segunda-feira, 26 de dezembro de 2016 | Filed in:
O fim nos remete ao começo. A morte nos faz pensar na vida!
-
O que fiz com a minha vida? Eu tinha um sonho? Sonhos? O que fiz com eles?
A
morte não quer saber. Não lhe interessa em que parte estou da minha história...
o que eu queria fazer depois que...
amanhã... no futuro... quando houver tempo...
Um dia destes,
perto do meio dia, a galinha Brigite curtia seu momento de lazer. Fora do
galinheiro, ela inspecionava os ambientes ao redor de casa; subia e descia as
escadas e planejava entrar na cozinha quando eu a impedi. Maria Margot,
observando, disse, calmamente:
- Vovó, não fica brava com a Brigite!
Acho que este era o sonho dela.
- Qual sonho? - pergunto, bem interessada.
- Ora, de entrar na tua casa! Você não
sabe que todo mundo tem um sonho, vovó?
- Bem... acho que sim... você também tem
um sonho? – investigo, mais do que interessada: curiosíssima!
- Claro, né, vó...
- E qual é o teu sonho, querida? –
aprofundo, já com os olhos embaçados...
- Ah! Vó... eu quero...
E falou do seu sonho. Um belo e simples
sonho de criança e de momento! Nisto, chegou o vovô. Sentamos à mesa para
almoçar. Ela continuou:
- Agora, gente, antes do almoço, cada um
vai contar o seu sonho! Eu já contei o meu. Agora vamos em ordem: primeiro o
vovô e depois você, vovó...
Como
ficam dois adultos travados, diante da espontaneidade e simplicidade de uma
criança de quatro anos? Onde, rapidamente, buscar nossos sonhos? Onde
encontrá-los, escondidos e abafados que estão por este cotidiano cheio de pressa,
necessidades, demandas, asperezas, superficialidades, realidades dissonantes,
confusas; mal estar, inseguranças, hipocrisias e desencontros? E desencantos?
Lembrei da formatura do Leo, meu sobrinho,
ocorrida há poucos dias... Lá, num dado momento, nos entremeios dos discursos,
do fundo do salão surgiu um (personagem) velhinho “beeeeeem”
velhinho, corcunda, caminhando com dificuldade; apoiando-se numa bengala.
As luzes todas se voltaram para ele e o silêncio que acompanhou o seu caminhar
até chegar na frente, onde estavam os formandos, foi fundo. Foi fantástico! A
sua figura contrastava com o contexto, fortemente! Talvez, se eu desejasse,
poderia ouvir a respiração ou a pulsação de cada um ali presente... mas eu não
estava focada nisto e sim, naquela imagem belíssima e de opostos: os jovens e o
velhinho. O velhinho não parecia ser um familiar de alguém ali presente. Estava com um propósito. Qual?
Ah! Viera falar de sonhos!
Simplesmente! De sonhos! De tê-los bem claro! De exaltá-los! De perseguí-los!
De cultivá-los! De protegê-los! De não abandoná-los! E caso isto aconteça: de
resgatá-los!
O velhinho, diante da platéia, avaliava
os sonhos que tivera na juventude e confessava que ainda tinha sonhos! E viera
estimular o sonho dos jovens! O sonho, o combustível da vida! Em qualquer
tempo, idade.
Naquela noite de formatura, o velhinho deu uma sacudida na minha história, acordando um sonho. Ontem, a pequena, minha
neta, convocou este sonho! Logo depois, o frei, num ritual de fé, refletindo sobre a tragédia ocorrida com o time da Chapecoense e acompanhantes, que voava atrás de um belo
sonho; disse, entre tantas coisas bonitas sobre este mistério terrivelmente surpreendente envolvendo a vida e a morte: - “nós
precisamos alimentar esperanças e sonhos”...
E o meu sonho, todo faceiro, brilhante, espiou
atrás da emoção e do choro! Fortaleceu, de repente! E quer, agora, “pôr as manguinhas
de fora”! Espaçoso e maroto, olha para meu coração, meus olhos brilhantes e dá umas piscadinhas, terrivelmente sedutor e
urgente; cheio de vida:
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