quinta-feira, 31 de março de 2016 | Filed in:
brotando!
Espichando
o olho
para
ver o que
ainda
não alcanço;
dentro
e fora...
Sempre
germinando
teimosa
e perseverante!
Eu
morro antes de morrer
e
morrendo
já
estou nascendo outra vez!
Me
desmancho em mortes
e
me reconstruo em brotações!
E
já estive
flor,
fruto e semente
e
agora, finalmente,
estou
raiz
nas
manhãs
que
nascem gentis
das tempestades escuras.
Estas,
não me amedrontam mais.
Eu
contemplo!
E
meus braços,
germinando,
abraçam
a vida
e
tudo que amo
e
investigo!
E
aqui, onde estou,
eu
estou feliz.
E
grata.
terça-feira, 29 de março de 2016 | Filed in:
O
vento
chega rebelde...
Dança,
se
bobeia
e
faz pirraça...
Assusta,
colhe reza e suspiros;
colhe reza e suspiros;
apavora!
Mas,
na sutileza,
volteia,
refresca,
desnuda
acaricia
acaricia
e resfria
verdades.
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Iam dos dois, pela rua, o dindo e a pequena de três anos. Era domingo de Páscoa, uma tarde luminosa; transpirando benquerer. Procuravam um mercadinho aberto para comprar fermento; o dindo queria fazer um bolo. Momento: “invenções dindescas.” Encontraram? Claro que não! Imagina! Domingo à tarde e ainda Páscoa... nada de mercado aberto!!!! Mas encontraram algo, sim...
- Vovó! A gente encontrou um passarinho morto, na rua!
- E ela me disse: - “Dindo, vamos levar o passarinho pra vovó fazer um “reiquinho”, nele” ? - continuou o relato, o dindo.
- É vovó... mas o dindo não quis trazer... eu disse pra ele que você cuidou e fez “reiquinho” pro passarinho Luano e pra galinha Magali e eles ficaram bons... – ponderou a pequena, bastante chateada.
- Expliquei pra ela que o Luano e a Magali só estavam machucados; por isto que os cuidados e o reiki da vovó deram resultado; mas que aquele passarinho, caído ali, na rua, estava morto. Vimos até bichinhos comendo ele... – completou o dindo.
A vovó, então, na delicadeza do momento, confirmou a fala do dindo:
- Verdade, querida! A vovó não pode fazer mais nada se o passarinho já está morto. Com certeza, ele já está lá no céu dos bichos, junto com os bichinhos que a gente gostava e morreram: o Bin, a Lisa, o Sig, a Chochô, a Lola... Mas que coisa bonita esta sua preocupação com o passarinho!!!!
Aparentemente, o assunto encerrara ali... mas, não!!!
À noite, a vovó não conseguia dormir; lembrando do fato. Puxa! No domingo de Páscoa, sua netinha encontra um passarinho morto na rua, se preocupa com ele; acha que a vovó pode ajudá-lo e a vovó não fez nada; além de discursar?
Na manhã seguinte, a pequena voltou e os três: ela, a vovó e o vovô, foram dar a voltinha costumeira na quadra em frente da casa. A pequena ia feliz, pedalando sua motoca! Os avós, revezavam: às vezes ao lado, às vezes à frente, às vezes atrás...no ritmo da tagarelice e curiosidade infantil...
- Olha só, vovô, um formigueiro! ... Ali ó, bem ali! ... Dá um empurrãozinho vovó, que ta pesado pedalar! ... Hiiiii! Que nojo! Um cocô! É de cachorro! Que feio fazer cocô na rua! ... Não pisa no cocô, vovô!!! Olha só, vovó... quanta sujeira na rua... quem será que jogou isto? É muito feio, né vovó?!!...
- É sim! Quem jogou, ainda não aprendeu que o lixo tem que ser colocado no lixo... Ei! - de repente, a vovó viu uma possibilidade de dar um outro final ao episódio do dia anterior - Não foi neste caminho que você e o dindo encontraram o passarinho morto, ontem? - perguntou a vovó.
- Foi, sim! Vem atrás de mim, vovó! É bem longe!
Rapidamente, saltou da motoca e lá se foi, puxando a mão do vovô! A vovó, que remédio, seguiu atrás, carregando a motoca.
“Bem longe” era logo ali!
- Aqui, vovó! “Taqui” ele!!! “Taqui ele”!!! – e a pequerrucha apontava, orgulhosa por lembrar, o passarinho.
Na calçada, quase no meio-fio, jazia o passarinho; na verdade, uma pomba. A vovó tinha um saquinho plástico. Vovô recolheu a pombinha e todos viram, então, muitos e muitos bichinhos, ali, comendo sua carne. A pequena se assustou e quis colo. A vovó amarrou bem o saquinho e voltaram para casa: o vovô levando a menina no colo e a vovó levando a motoca e a pombinha morta, dentro do saquinho.
Em casa, a vovó e a pequena, do lado de cá do muro, acompanhavam a lida do vovô fazendo um buraco, com a pá, do lado de lá, dentro do mato, para enterrar o corpo da pombinha. O legal é que tinha, ali, uma florzinha, um “beijinho” cor-de-rosa e foi bem juntinho dela, que o vovô fez o buraquinho. Que lindo!
- Agora ela não está mais abandonada, tem um lugarzinho. – disse a vovó.
- Tchau, pombinha! – abanou com a mãozinha, a menina; muito séria.
- Tchau, pombinha! Leva um beijinho para os bichinhos que estão lá no céu dos bichos... – acenou a vovó.
- Vovó... se ela só tivesse um machucadinho, você podia colocar a mãozinha em cima dela, rezar e ela podia ficar boa, né?
- Se ela só estivesse machucada, podíamos cuidar dela, sim; com carinho, comida, remédio, “reiquinho”... e ela teria a chance de ficar boa... às vezes, não adianta... mas a gente sempre tenta... – respondeu a vovó, “mexida” com as implicações e variáveis possíveis.
Mas a pequena já colocava um ponto final na história, encerrando o assunto e entrando, inteira, num outro momento. No caso: um piquenique!
- Vovô, agora você “quenque” lavar bem as mãos! – sinalizou.
- Todo mundo vai lavar as mãos, sua danadinha! E este piquenique vai ser muuuuito legal! – riu a vovó, enchendo a fofa de beijinhos.
A Páscoa continua. Vida e morte, “uma nas pegadas da outra”, como dizem os sábios... Tudo vai se transformando, renovando, continuando de outro jeito. Vamos aprendendo que nem sempre podemos dar conta das demandas, das expectativas; mas de pequenos cuidadinhos, sim. Eles sensibilizam e aproximam. Constroem ninhos e laços.
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Um aluno, com um
manto amarelo, compenetrado, representava Pôncio Pilatos; outro, de manto azul, um pouco
envergonhado era Jesus e outro, sem manto, incomodado porque não gostou da cor
que sobrara: rosa; Barrabás. À frente deles, povo inquieto, ansioso e
barulhento: o restante da turma.
Pilatos, acalmando o povo, levantando
firmemente a mão direita, falou:
- Gente! Como fazemos sempre, na
Páscoa, agora vocês vão escolher entre dois prisioneiros, qual merece uma
chance e ser libertado...
Foi interrompido pelo povo:
- Pi-la-tos! Tchã-tchã-tchã!
Pi-la-tos! Tchã-tchã-tchã! Pi-la-tos! Tchã-tchã-tchã!!!
Um pouco nervoso, Pilatos acalmou
novamente o povo, que se mostrava cada vez mais inflamado.
- Temos aqui, Barrabás! Ladrão e assassino,
condenado a morrer na cruz...
-
Barrabás! Tchã-tchã-tchã! Barrrabás! Tchã-tchã-tchã! Barrabás! Tchã-tchã-tchã! -
zoou o povo.
- E aqui: Jesus!
Silêncio... o povo só na escuta, na
contenção... prestes a explodir.
- Olha... eu digo para vocês que não
acho que este homem, Jesus, tenha feito algo tão grave que mereça estar aqui,
mas já que ele está, vocês decidem. Quem vocês querem que eu liberte: Jesus ou
Barrabás? – falou Pilatos,
lavando as mãos.
E o povo explodiu:
- BARRABÁS! BARRABÁS! BARRABÁS!
- Mas e o que faço, então, com este
Jesus? – Pilatos estava visivelmente decepcionado.
- CRUCIFICA! Tchã-tchã-tchã! CRUCIFICA! Tchã-tchã-tchã! CRUCIFICA! Tchã-tchã-tchã!
Aí, acabou o 1º ato.
Todos voltaram
para seus lugares, no círculo; a aula continuou. A professora pegou a palavra:
- Agora, vamos
pensar e conversar um pouco. Quem decidiu
e escolheu libertar um e condenar outro?
- O povo! – responderam unânimes.
- E quem, no
domingo anterior, estava esperando com grande alegria, na entrada da cidade,
Jesus; que chegava, montado num burrinho? Saudando-o, aclamando-o,
aplaudindo-o; manifestando apreço, respeito e grande consideração a ele e seus
feitos?
- O povo! –
novamente unânimes.
- Bom... mas o que
será que aconteceu, então, para que este povo mudasse de opinião, tão
rapidamente, em cinco dias?
Silêncio. Ah!
Finalmente! Tão bom quando a resposta não vinha pronta, na ponta da língua e eles se
punham pensar...
- Acho que muita
gente e o prefeito ficaram com medo de perder o poder! – expressou um menino, pedindo a
palavra, depois de um tempo. Dois ou três balançaram afirmativamente a cabeça,
após sua fala.
- É... acho que
eles tinham combinado isto, antes, com os soldados e algumas pessoas do povo...
Foi uma farsa! – completou outro, sendo aplaudido por um número maior de
colegas.
- E eu acho que
eles não pensaram direito... – arriscou outro, um pouco inseguro.
Silêncio,
novamente. Hum... algo ali, mexera! E por ali, a professora entrou, feliz!
Orgulhosa com as hipóteses levantadas.
- Muito legal!
Esta é a questão: pensar! Mas não com e nem pela cabeça dos outros. Com a
nossa! Como estamos fazendo agora. E eu pergunto novamente:
- Quem vocês
teriam escolhido, se estivessem lá?
Depois de
algumas brincadeiras (normais, usuais) a resposta veio, em uníssono:
- Jesus, claro,
né, profe!
E cada um
justificou a escolha. Então a professora perguntou apertou:
- Mesmo com toda
aquela multidão gritando por Barrabás?
Um silêncio mais
prolongado e incomum se fez. Aos poucos, começaram a se posicionar; mostrando-se muito convictos de que
não teriam vergonha, nem medo de escolher pela própria cabeça, Jesus. Mas um,
envergonhado, ficou em pé e falou:
- Eu acho que
não teria coragem, professora, de escolher Jesus, no meio daquela gente
gritando por Barrabás!
Todos olharam
para ele; mas ficaram com seus pensamentos. Nada de riso, nem de reprovação,
nem de comentários. A professora pensou no quanto era bela esta espontaneidade
e sinceridade! No quanto era tudo de bom, num grupo, quando a confiança construída
possibilitava esta exposição e também o acolhimento de cada jeito de ser e de
pensar.
- Bem isto,
queridos! Pensar! Pensar é um ato de inteligência e de coragem. Uma coragem que
a gente vai construindo, aos poucos. Não aceitar, acreditar, espalhar, fazer
por fazer ou porque disseram que é assim. Mas sim, aceitar, acreditar, espalhar
e fazer por convicção; depois de pensar, investigar, ponderar. Dificilmente a
gente acerta sempre. Quando escolhemos, algo, sempre corremos um risco. Podemos
errar; mas errar pela cabeça dos outros é pior. É mais doloroso!
Chegou o
intervalo e a professora liberou para o quintal. Necessário este hiato.
Brincando, correndo, conversando, lendo na biblioteca, subindo na árvore ou
sentado num pneu, contemplando a mata... cada um processaria o vivido do seu
jeito. Num outro momento, amadurecendo neste exercício ininterrupto de optar entre isto e aquilo, na roda
dos dias e das noites, atualizariam percepções.
domingo, 27 de março de 2016 | Filed in:
Caminhando
vemos
as pegadas
dos
que já passaram,
já
foram.
Nós
também vamos;
não
do mesmo jeito
nem
no mesmo compasso...
Mas
vamos!
Um
pouco sozinhos,
cheios
de saudades;
uma
parte partilhando,
cheia
de valor.
Aprendendo
e ensinando;
um
pouco chorando
um
pouco crescendo.
Por
vezes buscando.
Certas
épocas, semeando,
nem
sempre colhendo.
Sonhando
bastante,
suspirando flores e risos;
sofrendo desilusões,
amando
nas entrelinhas;
juntando
pedaços,
acreditando,
investindo,
recomeçando
apostando,
trabalhando
muito;
perdendo
bastante.
Por
vezes morrendo,
desesperançando
e
outra vez
ressuscitando!
Reencantando,
renovando...
Vivendo!
E
deixando pegadas...
Nossas
marcas no tempo!
Isto
é belo!
É
humano!
terça-feira, 22 de março de 2016 | Filed in:
Muitas
vezes,
o
brilho maravilhoso
de
um dia,
como o de hoje;
sua
beleza e suas
possibilidades,
fica
encoberto pelas ilusões
tragédias,
desencontros,
dor,
solidão, crises e egos...
e
não o vemos.
É
quando a desesperança
fragiliza
olhar e juízo!
Mesmice, medo, secura, banalização
e
perversidade ganham terreno!
Então,
um brilho extra, por favor!
Por gentileza!
Do
“pó de pirilimpimpim”
que
vem pelas mãozinhas,
brilho
do olho,
falas,
demandas,
espontaneidade
e afeto sincero
dos
nossos pequerruchos!
E
de abraços, beijos e escutas;
e de latidos
e miados
de tantos e tantas criaturas que,
como
as crianças,
enchem
de brilho a vida da gente!
Este
brilho do contentamento
é
vital!
Vital
resgatar,
espalhar
e cuidar:
-
“ A gente precisa pôr muito
brilho,
vovó! Muito, muito...
em
tudo, tudo... Assim, ó...
como
eu faço”!!!
segunda-feira, 21 de março de 2016 | Filed in:
Saudade
irremediável
dos
meus pedaços
em
tantos outros,
longe
de mim...
Culpa
da cigarra
e
seu canto apaixonado
neste
entardecer
silencioso
e cinzento...
Acorda
minhas memórias,
meus
sentidos.
Voltem,
partes minhas!
Vamos
para casa!
A
noite é amiga,
boa
ouvinte; confiável;
suas
criaturas, delicadas,
cochicham
preservando
a quietude.
Sinto
que tudo
é
muito maior do que alcanço...
Que
há um véu...
(quase
vejo!)
e
que atrás dele
todos estão ali!
Solidão, uma ilusão;
saudade, a verdade.
domingo, 20 de março de 2016 | Filed in:
Outono!
Tempo
(meu preferido)
de
transição,
de
olhar derramado e demorado
no
horizonte;
de
escuta atenta às histórias
sussurradas
pelo vento
que
chega, íntimo,
arrepiando
a pele
tumultuando
o coração
nomeando
as emoções...
Na
alma, reflexão
e
aprendizados
acerca
dos arroubos e paixões
do
verão;
da
exaltação dos sentidos
na
primavera
e,
do recolhimento e quietude
no
inverno.
Maturidade.
| Filed in:
Circulava
entre os grupos de trabalho, mal contendo a alegria que me tomava e
transbordava, ouvindo as conversas, o jeito como estavam lidando com as opiniões
divergentes em relação ao texto, à ilustração, tipo de letra, de cor e de borda dos
cartazes... De repente, um chamado:
-
Profe!
Aproximei
e o menino perguntou-me, baixinho:
-
Profe, você acredita no Coelhinho da Páscoa?
-
Claro!
Ele
sorriu! Eu sorri, feliz e liberta! E visualizei o laço! Sabe, um laço? Daqueles
bonitos e perfeitos? Que a gente não tem coragem de desmanchar para abrir o
presente? E, que muitas vezes, é muito mais bonito que o próprio presente? Bem
este. Lindo! Senti o nosso laço aprofundar e embelezar, com esta nova cumplicidade
estabelecida!
Que
delícia! Que oásis este imaginário que colore e dá suportabilidade ao cotidiano
seco, bruto. Metáforas que embalam a infância e ficam atualizando doçuras
quando tudo perde cor e sabor nas outras fases da vida...
No
real cotidiano, que não poupa nada, nem ninguém, nem as crianças e seus ouvidos
e percepções sensíveis; cotidiano de profundos e inaceitáveis retrocessos, repetições
e decepções; de imediatismos; carência de respeito, paciência, renúncia, altruísmo e humildade para fazer
o mea-culpa; de excessivo exibicionismo de força, falta de caráter, poder, hipocrisia, infantilidades e julgamentos, no mundos dos adultos...
ah! Como cai bem um Conto de Fadas! Viajar
na melodia “Botei meu sapatinho, na janela do quintal”... Encontrar, de manhãzinha, pegadinhas do
Coelho da Páscoa sinalizando e encaminhando para estes pequenos, inesquecíveis e acalentadores prazeres... que
não têm preço! Não têm preço!!!!
Uma realidade, onde fadas, príncipes, bruxas,
elementais, super-heróis acolhem, protegem, têm poder e resolvem todos os
problemas, vencendo medos, monstros, o MAL. Ah! Este mundo paralelo que alimenta e
possibilita o sonho, a criação, a arte, a elaboração dos aprendizados, o ideal,
o olho brilhante, o sorriso, o renascer, reconstruir e seguir em frente! Com
encanto! Que não o percamos de vista! Ou, pelo menos, não o inviabilizemos às crianças.
sexta-feira, 18 de março de 2016 | Filed in:
Bela!
simples
única!
Solitária
mas íntegra
e fraterna
na função.
Te vejo, te quero,
te absorvo, admiro
com o que alcançam
meus olhos
sentimentos
limites
e sensibilidade.
Há outros
olhares e alcances:
o dos outros,
emprestados;
mas não os quero.
Não seria eu.
Vou devagar...
Contemplando
e refletindo...
Aprofundo e
cada vez mais
distancio
do senso comum.
Partilhar saber
enriquece;
informação,
embrutece
atordoa.
Atordoada, não te vejo!
Não te sei.
Mas isenta,
na solitude do
pensamento,
no vazio
da paixão
te encontro!
Te escolho ou rejeito;
me expresso!
Amor, emoção, ação sentida
não dirigida.
Te amo!
quinta-feira, 17 de março de 2016 | Filed in:
O
entardecer
se
reinventa para mim,
me
convoca...
e eu me
procuro!
Escondi-me
bem, desta vez!
E me
estranho, debato,
longe de
mim...
Os ventos
sopram!
O que é
leve,
desliza;
o que é
pesado,
vai
arrastado...
e tudo
termina
num abraço
ali,
entre os morros,
no
horizonte próximo!
Não
estou neste entremeio.
Mas em
algum significante
devo
estar... Claro... aqui,
neste
vale verde, colorido,
belo,
mas áspero!
Onde?
Se a
noite chegar
e não me
encontrar
seguirá,
certamente
sem
brilho!
E eu ,
presa entre vazios,
assistirei
o desfile, interminável,
das
sombras sem nome.
segunda-feira, 7 de março de 2016 | Filed in:
O feminino encanta!
Elas e sua nomeação!
Substantivos fortes...
concretos, abstratos,
comuns e próprios!!!!
Encantam na singularidade,
no maravilhoso plural
e nos significantes!
Flores! Borboletas! Fotos!
A beleza, a gestação, a
Pátria,
música, a poesia, a ternura,
a justiça,
a noite, a alegria! Festas! Comunidade!
A casa, a família, mães, avós, a natureza,
A amizade, a educação, vitória, liberdade!
A imaginação! A arte! A saudade!
A saúde! A criação!
As mulheres!
Estas que vêm parindo
e tecendo sementes,
força e espaço; voz e vez
encanto e espanto... valor...
incansáveis, no tempo e na história...
Como as TEREZAS e DULCES,
doces e sutis,
deslizando, necessárias e entregues
aos doentes, famintos, desvalidos...
Como as ZILDAS e MELÂNIAS,
doando tempo e vida
para que outros não percam a sua;
vendo sujeito e potencial
onde ninguém vê;
oportunizando o acesso
ao SABER e ao SER...
sem comparar, sem discriminar!
Como as MALALAS, jovens destemidas,
idealistas, que articulam discursos
e lutam e gritam seus direitos
contra balas covardes e assassinas;
contra ameaças machistas e arcaicas!
Como as CLEÓPATRAS, lindas, sedutoras;
estrategistas e poderosas! Políticas!
Sem medo de assumir
e lidar com o poder!
Desbravando; encontrando
novos caminhos!
Como as DANDARAS,
guerreiras incógnitas,
que levam na carne, marcas
da resistência ao preconceito:
de cor e de raça!
Como as ANITAS! As JOANAS!
estas apaixonadas,
destemidas, arrojadas...
Que se lançam, corpo e alma,
em batalhas, movimentos, causas;
companheiras; cúmplices;
em quem se pode confiar.
Como as MARIAS
DA PENHA,
as que dão a volta por cima!
Que transformam o
cotidiano de violência,
menos-valia e desrespeito
em dignidade; em palavras,
em leis de proteção!
E como todas NÓS, OUTRAS!
Mulheres!
De todas as cores, tamanhos,
formas, peso, formação,
estado civil, profissão....
Um exército de mulheres!!!!
Que faz história silenciosa,
numa diversidade ruidosa!
As que vivem por viver,
amam por amar!
Que se debatem,
avançam, mas
ainda se submetem!
As que não correspondem
aos padrões
de estética, ética,
etiqueta ou gramática!
As que seguem
mesmo sem escuta;
que insistem, perseveram
mesmo excluídas, desamparadas!
Mulheres que perdem filhos,
amores, viço, saúde
tempo, pudores, doçura e fé
em busca de um lugar.
Que gestam por querer;
por prazer
e também sem querer,
mal amadas; mal tocadas.
As poetisas, musas,
intelectuais, delicadas, rudes,
sem modos, rebeldes, decididas;
as fluentes na fala,
no querer
e na arte do amor e da dor;
as abandonadas, traídas, rejeitadas;
as "modelos", amadas, queridas;
as silenciosas, esquisitas
as impacientes e as preguiçosas!
As simples e as complexas!
As românticas e as "pé no chão";
as que pintam e bordam;
as que espalham alegria;
as que cuidam dos jardins,
fazem cortinas e
enfeitam janelas...
Mulheres!
Ao longo da história,
ao lado.
Será que alguém ainda não viu?
Sempre ao lado.
Companheiras,
agregando.
Companheiras,
agregando.
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