quinta-feira, 19 de dezembro de 2013 | Filed in:
A mãe entrou na sala onde eu estava,
apreensiva. Uma jovem mãe. Estava preocupada porque sua filhinha, de 1 ano e 7
meses, iria fazer seu primeiro passeio de topic com os colegas de escola. Um
passeio curtinho; mas o primeiro da pequena sem a presença do pai e da mãe ou
de um dos avós, que comumente ajudam, na lidança com ela, no cotidiano.
Observei o quanto ela era bela e o quanto mais bela era nesta condição de mãe,
esquecida de si e focada na filha! Os olhos brilhavam numa mistura de
inquietude, orgulho, insegurança e expectativa que singulariza, aproxima e
unifica todas as mães do mundo diante do
filho, a partir do momento em que ele descobre e avança no mundo,
desligando-se dela e começa caminhar com suas próprias pernas, rumo a um desconhecido,
rival e apaixonante! Ela queria e autorizara que a filha fosse ao passeio; mas
temia que fosse. Temia o que todas nós, tememos: o inusitado desconhecido e
nossa impotência diante do seu humor instável e planos. Ela pediu-me, olhos
suplicantes e brilhantes:
- “Olha
pra mim! Veja se ela senta direitinho na cadeirinha; se o cinto está bem colocado... se ela tomou água e se está tudo
bem, antes da topic sair...”.
Eu via a fragilidade e a força, ali juntas: a
mãe titubeante, oscilando entre a mãe que teme e a mãe que encaminha; a mãe que
entrega e a mãe que prende.... a mãe
insegura e a mãe confiante. Desejei abraçá-la para confortar e garantir,
plenamente, que tudo sairia bem. Tenho desejado, inúmeras vezes nesta vida,
este poder de garantir, além de desejar. Mas não tenho. Aquela mãe querida não
era somente uma mãe de aluno. Era minha filha. E cada um destes meus papéis,
ali: professora, mãe e avó ficaram muito distintos e em nenhum deles eu estava
confortável; no momento. Mas eu precisava dar uma resposta. E ali, naquele
contexto, respondi como professora, como profissional que sou e que acredita no
seu trabalho: que tudo estava bem organizado, ficasse tranquila. E estava e,
como sempre, correu tudo bem! E
amadurecemos mais um pouco, as três: eu,
a vó; ela, a mãe e a pequena, que se encanta cada vez mais com o mundo e nos convoca a tantas perguntas
e respostas, desafios, aprendizados e redescobertas.
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