Domingo

Labaredas
se enlaçam
brincando entre as brasas.
Uma neblina antecipa a noite...
A chaleira chia sua quentura
e chama, fervorosamente!
A máquina de lavar
não conhece discrição
vai lavando roupa suja
sem medir o tom.
Longe, um comentarista
esmiúça uma partida de futebol,
não se sabe onde
e nem para que ouvinte.
Quem se importa?
O entardecer de domingo
pertence aos refugiados!
A estes desamparados
que chegam, ao entardecer,
de mãos vazias, 
expulsos do prazer esperado,
embutido nas promessas e deleites,
que horas que não passam,
fazem no cotidiano.
Lá se esvai mais um domingo
sem revelar seu segredo:
a que veio?
Ah! Talvez, domingos não sejam
para deleites ou descansos
mas para hiatos.
Quebras. Desmanches.
Morte da ilusão, da falácia,
do sonho, da fantasia, do ego..
È de chorar, no entardecer...
E ver que do choro, 
de pouquinho em pouquinho,
nasce a noite
e dela, a luz! E daí...
A esperança!
Linda!  Cheia de planos...
Vaidosa! Trazendo
belos trajes diferentes,
enfeitados de incógnitas 
e descompassos...
Um para cada dia,
menos para o domingo;
onde tudo deságua,
onde tudo se junta
tudo se acaba
tudo recomeça.
Um chá de anis,
por favor!
Eu e minha alma
precisamos deste carinho
e deste calor,
para tratar de recomeçar!



 

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2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

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