domingo, 9 de agosto de 2015 | Filed in:
- “Moço, preciso cumprimentá-lo! É extremamente prazeroso
encontrar uma pessoa do BEM”!
Não resisti! Meu coração ia explodir de
ternura e se eu não fosse cumprimentá-lo, não teria paz! Ele era um ilustre
desconhecido e dificilmente o encontraria novamente! Ao seu redor, uma aura de
leveza e alegria!
Estávamos no mercado. Literalmente
“cheio”. Gente pra todo lado; filas quilométricas de carrinhos gigantescos,
transbordando de compras por causa dos
descontos e promoções. Pessoas de
todos os tipos, cores e humores dirigindo os carrinhos e circulando
pelos corredores imensos.
Eu não havia percebido que estava na
fila dos caixas “preferenciais” (gestantes, idosos, etc). Meu marido escolhera
o lugar enquanto eu concluía uma compra e depois foi para o carro, nos aguardar. Fiquei ali, na fila, distraída, conversando com meu filho. Na nossa frente, dois moços haitianos,
com dois carrinhos fartos! Eles estavam muito alegres e tiravam fotos. Um
fiscal do supermercado veio e falou que era proibido tirar fotos dentro do
mercado. Os rapazes não entenderam, num primeiro momento e ele teve que repetir
e repetir; Até que guardaram o celular. Fiquei intrigada, porque enquanto fazia as compras, casualmente vi
um grupo de moças tirando fotos, com "pose" e tudo, tranquilamente, no meio do
supermercado e ninguém fazendo observações a elas.
Um tempo depois, quando seriam os
próximos a passar suas compras no caixa, novamente os haitianos foram abordados pelo mesmo
“fiscal”; que disse que eles não poderiam ficar ali, porque o caixa era “preferencial”. Os rapazes definitivamente não entendiam o motivo, mas compreenderam que depois de toda espera, teriam que sair daquela fila. Neste momento, eu também me dei conta de que estava na fila de um caixa
preferencial e fiquei um pouco tensa. Nunca entro nesta fila; não me incluo,
ainda, no perfil!!! E foi então que um moço, da fila ao lado,
entrou em cena! Ele não iniciou uma discussão com o fiscal e nem incitou críticas e reações hostis a ele, não! Ele pediu licença, a cada um dos que estavam na sua fila (e era
uma porção de gente), para colocar os dois haitianos na frente dele; uma vez que
a sua fila não era de caixa preferencial e ele estava muito inconformado pelo
fato de que os rapazes teriam que, depois de ter esperado todo aquele tempo e,
justo na sua vez se chegar no caixa, ir novamente para o final de uma daquelas
filas intermináveis... Todo mundo concordou! Incrível! Ele falou com muita
educação, com respeito, mas com convicção.
E os dois haitianos e seus dois carrinhos repletos de compras, trocaram
de fila, muito sérios, agradecidos! O fato criou um clima diferente, ali, ao nosso redor; de
calmaria, suavidades! Meu coração transbordou por presenciar uma atitude
concreta de implicação com o outro, com a cordialidade! Ninguém reclamou de
esperar mais um pouco! Foi um gesto de renúncia e amor fraterno a desconhecidos
que produziu prazer, bem estar. Acredito que muita e muita reflexão, também.
Receando ser advertida pelo fiscal,
movimentei meu carinho para procurar outra fila. Mas o mesmo moço
não deixou. Gentil e prontamente ele disse que meu lugar, ali, estava
assegurado, que eu não saísse. Fiquei. Senti-me amparada! Senti orgulho de nós,
ali, vivenciando algo que poderia e pode ser considerado, por alguém, banal... só que aparentemente! Porque em verdade, essência e realidade, de grandes significantes!
Depois,
enquanto meu filho levava as compras para o carro, fui até o moço, que por sua vez, agora estava no caixa. Era
imperioso olhar nos seus olhos, apertar sua mão, talvez dar um abraço!
Agradecer por oportunizar a todos nós, ali, entrar em contato com algo BOM;
quando somos cotidianamente bombardeados com notícias, visões e atitudes ruins, de descaso, de
humilhação, de violência, de egoísmo, grosserias, indiferença e asperezas.
Ele ficou muito emocionado! Agradecido.
Não estava esperando esta minha devolutiva. Beijou minha mão e falou: “Obrigado!
Todos nós “ganhamos o nosso dia, hoje, senhora! Muito obrigado”!
Eu não consegui falar tudo que tinha
vontade; porque estava muito mexida e lacrimejante. Mas acredito que ele
entendeu: “moço, continue distribuindo e semeando gentileza e respeito, não desista”! Isto faz muito bem à saúde e à alma!
This entry was posted on 19:04
You can follow any responses to this entry through
the RSS 2.0 feed.
You can leave a response,
or trackback from your own site.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Que bonito, Maisa. Tenho observado que, em meio a tantas mas notícias, há uma onda de boas noticias de pessoas boas sendo compartilhadas. A " corrente do bem" precisa vencer!
Acredito nisto, Arlete! Depende de nós! E, que bonita sua lembrança da "Corrente do Bem". É TUDO DE BOM!!!!
Postar um comentário