-os com o
maior carinho e ciúmes! Não li. Devorei!
Com o tempo, as mudanças de casa, estado, etc; restou-me apenas um deles, da trilogia Winnetou, que eu mais gostei; na verdade, amei! Na trilogia, o autor narra aventuras maravilhosas de um cacique apache, um herói fictício, nativo americano. Lendo, interesse, amor e respeito nasceram, dentro de mim, pelos povos indígenas. Nisto, uma tristeza: conheci um pouco sobre a realidade dos índios americanos antes de conhecer a dos nossos índios brasileiros. Sobre estes, na escola aprendia que moravam em ocas, caçavam, pescavam, usavam cocar com penas e viviam no mato, felizes, cuidando da natureza. Bah! Entrei na escola em 1964 e todo meu período de escolarização se deu durante a ditadura; isto explica...
Com o tempo, as mudanças de casa, estado, etc; restou-me apenas um deles, da trilogia Winnetou, que eu mais gostei; na verdade, amei! Na trilogia, o autor narra aventuras maravilhosas de um cacique apache, um herói fictício, nativo americano. Lendo, interesse, amor e respeito nasceram, dentro de mim, pelos povos indígenas. Nisto, uma tristeza: conheci um pouco sobre a realidade dos índios americanos antes de conhecer a dos nossos índios brasileiros. Sobre estes, na escola aprendia que moravam em ocas, caçavam, pescavam, usavam cocar com penas e viviam no mato, felizes, cuidando da natureza. Bah! Entrei na escola em 1964 e todo meu período de escolarização se deu durante a ditadura; isto explica...
Segui devorando livros, frequentando a biblioteca da escola
e do município. Mas o meu desejo era comprar livros, os meus livros! Queria tê-los em casa!
Comecei a trabalhar concomitante à entrada na faculdade, no curso de Letras. Bah! Agora estava com a faca e o queijo na mão! Eu tinha quem conhecia, amava e indicava os livros (os professores de literatura: Deonísio e Alberi) e tinha o "meu dinheiro" para comprá-los!!!!! Não esqueço que, na época, além dos livros indicados pelos profes, adquiri, aos poucos, durante meses, uma coleção, linda, dos Clássicos da Literatura Universal, lançada pela Abril Cultural, entre 1978,1979. Ah! Era uma alegria infinita receber, mensalmente, um volume. Eu me sentia rica! E assim continuo sentindo: enriquecer a cada livro que compro, ganho, leio ou presenteio alguém.
Comecei a trabalhar concomitante à entrada na faculdade, no curso de Letras. Bah! Agora estava com a faca e o queijo na mão! Eu tinha quem conhecia, amava e indicava os livros (os professores de literatura: Deonísio e Alberi) e tinha o "meu dinheiro" para comprá-los!!!!! Não esqueço que, na época, além dos livros indicados pelos profes, adquiri, aos poucos, durante meses, uma coleção, linda, dos Clássicos da Literatura Universal, lançada pela Abril Cultural, entre 1978,1979. Ah! Era uma alegria infinita receber, mensalmente, um volume. Eu me sentia rica! E assim continuo sentindo: enriquecer a cada livro que compro, ganho, leio ou presenteio alguém.
Cada livro, um mundo! Vivo!
E quando a gente retoma, como agora estou fazendo, relendo as Vinhas da
Ira, de John Steinbeck, mundos, personagens e histórias dialogam comigo e se
atualizam, como se também eles continuassem vivendo... tem como não gostar?!
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