Mais um...

         
 
           De repente, o trânsito parou. Em menos de um segundo, a impaciência se mostrou, na manhã bonita do domingo, ainda de sol tímido, ensaiando e decidindo performance. Buzinas e tentativas de avançar com os carros pelas margens da rodovia revelaram a urgência de cada motorista. Em pequenos e ritmados avanços chegamos até a causa do incômodo: uma velhinha motorista entrara na contramão e bloqueava um dos lados da pista. Estava ali, paralisada.

              O motorista do carro que estava bem na nossa frente, então parou e bloqueou definitivamente a passagem, até mesmo dos mais ousados malabaristas e, conversava com a velhinha, fazia sinais.         
              O buzinaço aumentava. Então entendi o que ele estava fazendo: trancou a passagem dos demais carros e estava  orientando a velhinha para que ela fizesse o retorno, com maior facilidade.
              Dava para ver o constrangimento dela e o nervosismo, pois realizou a manobra com muita dificuldade; errando marchas, deixando o carro morrer. Eu podia sentir sua perturbação, o coração acelerado, as mãos úmidas.
              O motorista que estava ajudando,  continuava fazendo sinais, agora para todos nós, que estávamos parados, esperando com indisfarçado desconforto. Pedia calma.
              E a velhinha conseguiu! Ela e ele trocaram, então,  um som cordial de buzina e lá se foi ela, para o alívio de todos os apressados. O carro da frente não saiu de imediato e nós o ultrapassamos. A janela do seu carro estava aberta e vi um rapaz jovem olhar para mim com expressão fechada, esperando um gesto, uma bronca minha, uma reclamatória. Li isto claramente no seu semblante.
              Mas eu estava muito feliz! Eu sorri pra ele e sinalizei com um “positivo”, agradecendo. Então ele também sorriu, surpreso! Penso que “aliviado” com o meu olhar de cumplicidade.
            Ah! Faz tão bem encontrar com gente do BEM! Acho que está crescendo e se espalhando por aí, o  vírus da gentileza, da paciência, “do bem”... eu já me deparei com ele, em lugares públicos, por duas vezes seguidas, neste final de semana. Tomara que vire epidemia!
            

 

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2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

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